vinte e sete | desassossego

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"A mãe faz seus biscoitos e o pai é só

O maior herói vivo que já existiu

Nada no mundo pode algum dia destruir

A esperança de um garoto americano"

American Boy | Taylor Swift

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Depois da farra inicial que todos fizeram no início da viagem, cada um ocupou seu lugar e aproveitaram para descansar um pouco antes do jogo, foi quando a ansiedade começou a me atacar. Eu estava roendo uma das unhas, hábito que minha mãe tentou com muito afinco tirar de mim, mas nunca conseguiu.

— Ei, para de fazer isso. — Didi me repreendeu e segurou minha mão. — O que foi?

— Nada. — menti e puxei algumas peles soltas do meu lábio com os dentes.

— Para com isso, vai ficar todo machucado. — ela tornou a me repreender e puxou meu queixo para eu olhar para ela. — Me conta o que está acontecendo? Você parece nervoso.

— Acho que eu tô com medo. — admiti e passei minha mão pelo cabelo, minhas pernas pareciam ter vida própria e meu coração estava acelerado — As pessoas estão esperando muito de mim, acho que olham pra mim e veem o meu pai e eu não sou ele. O time está contando comigo por ter mais experiência e eu tenho medo de decepcionar todos eles.

— Tem medo de decepcionar as outras pessoas ou ao seu pai?

— Acho que os dois, mas principalmente meu pai. Você precisava ver, Didi, o quanto ele ficou feliz quando eu contei que iria jogar, eu só quero que ele sinta orgulho de mim...

— E ele sente, meu dengo. Tenho certeza disso! — ela fez cafuné em mim e eu fechei os olhos aproveitando o carinho — Vai dar tudo certo, é só o primeiro jogo e você não precisa se cobrar tanto.

Eu assenti com a cabeça, mas acho que ela percebeu que eu ainda estava nervoso, pois veio se sentar no meu colo e me deu um abraço gostoso, enquanto fazia carinho em meus cabelos.

— Eu sei que deve ser difícil pra você, mas tenta não pensar muito no resultado do jogo, independente de quem vença, eu tenho certeza de que você vai dar o seu melhor em campo e todo mundo vai ver isso, inclusive seu pai.

— Obrigado, linda. — agradeci enquanto fazia um carinho em seu rosto — Obrigado por estar aqui comigo.

A puxei para um beijo lento e profundo, cheio de sentimentos e palavras não ditas e só nos separamos quando sentimos que o ônibus parou.

— Acho que chegamos. — ela disse se esticando para ver a frente do ônibus, olhei pela janela e o local em que estávamos não parecia em nada com um hotel.

Todos nós nos entreolhamos quando vimos onde estávamos e vi que Davi olhava para o Rodrigo com um olhar assassino.

— Confiem no Digão, vocês vão amar! — ele disse convencido e Heitor deu uma risada.

— Não sei porque, mas não consigo acreditar em você.

— Só o Fabinho acredita. — Rodney implicou, dando um tapa de leve na cabeça do nosso amigo.

— Ei! — Fábio reclamou fazendo uma careta de ofendido.

Saímos do ônibus, ajudei os meninos a pegar nossas malas e fomos juntos para a recepção, Rodrigo saiu na frente e foi conversar com alguém e ficamos todos ali, esperando ele voltar.

Linhas Invisíveis - Theo's VersionOnde histórias criam vida. Descubra agora