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Conheci um garoto no verão

— SEU DOENTE! — eu gritei para o skatista que quase me atropelou.

Ainda bem que ele não o fez, imagina ser atropelada por um skate, humilhante.

Olhei para o chão para recolher as minhas coisas e vi que havia uma carteira preta no chão.

Ah não.

Ele estava fazendo um ollie ou sei lá o nome.

Tenho duas opções e roubar não é uma delas.

1. Larga-la novamente no chão.
2. Apenas devolver a carteira.

Abri a carteira e me deparei com uma etiqueta de dados, cartões de crédito e uma boa quantia de dinheiro.

Noah Jacob Urrea.

Nome legal.

Pra um skatista.

Vamos lá. — peguei meu celular do bolso da minha jardineira.

Disquei o número e liguei.

Recusado.

Recusado.

4 vezes.

Só mais essa vez.

— Se for do presídio eu juro que vou cometer um crime só pra te arrumar o que fazer. — foi o que eu escutei depois de uns 3 toques.

— Olha aqui, eu tenho algo que pode lhe interessar, tipo uma carteira preta e tal. Noah Jacob Urrea.

Ouvi uns batuques no fundo do celular, imagino que seja ele se tateando.

— QUE MERDA! — ele disse. — Quanto você quer?

Ele quer pagar pra eu devolver algo que é dele?

— Olha...queria só te entregar a carteira. — eu respondi. — Sou a moça loira que você quase matou atropelada.

— Ah sim, a doente. — ele relembrou o que eu disse e eu revirei os olhos. — Moro exatos 8 minutos do seu ponto de quase morte. — engraçadinho, eu realmente sorri.

— O endereço eu tenho, só queria saber um ponto de referência e tal.

— Moro no prédio azul. — ele disse. — Posso voltar aí rapidinho.

— Não, obrigada. — disse. — Preciso queimar umas calorias mesmo.

Ouvi ele rir no celular.

— Te espero.

— Até.

Desliguei a ligação e fui ao seu encontro.

No meio do caminho meu celular vibrou.

555-6120
Eu sou um cara alto
Tenho 1,90
E troquei de blusa
Estou vestindo vermelho

Sina
Ok

Caminhei alguns mais alguns metros e me deparei com uma cara de vermelho, ele tinha um olhar vago e misterioso, cabelos castanhos com cachos curtos em suas extremidades.

Mas não tinha 1,90.

Encarei por alguns segundos.

— Boa tentativa, mas você não tem 1,90. — eu disse e ele bufou.

— Minha tentativa de te impressionar foi em vão então? — ele brincou e eu concordei.

Rimos e eu lhe entreguei a carteira.

— Obrigada, senhorita.

— Tome mais cuidado da próxima vez. — eu disse.

— Se toda vez que eu perder a carteira você me procurar, com certeza perderei-a mais vezes. — ele piscou pra mim.

Eu abri a boca desacreditada.

— Ok, essa foi a coisa mais ridícula que eu já ouvi, não estamos flertando, eu sou a garota que te entrega a carteira e você nunca mais vai ver.

— Duvido. — ele passou as mãos em minha franja comprida a frente do meu rabo de cavalo.

Espera.

— Eu tenho um brinco seu agora. — ele sorriu fazendo gracinha.

— Eu te devolvo a carteira de graça e você faz isso comigo. — pus a mão na cintura.

— Isso foi destino, fiz por um bem maior.

— Isso. — apontei pra mim e pra ele. — Não é uma coisa.

— Mas será, caso queira seu brinco de volta.

Sexo com um desconhecido não.

Acho que ele percebeu no meu olhar que eu estava apavorada com a ideia.

— Pelo amor de Deus, não sei o que a sua mente está pensando mas espero que não seja o que estou pensando, só queria te levar pra tomar um milkshake ou algo assim, ta quente demais.

— Tipo...

— Um encontro de desconhecidos para eles se conhecerem. — ele completou.

— Você nem sabe meu nome!

— Saberei, amanhã a tarde. — ele disse. — Você já tem meu número, loira.

— Promete devolver meu brinco? — eu perguntei.

— Prometo.

Uma promessa de um desconhecido é melhor que uma não promessa de um desconhecido.

Get him Back | NoartOnde histórias criam vida. Descubra agora