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O apartamento estava abafado enquanto o sol passava pela fresta da cortina caramelo de Caio. Rafael não sabia exatamente se o calor vinha do dia quente que acabava de incidir sobre São Paulo ou se simplesmente emanava do corpo de Caio. Ele se perguntava como era possível o jovem de topete perfeitamente alinhado conseguir manter uma performance tão enérgica após uma noite de bebedeiras. Se lembrava exatamente como tinha chegado ao apartamento dele, mas não exatamente como foi parar debaixo de seu corpo delineado como uma estátua de Michelangelo. A diferença, claro, estava no tamanho. Os pais de Caio deram a ele um pau muito maior que o escultor deu à David. Não que tamanho fosse documento para Rafael, mas quando os 22 centímetros do jovem penetraram sua bunda pela primeira vez, Rafael pode jurar por todos os antigos artistas italianos que jamais se sentira vazio alguma vez na vida. Já era a quarta vez naquele encontro que Caio fodia o herdeiro Mwangi.

A boca de Caio deslizava com tanta facilidade pelo pescoço de Rafael que era impossível conter qualquer som quando aquela barba milimetricamente desenhada roçava sua pele retinta. Os deuses gregos certamente invejaram Caio quando ele levantou o tronco, abriu as pernas de Rafael e exibiu entre elas seu abdômen cheio de vincos musculosos e entradas pecaminosas enquanto aumentava o ritmo de suas estocadas. Rafael gemeu. Pronto para explodir, levou suas mãos até o peitoral de Caio, que sorriu. O jovem agarrou o pênis de Rafael para masturbá-lo e fechou os olhos. "Meu Deus", pensou Rafael. O pau de Caio entrava com tanta pressão em Rafael que ele podia senti-lo latejando. Quente, duro e profundo, Rafael rebolava naquele mastro enquanto Caio subia e descia o quadril, empurrando o corpo de Rafael cada vez mais para o topo da cama. Caio colocou dois dedos na boca de Rafael.

- Rebola, putinha. Deixa eu enxer seu rabo com a minha porra grossa. - Disse Caio.

O coração de Rafael batia tão rápido que provavelmente teria um colapso em breve. Lambeu os dedos grossos de Caio fitando o modelo de roupas de grife nos olhos.

Na noite anterior, quando chegou à Rua Vitório Fasano e se acomodou confortavelmente em uma das cadeiras do restaurante do Hotel mais importante da cidade, não imaginaria encontrar Caio ali. Não que ele não estivesse à altura do ambiente do Fasano. Veja, ele poderia facilmente arcar com as entradas do Caviale Italiano ou qualquer outro prato que a equipe de Luca Gozzani colocasse à mesa. Era inesperado por conta do estilo despojado que Caio sempre demonstrou.

Quando ainda estava na faculdade, Rafael foi convidado para um ensaio fotográfico. A Forbes queria estampar seu rosto como o futuro economista mais promissor da América, próximo grande CEO da magnata mineradora "Sölon". A multinacional Sul-Africana fundada por seu avô era a principal concorrente da família Musk, que agora se aventura pelo mundo da tecnologia. Com uma fortuna avaliada em 230 bilhões de dólares, a família Mwangi não precisava se preocupar com dinheiro, apenas manter os negócios funcionando. O fato é que, antes de suas fotos, Caio estava no estúdio para acompanhar a pós-produção de um ensaio feito originalmente em Milão, algumas semanas antes. Com os atrasos recorrentes, os dois acabaram se encontrando e flertaram brevemente entre um fotoshop e outro. Caio era engraçado, espontâneo e jovial. Tinha um sorriso iluminado, uma pele ligeiramente bronzeada e claramente escondia um corpo delicioso por debaixo de toda aquela roupa engomadinha. Quando terminou, deu seu número para Rafael e trocaram algumas mensagens durante alguns dias. Não foi para frente. Caio viaja muito, sua agência fotografava para grifes em todos os países da Europa e Rafael precisava permanecer em Cambridge.

Naquela noite, após decidir se instalar por tempo indeterminado no Brasil, rodeado pelas entradas mais caras da elite paulistana, Rafael se viu um pouco mais solto após duas ou três taças do Longueville Comtesse 1995, sua safra favorita. Foi uma escolha arriscada. O verão brasileiro já era suficientemente quente para acompanhar um tinto. Quando o álcool da garrafa parecia morar em sua cabeça, Rafael foi até a mesa de Caio. Mesmo entre os amigos modelos, o rapaz era de longe o mais bonito. Eles riram e conversaram um pouco. Rafael precisava se certificar de não parecer oferecido demais, seus pais estavam a poucos metros de distância e jamais poderiam imaginar que o filho desejava se esfregar o mais ardentemente possível no colo do outro rapaz. Rafael também fez algumas moças sentadas à mesa rirem. Era o disfarce perfeito.

Quando o jantar acabou, Rafael disse que iria para uma reunião na casa dos colegas. O pai pareceu desgostoso, mas a mãe abriu um grande sorriso malicioso. Livre dos fiscais super egóicos, Rafael entrou na BMW i7 de Caio, com o cheiro do banco de couro inundando seu nariz. Caio ficaria no Brasil mais duas semanas, tempo suficiente para drenar todo o tesão do corpo de Rafael. Enquanto pensava no resto da noite, que culminara em uma sessão inacabável de shots de tequila e de sexo selvagem, Rafael torceu para que aquilo durasse para sempre.

Claramente os anjos eram contra seus desejos porque, exatamente nesse momento, a campainha do apartamento soou e Rafael sentiu o coração congelar. Caio não parecia disposto a atender a porta, mas o medo de ser pego enrijeceu tudo no corpo de Rafael. Quase tudo, na verdade. Não conseguia mais relaxar e seu membro foi tornando-se cada vez mais flácido. Caio olhou para ele. Era nítida a decepção.

-Um segundo e eu prometo que resolvo - Caio pulou da cama e Rafael respirou.

Sua cabeça se virou para o lado e pode ver o celular. 07h40. Fechou os olhos. "07h40", pensou. Seus olhos se arregalaram e ele se sentou abruptamente na cama procurando suas roupas.

-Droga! Droga!

Vestiu-se tão rápido que mal pode distinguir se as roupas estavam ou não no avesso, ou mesmo se aquelas eram suas ou de Caio. Deslizou a tela do celular e a catástrofe estava armada: 6 ligações perdidas do pai. Correu pelo apartamento tentando retornar às chamadas, pegou sua carteira e passou por Caio, que agarrou seu braço.

-Onde vai, princesa?

-Vou perder meu voo. Nos falamos quando voltar do Rio - Rafael deu um selinho em Caio, que tentou prolongar o beijo enquanto Rafael deslizava como uma cobra de seus braços e cambaleava em direção a porta.

Quem quer que fosse minutos antes, provavelmente já tinha ido, considerando que Caio estava de pé, sem camisa e com um sorriso convidativo demais a meio metro de Rafael. O estilo industrial não combinava com o rapaz, mas as peças de luxo que decoravam o ambiente traziam um ar sofisticado que Caio claramente carregava. Quanto pode ganhar um modelo no auge da carreira de marcas como Prada, Gucci e Versace? Bom, com certeza o suficiente para bancar um flat com grandes janelas e decoração planejada em um edifício inacessível para a classe média.

-Vai me deixar na mão? - Gritou Caio.

-Eu compenso quando voltar! - Respondeu, mas já estava no corredor em direção ao elevador. Era impossível saber se foi ouvido.

Assim que as portas do elevador se fecharam, Rafael abriu o aplicativo de viagens para chamar um carro. 24 andares depois, quando chegou no saguão do prédio, nenhum motorista havia aceitado ainda. Olhou em volta, tinha menos de 20 minutos para a decolagem. Pelas portas do edifício, do outro lado da rua, pode reconhecer onde estava. Há alguns metros, podia jurar que havia uma entrada do metrô. Não estava longe de casa. Algumas estações e uma carona de Albuquerque - um dos motoristas da família -, e estaria no heliporto de seu pai. Correu em direção à rua, o telefone na mão ligando para o motorista e rezando para que os trens fossem rápidos o suficiente.


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⏰ Última atualização: Feb 16 ⏰

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