𝐏𝐫𝐨𝐥𝐨𝐠𝐮𝐞

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Tudo que me resta é sentir dor.

Estou tentando me recuperar, me curar e me cicatrizar. Pedaços do meu coração ficam espalhados pelo caminho em que passo, tento os recolher e levá-los comigo, mas é tarde e eles se perdem, então decido deixá-los para trás.

Minha mente se perde ainda mais a cada batida do meu coração, pois nada me faz mais infeliz do que ter que viver com a dor de perder quem amo. Não acredito que eles se foram. Não vão mais voltar.

Nunca mais...

Nossos parentes eram distantes, poucos vinham nos visitar, mas parece que quando algo de ruim acontece todos aparecem para averiguar, conferir se estavam mesmo mortos em seu próprio funeral.

Hipócritas.

Choros e soluços, pêsames e discursos. Pessoas que nem sabiam de nossa vida, não participavam de nossa convivência, apenas por obter algum laço de sangue ou afetivo com a família... coisas do qual agora, tenho minhas dúvidas.

— Senhorita Wisbech? — o médico que havia atendido meus pais estava me chamando.

— Sim, sou eu. — me levanto da cadeira em que me assentava com um copo descartável de água nas mãos, com o rosto borrado e inchado por causa do choro... não acredito que estão aqui nessa situação...

— Sinto muito ter de lhe dar essa notícia... — não estava preparada para nada daquilo, não queria escutar mas não é como se pudesse escolher isso. — O Sr. e a Sra. Wisbech não resistiram aos graves ferimentos. Mesmo com a transfusão de sangue, não tivemos como salvá-los...

Minha cabeça girava, atordoada e sem sentido de direção, cai sentada na cadeira, naquele momento senti tudo se desligar no automático, meu coração parou de bater normalmente e as intercaladas entre as batidas se tornaram ainda mais longas, minha respiração se fez pesada, e então suspiro profundamente caindo em prantos.

— Sinto muito pelas suas perdas Senhorita Wisbech... mas preciso que se acalme, pois eu tenho mais uma notícia para dar. — tento acalmar meu choro para ouvi-lo, então respiro fundo e bebo a água que a enfermeira que passa no corredor me trás, e olho para o médico esperando sua notícia. — A transfusão de sangue feita da senhorita para seus pais não correu bem... mas não por falta de saúde... a compatibilidade do seu sangue com o deles... é negativa. — não acreditava no que ouvia, não tinha a certeza se era exatamente o que estava ouvindo então precisava lhe perguntar.

— O que exatamente esta querendo me dizer doutor? — ele encara os papéis em sua mão e olha para mim novamente, ele parecia nervoso em dar a notícia.

— Você não possui o sangue dos seus pais senhorita Wisbech... — encaro seus olhos e poderia ver sua pena por ter de dizer algo tão pessoal e delicado, que não deveria ter sido dito por ele...

— Eu sou adotada... 

Saí desolada daquele lugar...

Depois de ligar para Jeanine e pedir para que ela liberasse os corpos dos meus pais... até então... vou tentar raciocinar, pensar, refletir, isso, refletir... minha vida desabou, meus pais faleceram, descobri que sou adotada, e ainda tem aquela porcaria de consulta com a psicóloga.

Quer saber? Dane-se tudo. Cansei de tentar me proteger do mundo, do pior, do perverso. Cansei de tentar me livrar dos pesadelos que me cercam, pois eles sempre me encontram... não adianta fugir, se é pecado querer viver uma vida que não é minha, uma vida comum e sem conflitos mesmo esta não sendo minha vida... então eu sou uma pecadora...

Duplicata | Baseado na Saga "The Vampire Diares" | PAUSADAWhere stories live. Discover now