- 7장

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seungmin's p.o.v

as vezes eu queria saber como esquecer as coisas. ou não saber de certas.

crescendo como xamanista e com uma família igual, eu sempre soube de coisas que as crianças comuns não sabiam. uma delas era que não se foje do destino. se você foi destinado a ser um médico, você vai ser um médico em todas as suas vidas. mas isso é só um exemplo.

quando eu era criança eu lembro de ter inveja das crianças normais. quando eu tinha sete anos ouvi minha tia falando que meus pais não foram destinados um para o outro e por isso, alguma hora, iriam terminar. eu não precisava saber disso. eu cresci preocupado em quando meus pais iriam começar a brigar e do nada se separarem. eu cresci com medo de perder minha irmã. eu cresci com medo do meu pai eventualmente ganhar minha guarda. minha infância dói conturbada.

mas eu me encontro pensando: vale a pena adiar o inevitável ?

minha tia falou que eu e chan somos destinados a ficar juntos e amaldiçoados a morrer. mas não fomos destinados a morrer por estarmos juntos. talvez minha tia esteja escondendo algo de mim. talvez eu esteja com paranoia. ou talvez tenha um jeito de sobreviver com mais de quatro meses de relacionamento com christopher bahng.

alguém me disse uma vez que os meses se passam mais devagar quando estamos com alguém que amamos. também já me disseram uma vez que em certas situações, o melhor a se fazer é resolver em cima da hora. já ouvi de muitas pessoas que a vida é uma só e que nós precisamos nos aventurar sem pensar nas consequências, mesmo sabendo que elas são ruins (não saiam matando meio mundo para depois colocar a culpa em mim, eu não disse isso).

ainda sim, eu tenho certeza que não tem como sobreviver a isso. eu não quero morrer e não quero que meu primeiro amor sofra. não quero perder ninguém. então as vezes é melhor empurrar os problemas e pendências com a barriga até dar merda. é assim que funciona minha mente.

mas eu não aguento mais.

- vamos, me dê só um sinal...um sinal pra que eu faça alguma coisa... - me ajoelhei na cama e entrelacei minhas mãos olhando para cima.

eram nove da manhã de sabado. o dia estava ensolarado e quente e minha mãe, minha irmã e uma amiga de ah-reum estavam curtindo na piscina enquanto eu fazia meu papel de adolescente depressivo trancado no quarto.

de repente, um trovão. muita chuva. o céu que era azul do nada ficou cinza e o chuva passou a ocupar o silêncio.

- legal, isso foi um sinal. né ? - recebi um raio como resposta. - tá bom então. - me levantei da cama em um pulo, coloquei um moletom rosa e deixei o quarto.

desci as escadas pulando um monte de degraus, por pouco que não caio de boca no chão.

- onde você vai ?! tá caindo uma puta chuva lá fora ! - minha irmã me avisou quando me viu indo em direção a porta.

- vou ver o chan. - falei enquanto calçava meus tênis.

- deixa a mãe saber disso que ela te deserda. - falou arrastado antes de ir para a cozinha.

digamos que nossa mãe não é muito respeitosa. isso obviamente é péssimo, ela é homofóbica e tem um gay não assumido dentro de casa. isso é péssimo pra mim, ela sempre fala coisas homofóbicas ou preconceituosas perto de mim e eu finjo que não escuto. a única pessoa que sabe da minha sexualidade é a ah-reum, que descobriu porque me pegou com um menino na nossa cidade antiga. ela jurou não contar para nossa mãe, até porque ela é bissexual e a menina que está em casa hoje, a hong-jo, não é só uma amiga.

nosso destino | chanminOnde histórias criam vida. Descubra agora