TERRA 1014
2043, PRESENTE
LONDRES, REINO UNIDO
OUTUBRO DE 2043ᅠ ᅠ ᅠᅠDE CERTA FORMA, TODOS ERAM CATIVOS.
Estavam aprisionados, seja metaforicamente pelas situações em que a vida os colocava ou até mesmo no sentido mais literal possível.
Klaus sempre sentiu que nunca seria livre.
Portanto, estar com as mãos algemadas naquele momento soava como uma cruel ironia.
Desde seu nascimento, estava fadado à miséria, acorrentado por conceitos pré-estabelecidos sobre quem ele era, pelo sangue que corria em suas veias, pelo seu DNA. Em um resumo cru, sua mãe era péssima, violenta e irresponsável, atormentada por fantasmas do passado. Ainda que pareça algo horrível de se dizer, foi um alívio quando ela morreu, mesmo que isso significasse que teria que trabalhar até a exaustão para sobreviver.
No fundo, ele sentia culpa, por ser um peso para sua irmã — que foi quem cuidou dele durante toda a vida —, por não ter força o suficiente para lutar contra as amarras que o mantinham inerte como um covarde. Sabia que era ridículo agir como se o mundo lhe devesse desculpas, mas droga, o que aquele mundo fizera por ele até agora?
Você deve estar se perguntando por que ele estava preso. Bem, Klaus havia se metido em uma briga com um cara na saída de um bar, que estava importunando uma mulher.
Acabou sendo pego pelos policiais, depois de alguns bons meses afastado dos olhos das autoridades. Não era a primeira vez e ele sabia que se não tomasse cuidado, poderia pegar prisão permanente agora que estava dentro da maioridade penal. A verdade era que o Lehnsherr não se importava com o que poderia acontecer consigo, não dava a mínima para a própria integridade física ao se envolver em brigas por aí, o que realmente o deixava transtornado era a preocupação de Lilian.
Quando sua irmã foi buscá-lo naquela manhã, ele mal conseguiu encarar os olhos dela. Ambos eram como retrato um do outro, cabelos ruivos intensos, rostos rosados e arredondados, com algumas sardas, e incríveis íris azuis. Mas, as diferenças acabavam no que diz respeito ao físico, já que as personalidades de ambos eram completamente distintas. Enquanto Lily Lehnsherr era uma mulher responsável e organizada, Klaus era um caos ambulante.
Eles voltaram para casa em silêncio, sentados lado a lado no trem. Londres era uma cidade tranquila naquela época do ano, o clima era frio, mas ainda assim agradável. Ao chegar no pequeno apartamento que dividiam, Klaus se jogou no sofá e colocou o rosto entre as mãos, retorcendo-se em uma expressão de dor ao tocar nos ferimentos causados pela briga.
— Sinto muito, fiz merda de novo.
Lily suspirou. Embora sempre o alertasse sobre os perigos de não controlar a própria raiva, ela quase nunca repreendia o irmão. Não era seu dever corrigi-lo, ele tinha o livre arbítrio para tomar as próprias decisões, seu único papel era adverti-lo para que não fizesse besteira.
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GAME OVER
AdventurePaz, uma utopia idealizada. Dita como o pagamento dos justos por todos os seus atos benevolentes. Mas, a paz é vulnerável e o conforto da sensação de segurança pode ser facilmente rompido por imprudência. Um deslize, as correntes são quebradas e o m...