Imagine Idol s

memories

você estava apaixonado, até que não estava mais. ou talvez você ainda fosse, mas escolheu aprender a não ser apenas para se curar de tudo o que significava se apaixonar por ele

Trechos do diário de Hwang Hyunjin mais de um ano após o rompimento.

6 de setembro

Ontem passei por aquela cafeteria que você tanto gostava de frequentar, no final da rua onde você trabalhava, aquela que tem sofás azul-marinho e fotos antigas penduradas na parede. Agora está fechado. No aviso colado na porta diz que está à venda, que eles lamentaram muito, mas decidiram fechar as portas porque não tinham mais condições de arcar com as despesas, para ligar para o telefone ali listado se você estivesse interessado em comprar isto. E eu fiz. Ligue, quero dizer. Tive aquela vontade de comprar, porque me lembrou você, porque eu sabia que você iria gostar. Escutei dois toques e desliguei. Os sofás eram roxos. Eu vi, embora o vidro estivesse cheio de poeira, e não sei mais se eles eram da Marinha desde o início ou você me convenceu disso, mas naquele momento eu os vi roxos, e a magia se foi de novo. Acho que isso não importa agora. Já fazia um tempo que eu não vinha aqui, talvez eles tivessem que trocá-los. Para ver se conseguiam atrair mais clientes, como você sempre brincava com o dono. É por isso que você gostou do lugar, certo? Foi silencioso. Pacífico. Você mal conseguia ouvir a música de fundo ou o murmúrio da rua, e por mais que adorasse o café deles, nós dois sabíamos que ele estava fadado ao fim. Como nós, suponho. Você sempre foi atraído por causas perdidas.

Foi por isso que liguei para você. Acho que você bloqueou meu contato, mas não custa tentar. Pensei em tudo que havíamos compartilhado. No caminho para o apartamento onde moro agora comprei aquele macarrão que você tanto gostou, e o sorvete que tomamos sempre que tinha algo para comemorar. A TV estava passando um daqueles filmes dos anos 2000 que assistíamos repetidas vezes nas noites de sexta-feira, embora já os tivéssemos visto, só porque eu adorava aquela expressão que você fazia quando fazia algo que o apaixonava. Parecia uma farsa. Por um momento pareceu que eu poderia tocar em você, como se, ao estender a mão por cima do tecido do sofá, você estivesse lá, do outro lado, esperando que eu terminasse o jantar para que você pudesse se aconchegar ao meu lado. Acho que foi um daqueles dias, não foi? Aquelas em que você para de fingir que está tudo bem, mesmo que nada esteja errado, e deixa a tristeza te conquistar.

Na verdade, não acho que estou triste, no entanto. Na verdade. Apenas... nostálgico. Sinto falta do que tínhamos. Sinto sua falta. Não da maneira pouco saudável que fiz no início, quando decidimos nos separar e me arrependi imediatamente. É mais uma lembrança calorosa e agridoce que surge em mim de vez em quando. Seu sorriso, tão lindo e brilhante, como seu cabelo era macio quando você descansou sua cabeça em meu colo e eu não conseguia parar de acariciá-lo, como sua mão se sentiu contra a minha enquanto nos entrelaçamos, a maneira apressada como seu coração batia sob meus lábios como beijei sua pele, como senti seu peito vibrar enquanto adormeci em cima de você no meio de uma conversa... Agora que penso nisso, acho que esqueci sua voz. A tentação de procurar áudios antigos é muito forte, mas tenho medo de descobrir o que realmente sentiria se conseguisse ouvir vocês.

Eu vi fotos. Eu tenho muitos, então procurá-los não foi um grande problema. Eu os mantenho naquele disco rígido que você me deu quando se cansou de me ver estressado porque pensei que tinha perdido pen drives que nunca saíram da minha mesa. Nela está minha pasta favorita, aquela com todos os momentos capturados que refletiram aquele seu lado que você não deixou ninguém ver. Aquelas que tirei de você quando você não percebeu, com os cabelos desgrenhados na nossa cama, as costas nuas contrastando com os lençóis, ainda dormindo; ou brincando com Kkami no parque, correndo ao lado dela, com seu cachecol enrolado ao vento e seu sorriso mais brilhante do que nunca. Aquelas para as quais você posou, com expressões divertidas e olhares sedutores, com nossos amigos e na intimidade de nossa casa, aquelas que você aprovou depois que eu as mostrei, reconhecendo com um rubor de vergonha que você estava bonita, e também aquelas você nem conseguia ver, sua mente te traindo te fazendo ver tantos defeitos que você achava que estava se afogando neles, tantos defeitos que eu não conseguia ver.