ECLIPSE ━━━━━ TONY STRK

03. A Better Person

Eden havia acordado cedo, como era de costume, ouvindo os cantos dos pássaros e como o vento cortava as folhas das árvores lá fora. Se levantou da cama, após pensar consigo mesma por algum tempo no dia anterior, e como o destino podia ser curioso. Ter mandado alguém mundano, de tão longe, para ajudar naquele propósito que antes era só seu.

Pensativa. Mal viu o tempo passar enquanto tomava banho, ou quando escovava os dentes se olhando no espelho. Escolheu mais um dos longos vestidos em seu guarda-roupa, se vestindo pacientemente enquanto pensava o quão estranho era saber que havia mais alguém na sua casa agora.

E que ele ficaria por mais um tempo.

Ela nunca havia sido mentora de ninguém, embora já tivesse tido algumas, e sabia que guiar um daqueles poetas perdidos em inspiração não era a mesma coisa que faria com Tony. Teria que ser cuidadosa, ou custaria a vida dele e a dela própria.

E, quando desceu as escadas, viu o homem ainda dormindo no sofá maior. Não que Eden não tivesse um quarto de hóspedes, mas mentiu que estava desorganizado. Queria ver até onde o homem estava verdadeiramente disposto a ir para conseguir o que queria. Se sua obstinação fosse suficiente, teria enfim a inspiração que desejava.

Ela se aproximou em silêncio, se agachando atrás de Tony e passando as pontas das unhas pelos cabelos escuros e finos do homem. Parecia até recém cortado. Ele se remexeu, e Eden continuou, agora descendo as unhas pelas laterais da cabeça, arranhando com mais força, até que Tony se movesse novamente.

— Mhn... Pepper...

— Pepper não está aqui — Eden sussurrou.

Stark lentamente abriu os olhos, aceitando devagar a claridade do dia que entrava pelas janelas com cortinas brancas. Sentiu as unhas e ergueu a destra para tocar a mão que lhe acariciava, e quando sentiu a pele um pouco fria de Eden, seu corpo saltou, sentando-se no sofá. O reator arc em seu peito já começava a dar sinais de alerta do seu coração acelerado.

Enquanto isso, Eden ria.

— Que gracinha você, hein, fadinha? — Ele ofega, se encostando no sofá.

— Vamos, Anthony. Precisa sorrir um pouco.

— São... — Ele começa, mas ao ver a janela clara demais, checa as horas no relógio de pulso. — São sete da manhã, Eden! — Grita.

A mulher então se levanta, caminhando despreocupada para a cozinha, tendo o homem revoltado em seu encalço.

— E daí? Seu dia só começa às dez?

— Ao meio-dia. Uma da tarde, às vezes.

— Por Sucellus! Não é surpresa que esteja tão acabado assim.

— Acabado? Garota...

— Sou mais velha que qualquer antepassado seu — Ela retruca, juntando algumas frutas na bancada.

Tony bufa, se dando por vencido, sabendo bem que seu sono havia se esvaído após o susto que tomou. Talvez conseguisse dormir se tentasse o suficiente, mas algo o dizia que ela não deixaria. E ser interrompido outra vez o deixaria carrancudo. Não era a impressão que ele queria causar.

— Quem é esse que você citou aí? — Tony pergunta, se sentando em um dos bancos de madeira, apoiando os cotovelos no balcão.

— Sucellus? — Eden o pergunta, imaginando bem. Era o único nome diferente que ela havia dito. Tony assente. — É o deus mais poderoso para nós, fadas. Bom, as dessa região.

Tony assentiu outra vez ao compreender. Sabia que existiam outras mitologias, e, com a existência comprovada de Loki e Asgard, agora imaginava que existiam outros deuses por aí também. Cada... Legião de fadas deveria reverenciar o seu próprio.