Fluorescent adolescent - Rosattaz

Deixo como meu fim, part 2

As luzes de bauru brilhavam abaixo de nós, estávamos na mesa mais reservada de um dos melhores restaurantes de são Paulo, observavamos ao invés de sermos observadas.

A descrição nos encontrou e por ela permanecemos a noite inteira. Carol me contava sobre sua última aventura na carreira, sua animação era passível de alegria conforme ela me falava e gesticulava.

Dediquei-me a observar cada traço seu numa tentativa de poder me lembrar de cada detalhe quando não pudesse eu mesmo olha-la de novo. Seu sorriso era o que mais me encantava, algo no seu tom de voz também capturava toda minha atenção, fazia questão de perguntar mais para mantê-la falando por mais tempo.

Sorria quando ela o fazia e a todo momento me perguntava como havíamos chegado até aqui, sem dúvidas a improbabilidade nos rodeava desde o início mas parecíamos dispostas a mudar isso.

Carol havia me contado sobre sua família também, como ela foi criada pela mãe e pelas irmãs e como um grande laço havia se formado entre elas. Contei de minha própria família, de meus pais na Itália que sempre me apoiaram e fizeram o possível e o impossível por mim.

- Não tem irmãos? - Caroline perguntou entre um gole em sua taça que continha apenas água com limão.

- Não, sempre me senti muito só por isso, mas tive amigos que acabaram suprindo essa falta. - Comentei sorrindo logo depois. - Meu próprio nascimento não deveria ser possível mas bem, aqui estamos - Levantei a taça e pisquei para a mulher a minha frente, meu gesto logo foi reproduzido e ela riu.

- Você tem cara de que era uma pestinha. - Carol deduziu.

Sorri e concordei
- Confesso que dei um certo trabalho, você era a certinha não? - Perguntei antes de emendar - Ou ainda é.

- Apenas um pouco. - Sorriu sugestivamente me trazendo pensamentos libidinosos.

Palavra complicada e totalmente vaga em comparação a seu significado. Divaguei mentalmente enquanto permitia o silêncio se intensificar e meus olhares se tornarem mais sutis.

Deveras comi com os olhos cada pedaço seu que não estava coberto e me atraia, seus olhos ficaram mais escuros e quase podia ver sua pupila dilatar. A tensão entre nós era palpável. No entanto, foi brutalmente cortada com o toque do celular de Caroline, ela o pegou depressa e avaliou quem ligava antes de decidir ignorar e silenciar o aparelho.

Levantei as sobrancelhas num gesto sarcástico e desviei o olhar dela para a cidade abaixo de nós, dando um gole na água da taça, embora a sede por embebedar-me estivesse aqui, preferia estar totalmente sóbria para a mulher a minha frente.

- Nunca havia vindo até bauru, correto?

- Sim, primeira vez - Uma pausa; no decorrer dos segundos que demorei até olha-la nos olhos novamente. - Acho que farei boas lembranças aqui.

- É o que desejamos rosa.

Uma música leve e suave que logo se identificava como italiana tocava baixinho, permeando o ambiente com tranquilidade e sem dúvidas uma boa dose da cultura da Itália no local.

Lantejoulas de vidro vermelho eram vistas logo acima de nós, observei Carol se perder nos detalhes do objeto, admirando o belíssimo porcelanato que com certeza devia ter custado muito.

- A decoração é linda não? - perguntei sorrindo.

- Sim, acho que um dos restaurantes mais lindos que já estive.

- Bom, esse entra na fila, tem muitos outros que espero te levar um dia. - Declarei tranquilamente vendo carol ficar surpresa por alguns instantes, um lindo sorriso cobre seu rosto e automaticamente descubro minha coisa favorita nela.

bem, isso é discutível, há tantas coisas mais.

- Gosto quando você me olha assim.

Pisco para sair de meus pensamentos e a encaro.

- Assim como?

- Não sei explicar mas é como se eu fosse de um interesse genuíno pra você. - Carol não desviou seus olhos ao me dizer isso e percebo agora como ela não têm nenhuma dificuldade em falar aquilo que sente.
Comportamento que me deixou curiosa.

- bem, talvez por que você seja de um interesse genuíno para mim - Respondi.

Sorri novamente como fiz a noite inteira e não consigo nem cogitar me cansar, sorrisos são fáceis na presença de Caroline, havia percebido isso desde o início dessa noite.

- Que sorte a minha então.

Como já havíamos terminado de comer, Carol pede a conta e para evitar uma discussão que eu sei que vai ocorrer sobre quem pagará a conta, levanto-me e digo que vou ao banheiro, o que não é totalmente mentira.

Disfarço meu caminho ao ir direto para a recepção e no caminho barrar o garcom que já estava levando a conta a nossa mesa, dispus de meu cartão de débito e simplesmente o passo na maquininha sem me importar com valores. O homem me entrega o recibo e me agradece, teço alguns elogios ao estabelecimento e me retiro em direção ao banheiro agora.

Apenas retoco meu batom e volto rapidamente a mesa.

- Você viu o garçom? - Perguntou-me buscando o homem com os olhos.

- Na verdade, isso já está resolvido. - Comentei recebendo um olhar zangado de Caroline.

- Não acredito que fez isso - A interrompo antes que ela fale de novo.

- Pague-me com sua presença Caroline, é tudo de que preciso esta noite.

- Você é inacreditável - Ela bufou um pouco antes de se levantar e puxar-me carinhosamente pela mão em direção a ponta do terraço de vidro, um local particularmente parecido com o que nos encontramos na primeira vez.

- Estou tendo ótimas recordações. - Falei vendo a rir e concordar com a cabeça.

- E que recordações.

Com nossa proximidade, não tive nenhum obstáculo ao trazê-la para mim em um rápido beijo, não me importando com quem pudesse nos ver.

Suas mãos agarraram minha cintura em um gesto cuidadoso e romperam qualquer distância que ainda tivéssemos. Sua boca buscou a minha de novo em um encostar mais lento dessa vez mas não menos necessitado.

Acariciei seus fios lisos e macios com certa volúpia, me firmando de encontro a seu corpo, de forma que não soubesse mais aonde eu começava e ela terminava. Uma leve ventania perpassou me trazendo um calafrio devido ao frio exposto, sendo mais alta que eu, Carol facilmente me cobria num gesto de proteção mesmo não tendo muitas diferenças de altura pelo uso do salto essa noite.

- Não quero ter que me despedir de você agora - Caroline anunciou enquanto encarava as luzes lá embaixo.

- Nem eu mas tenho um voo para pegar as 5 da manhã, passarei apenas no hotel que as meninas estão hospedadas para tomar um banho. - Falei sentindo um peso tomar conta de nós.

- Bom, temos algumas horas até lá, o que quer fazer?

Busquei a mulher com os olhos antes de falar e encarei sua boca.

- Acho que preciso de um lugar reservado com você.

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Segunda parte de 3 capítulos em bauru.