Angel caminhava lentamente pelas ruas mal iluminadas, em direção ao hotel. Fora um longo dia de trabalho, e como sempre, Valentino não lhe deu descanso. Ele sentia cada parte de seu corpo doendo.
Atravessou as portas do hotel, estranhando as luzes ainda estarem acesas. Normalmente nesse horário todos estariam dormindo.
Ele se locomove até o bar, dando de cara com Husker. O gato demônio estava debruçado sobre o balcão, com os olhos cheios de sono. Ele balbuciava palavras desconexas e tinha uma garrafa verde em sua mão direita. Antes que ela caísse no chão, Angel se apressou para pegá-la.
— Husk, tá fazendo o que acordado? — O demônio aranha perguntou, indo a parte de trás do balcão, pegando o corpo de Husker com uma de suas quatro mãos.
— Anh? Angel? — Husker murmura, levantando a cabeça, com a voz arrastada. Ele não olhava nos olhos de Angel, estava extremamente bêbado.
— Puta merda, gatinho — Angel levanta Husker do banco, e passa um de seus braços em torno dos ombros do gato. Não funcionou, ele caiu desajeitadamente no chão — Porra!
Angel se agacha no chão, olhando para o rosto sonso de Husker. Ele tinha seus olhos quase fechados, e as vezes fungava.
Rapidamente ergueu Husker do chão, juntando seus joelhos, e o deixando sobre seus braços. Não era tão pesado, e o aranha era forte.
Carregou o amigo até as escadas, na qual foi um desafio. Husker começou a se mexer, ameaçando sair do colo de Angel.
— Caralho, fica quieto! — Pediu pela o que parecia a quinquagésima vez. Ele segurou o gato mais forte, o que finalmente o fez ficar quieto.
Enquanto ele subia, notou um barulho vindo de algum lugar. Parecia um motor de carro. Ele abriu a boca em choque ao notar que vinha de Husker. Ele estava ronronando! Nem sabia que ele podia fazer isso.
Sorriu bobo para Husker, enquanto abria a porta com as duas outras mãos. Deitou o gato em sua cama, se sentando ao lado.
Não havia parado para observá-lo: Suas orelhas grandes e sensíveis, seus bigodes fofos e seus dentes que alguns saíam para fora de sua boca. Ele era fofo, e por um momento, Angel não sabia como se sentir em relação a Husker.
Ele sabia no fundo que o que ele sentia não era só amizade. Mas algo dizia dentro de si que aquilo era bobagem. O que? Amor em pleno inferno? Isso é loucura!
Mas ao ver o gato ronronando, com as pernas encolhidas e gostando do afago de Angel em seu rosto, ele sabia que estava apaixonado.
Era completamente novo para ele. Estava acostumado a ser maltratado, beijado a força e transar com várias pessoas. Nunca teve de fato um amor que pudesse desfrutar.
Husker agora tinha a boca aberta e babava em seu travesseiro. Sabia que precisava acordá-lo e fazê-lo comer algo ou tomar água para não acordar de ressaca, mas a cena estava tão fofa que ele quase não teve coragem.
Pegou seu celular pelo bolso do short e tirou uma foto sem flash do gato. Guarda de volta, e leva suas duas mãos aos ombros de Husker, balançando de leve.
— Acorda, você tem que comer — Chamou ele, e lentamente o amigo abriu os olhos. Os olhos amarelo-canário o fitaram ainda grogue. Angel sorriu para ele, o fazendo sentar na cama.
— Comer? Eu quero é dormir — Disse em um tom manhoso. Nem parecia o mesmo Husker, que xingava e estava sempre mal-humorado.
— Vou te fazer um lanche e já volto — Se levantou da cama, e saiu pela porta do quarto de Husker, indo em direção ao bar/cozinha.
Após preparar um sanduíche, subiu as escadas entrando no quarto de Husker novamente. O gato já não estava mais deitado, e sim encarando o teto com um olhar perdido enquanto estava sentado nas duas patas traseiras.
— Husk, sua comida — Angel anunciou, colocando o prato em frente a Husker. Ele encarou Angel e se sentou corretamente, pegando o sanduíche e comendo em silêncio. Parecia uma criança, pois balançava os pés enquanto comia. Angel achou muito fofo.
O aranha apoiou um par de mãos no colchão, deixando seu corpo no peso delas. Não tirava os olhos de Husker, com medo que algo fosse acontecer com ele. Havia percebido que quando ele ficava bêbado, se tornava muito vulnerável e desastrado.
— Tá me olhando assim porque? — Husker perguntou, deixando o prato na bancada ao lado da cama, quase derrubando. Ele estava muito tonto, e tinha uma expressão boba na face.
— Porquê você é lindo — Angel soltou sem pensar. Arregalou os olhos desesperado, mas relaxou ao ver que Husker ao menos prestava atenção.
— Você é engraçado — Riu exagerado — Fico feliz em ter te conhecido. Você iluminou meus dias nesse inferno.
Angel sentiu um rubor subir em seu rosto. Ele esfregou o rosto com uma das mãos, completamente constrangido pelas palavras direcionadas a ele. Husker não podia estar falando sério. Ou poderia?
— Husk, você tá bêbado. Mesmo sóbrio eu não acreditaria no que você diz
O gato demônio o olhou com uma face claramente ofendida. Ele apontou um dedo na cara de Angel.
— Porquê não? Eu não mentiria para você
E sem perceber, Husker se aproximou. Talvez fosse pela iniciativa, mas Angel queria saber até onde Husker iria.
— Não preciso que me diga coisas assim — Desviou o olhar, se sentindo levemente melancólico — Sei que é tudo mentira.
Seus olhos se arregalaram quando a pata peluda de Husker pousou em seu rosto. Ele sorria, um sorriso mais sereno que Angel já havia visto. Uma das poucas vezes que viu Husker sorrir.
— Angel, você é uma das poucas coisas nesse lugar que me faz querer continuar. Só de poder te ver, já me faz feliz. Entenda isso, por favor.
E antes que o demônio aranha pudesse dizer algo, Husker aproximou os rostos e juntos os lábios em um selinho curto. Isso fez com que todo o estômago de Angel se revirasse e seu coração batesse fortemente.
Foi cômico, porque assim que se afastaram, Husker deitou a cabeça no travesseiro e caiu no sono. Ele de fato roncava. Angel ficou alguns segundos alternando o olhar entre o gato demônio e a parede.
Ele só tinha pensamentos sobre o beijo, que nem um beijo fora de fato. Mas os lábios cálidos de Husker lhe fizeram derreter por dentro.
Dust se levantou, indo em direção a porta. Deu-lhe um beijo de boa noite em sua testa e atravessou a porta, a fechando com cuidado.
Saiu saltitando para dentro do seu quarto, e deitou em sua própria cama sorrindo como nunca.Nunca pensou que confiaria nas palavras de um bêbado. Mas quando era Husker ele tinha certeza que eram verdade.
E, de repente, ele se sentiu amado como nunca sentira.
💓💓💓
Primeira história desses dois, pq eu tô viciada e não consigo não fazer nada deles

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Palavras - Huskerdust
FanficOnde voltando pro hotel, Angel acha Husker completamente bêbado