We Race For Love

Prólogo

Começo de campeonato. Era quinta-feira de manhã e logo mais começariam os treinos. Kimberly já havia chego no autódromo logo cedo, indo direto a sua cabine examinar os gráficos antes de ir checar pessoalmente a pista.

A engenheira era extremamente exigente e cautelosa em relação as exigências estipuladas, caso qualquer coisinha estivesse fora dos padrões estabelecidos pela MotoGP, ela iria infernizar e não permitiria que a corrida começasse até tudo estar certo. O pai da engenheira, Jonathan Emett, foi um dos maiores corredores do novo milênio, carregava inúmeras Pole Positions na carreira, porém por um erro entre o engenheiro de pista e sua antiga equipe, Emett não pode ter a sua centésima décima vitória. Por um descuido, Jonathan não foi avisado sobre o acidente na curva seguinte e nem sobre o Safety Car na pista, acelerou bruscamente para ultrapassar o adversário e infelizmente acabou chocando sua moto contra os destroços de outra motocicleta caída pista. Infelizmente um dos maiores corredores veio falecer poucos dias depois no hospital e desde então a pequena Kim havia prometido a si mesma que jamais iria deixar que aquilo acontecesse com outro piloto.

Ainda faltavam quatro horas para os treinos livres começarem e a garota já exibia seu macacão preto e amarelo pelas pistas, andando com sua prancheta e termômetro nas mãos. Não conseguia confiar totalmente nos sensores, por mais que a corrida fosse no Qatar, uma das pistas mais luxuosas dos GPs. Seguia abaixando-se e apertando todos os sensores, imediatamente comunicando pelo rádio qualquer alteração. Levava cerca de uma hora e meia a duas horas para a morena percorrer todo o percurso e, aí sim, poderia seguir para o Pit Lane e passar as informações diretamente para os engenheiros de pista de cada equipe. Antes de entrar para o time oficial da MotoGP, Kimberly era engenheira da Repsol Honda Team, dessa forma era muito mais fácil para que ela circulasse entre os pit's lane por conhecer muitos profissionais e corredores de cada equipe. A engenheira havia preparado nove folhas com as informações precisas da pista, eram apenas oito equipes, mas ela tinha medo de que faltasse para alguém.

Faltavam apenas duas semanas antes dos campeonatos começarem oficialmente, era o primeiro dia de treino e os corredores pareciam alvoraçados e animados. Era a hora da borboletinha social Kimberly Emett voar e começar a fazer novas amizades e rever antigos amigos. Um deles, bem conhecido pela morena, estava escorado na moto tomando algo enquanto ouvia os diretores passarem informações para si.

Só havia uma palavra para definir Christopher Bang como corredor: folgado. O corredor de 23 anos era despreocupado e não tinha cuidado algum. Ultrapassagens extremamente perigosas sempre garantiam seu primeiro lugar no pódio, mesmo que sempre acabasse em investigação no final da corrida. Foram poucas as vezes que o australiano não havia ganhado o título de piloto do dia. Correndo oficialmente na categoria há sete anos, venceu 5 delas e ficou no pódio final em outras duas. Portador de uma autoestima invejável, o veterano não parecia se abalar com nada, nem mesmo com o adversário mais jovem que vem roubando seus pontos.

Han Jisung de apenas 20 anos vinha vencendo em cima do veterano nos últimos dois anos, sempre por apenas um ponto ou dois. Cauteloso e atento as sinalizações de sua equipe, o coreano mantém a calma e pensa numa nova estratégia em cima de uma moto à 352km/h que até agora tinha sido o recorde de velocidade já registrado no motovelocidade.

Assim que o australiano se viu livre dos diretores, revirou os olhos resmungando nas costas deles, a engenheira caminhou até ele, rindo.

— Você nunca vai tomar jeito, não é? – o corredor vira sorrindo ao reconhecer a voz da garota.

— Olha só se não é a engenheira mais bonita do circuito.

— Talvez seja por que eu sou a única engenheira do circuito?

— Não mais. Fiquei sabendo que a equipe do queridinho contratou uma mulher. – a engenheira revira os olhos, encostando na moto ao lado do australiano.