Decisões e Chocolates

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Draco On

Não foi nada romântico ou bonito de se ver. O tempo não parou como nos filmes de romance que eu assistia e não senti meu estômago se encher de borboletas, ou minhas pernas ficarem bambas, como dizem que acontece quando um beijo é muito bom. Na verdade, nossos dentes se bateram através dos lábios, mesmo fechados, chegando a deixar um corte na boca de cada um. Minhas costas doeram como o inferno ao irem contra o gramado do campo de futebol e meu peito não estava diferente com todo o peso daquele cara sobre mim

Foi rápido demais para processar que havíamos nos beijado por uma maldita queda. Talvez fosse até errado chamar de beijo. Não houve um pedido, uma aproximação, ou um carinho apaixonado, apenas uma queda bruta e um chocar de bocas absurdamente desagradável

Vendo um moreno descabelado se levantar em um único pulo e correr para longe, só consegui pensar em uma única coisa

Os filmes mentiram para mim

Antes tivesse gritado ofensas e palavrões, ou pedido para fingir que nada aconteceu, mas não

Ele foi embora sem dizer uma única palavra

E seu silêncio foi pior que qualquer briga que poderia ter iniciado naquele momento

Mas, para falar sobre esse assunto, é preciso voltar alguns minutos no tempo e entender como acabamos nos beijando na grama molhada do campo de futebol da escola

Era o começo do meu último ano do ensino médio e, como em todos os outros anos, os jogos internos estavam se aproximando. Futebol sempre foi o meu lance, mesmo que eu não fosse o melhor da escola. Esse posto, é claro, estava reservado para o maldito Harry Potter, a estrela da turma A

Os autoproclamados "Grifinórios" eram um time invicto, desde a chegada do santo Potter em Hogwarts. Antes disso, os "Sonserinos" da turma D tinham um histórico perfeito de vitórias e ver aquele cara arruinar isso justamente na minha vez de fazer parte do time foi, em poucas palavras, frustrante

Era tarde da noite e eu havia desobedecido o toque de recolher para treinar às escondidas no campo da escola, decidido a não fazer feio em meu último ano no colégio. Eu só não esperava que ele já estivesse sendo usado, justamente pela única pessoa que eu não desejava encontrar naquele tipo de situação

Até pensei em dar meia volta, mas o moreno me viu primeiro. Depois disso, tudo caminhou para um lado indesejado. Um confronto direto começou e, ao receber insultos, também não tive o autocontrole para ficar calado. Foi como as coisas começaram a dar errado, descendo uma ladeira sem possibilidade de voltar

Olhando para trás, até que foi meio bobo. Poderíamos dividir o campo, ele era grande o bastante para isso, mas é claro que seria impossível negociar com aquele idiota egoísta

Eu havia corrido para fora do dormitório assim que a chuva parou, então é claro que o campo estaria molhado. Eu deveria ter previsto que isso aconteceria, mas, quando me dei conta do que havia acontecido, eu já estava de costas no chão, com o peso daquele estúpido cobrindo praticamente todo o meu corpo

Nossas pernas estavam alternadas, meus braços estavam estirados na grama molhada, as mãos dele se apoiaram em meu peito por uma reação automática de queda e os lábios dele... Os lábios dele estavam nos meus

Aquilo arruinou meu treino de todas as formas possíveis e imagináveis que poderiam existir, então, naquela noite, me contentei em bater a sujeira de minhas roupas e voltar para o meu dormitório sem ser pego pelo inspetor Filch e sua gata tenebrosa

Aquilo nem poderia ser chamado de beijo, mas, para um acontecimento que durou tão pouco, ele estava fresco demais em minhas memórias... Tão fresco, que chegava a me dar náuseas

Acidentalmente - Drarry [SHORT FIC]Onde histórias criam vida. Descubra agora