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No limiar entre dimensões, Lilith cambaleou, o ar impregnado de almas errantes e suicidas corroía sua essência. Desceu as escadas com uma calma trôpega, joelho sangrando, até finalmente emergir daquele prédio fétido.

O cenário ao redor a assaltou: veículos em movimento, seres humanos agitados, preocupados com seus egos exclusivos. Tudo parecia primitivo demais para ela, uma entidade além do tempo.

“Você está melhor,” murmurou uma voz suave.

Lilith virou-se e viu uma figura familiar. Isobel, a arcanja renegada, condenada a quatro mil anos na Terra, independentemente das dimensões que a envolvessem. Isobel habitava corpos humanos, suas habilidades limitadas, sua imortalidade um fardo.

“Não melhor do que você,” Lilith apontou para o próprio corpo. “Um belo invólucro.”

“Castigo após castigo,” disse Isobel. “Imortalidade tem seu preço.”

Lilith questionou: “Como sabes que sou eu?”

“Porque fui enviada para encontrá-la,” respondeu Isobel. “As outras chegaram semanas atrás.”

“Semanas…” Lilith murmurou.

“Sim,” confirmou Isobel. “Você se demorou, mergulhada em algum vício. Agora, venha.”

Isobel, alta, cabelos negros, pele morena e pelos nas axilas, contrastava com Lilith, quase uma deusa grega drogada. Lilith, loira, pele clara, olhos claros, mas consumida pelo pó.

“Os corpos nem sempre cooperam,” explicou Lilith, mudando de assunto. “Hospedeiros temporários, nunca tocados por outros, sempre em lugares excêntricos.”

“Sobre você,” disse Isobel, conduzindo Lilith para o carro. “Você atrasou uma semana. Pensávamos que havia errado de planeta ou país. Mas nada de você. Entramos em contato…”

Lilith e seus companheiros arcanjos estavam imersos em um dilema cósmico. Uzuriel, com olhos flamejantes, alertou sobre os problemas que se avizinhavam.

“Ou soluções,” retrucou Lilith, sua voz ecoando como um sussurro entre as estrelas. Ela começava a decifrar o intricado esquema que os envolvia.

Maze, o arcanjo de raciocínio afiado, interveio. “Você precisa se banhar e comer. Está horrível. Não podemos sair com você assim.”

“Eu farei isso,” prometeu Lilith, consciente de sua aparência desgrenhada.

Uzuriel, o arcanjo das conexões celestiais, propôs: “Vou entrar em contato com os reagentes.”

Lilith hesitou. “Melhor não. Deixe que eu cuide disso agora.” Ela sabia que o destino da Terra dependia de suas escolhas, e cada passo era crucial. 🌟

Lilith (Completa)Onde histórias criam vida. Descubra agora