"Mãezinha, acho que você deveria saber que estou com pressa. Eu tenho que ir para o norte, mas é apenas temporário... Eu realmente tentei não mentir, mas esse fardo está ficando pesado... Não, você não pode vir comigo desta vez, infelizmente... Mãezinha... Você tem sua própria vida".
Há choros e soluços no pequeno espaço da capela, todos estão bem trajados na cor preta e dentro de si mesmo se culpam pelo acontecimento. Em seu centro os caixões estão postos, e mesmo que meu corpo esteja presente na cena estou vendo apenas como um telespectador. Minha mãe que se debulha em lágrimas está sendo consolada pela minha tia, assim como, ambas famílias se preparavam para a despedida definitiva dos jovens.
Incrivelmente é possível ver o fio vermelho amarrado interligado no dedo mindinho. Esse fio é uma conexão simbólica e a última gota de esperança de um elo invisível que unia suas vidas de forma indissolúvel. Era como se o destino tivesse entrelaçado seus destinos para sempre. É uma lembrança do vínculo irrepetível entre eles, uma conexão que ultrapassa a vida e a morte dos jovens.
Juntos.
Para.
Sempre.
Essas palavras ecoam em minha mente enquanto testemunho o momento de despedida. Apesar da dor avassaladora e da tristeza que permeia o ambiente, há também um sentimento de união, de que, mesmo na partida, nós permaneceremos unidos para sempre nas memórias e nos corações daqueles que nos amam.
O tempo parece congelar naquele instante solene, onde a dor e a esperança se entrelaçam. Enquanto as pessoas choram e buscam consolo mútuo, há um desejo silencioso de que, de alguma forma, nós encontremos à paz e que nossos entes queridos meus e de Guilherme encontrem conforto na lembrança dos momentos compartilhados.
— Não! Não irmã... — minha mãe desesperadamente saltou dos braços da minha tia e correu até meu túmulo, tocando em meu corpo sem vida chorou como se fosse sua própria morte — Por que isso Henri?... Por que assim?... – ajoelhada no chão balbucia, logo acariciou meu rosto gelado.
Eu quero abraçá-la, quero dizer que estou no infinito e aqui estou bem, no entanto, entre a vida e a morte há uma barreira imaginável que nos separa.
"Mas o infinito não é muito longe... Eu sei que um dia você vai me visitar mãe, e eu só não achei que fosse assim... Desse jeito... Tão cedo... Posso ter mais um minuto com você?" – no infinito emiti as mensagens com a esperança que chegasse em seu coração.
As palavras ecoaram pelo infinito, desvanecendo-se em um sussurro suave. A barreira que separava a vida e a morte parecia intransponível, mas o amor entre mãe e filho transcende as fronteiras do tempo e do espaço.
— A culpa é do seu marido! – a mãe de Guilherme disparou — Aquele maníaco desprezível matou meu filho e o seu! Espero que ele pague todos os seus pecados no inferno!
— NÃO FALE ASSIM DO MEU MARIDO – minha mãe gritou.
— NÃO!... Hoje não... Sem brigas! – o pai de Guilherme gritou no salão interrompendo ambas — Hoje não é dia de brigas... Estamos todos machucados e destruídos pelo acontecimento... Nossos filhos não iriam querer ver a gente brigar assim... Não hoje...
O silêncio se instalou novamente no ambiente de mágoas, e com isso ambos caixões foram fechados. Era à chegada hora. Caminhando junto a onde seriam a sepultura dos dois jovens, ambas mães se abraçaram em sinal de paz e se consolavam.
A dor de perder seu filho amado é mais forte que ódio que as duas tem uma pela a outra. Enquanto as duas mães se abraçavam, a dor da perda unia seus corações em uma tristeza compartilhada. Os sentimentos de mágoa e ódio que antes preenchiam seus corações foram substituídos pela profunda tristeza da ausência de seus filhos amados. Ajoelhadas no chão, as lágrimas escorriam por seus rostos, entrelaçando-se com um sorriso amargo. Era um sorriso que transmitia a memória dos momentos felizes com seus filhos, mas também carregava o peso do adeus e da saudade eterna. Em meio ao lamento, um entendimento silencioso começou a surgir entre elas. A perda de um ente querido transcende as diferenças e conflitos pessoais. Ambas as mães haviam experimentado a mesma dor indescritível, o vazio deixado pela partida de seus filhos.
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Até que o amor nos encontre novamente
Lãng mạn"Tudo está embaçado e a atmosfera pesava, sinto meu corpo se contorcer com a dor eminente de dois corações despedaçados, encostado no peito de Guilherme naquela noite trágica, suspiramos sabendo que aquela seria nossa última noite juntos". Um amor d...