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Me perco entre os vários arquivos enviados sobre a tal vítima. Iria focar toda minha atenção a essa desgraçada e depois ir embora do país, eu quero paz. Esse dinheiro seria como uma despedida desse mundo, não estava cansado, mas sabia que essa morte iria fazer todo mundo entrar em guerra, ia todos se foderem.

Olívia é a filha mais velha do velhote, sim, aquele velhote maldito, Jeorge. A mulher era tão linda quanto a sua mãe e louca como ela também. A esposa do velhote foi internada no centro para pessoas loucas da cabeça, e sua filha puxou tudo da mãe, uma bela herança. Traços que apontam como sociopatia, eu estava fodido ou isso ia virar uma caçada de raposas canibais.

Sua idade é o limite para seu dinheiro gasto com irresponsabilidade. Formada em direito, medicina e pedagogia. Frequenta lugares de classe média e anda com pessoas de classe alta, roupas de luxo assim como os carros. Viagens eram constantes até a sua ida para o Brasil no ano retrasado. Tudo sobre ela estava aqui, como senhas do cartão que usa, endereço dos amigos com quem anda, tudo.

Seria fácil achá-la, mas há um motivo para que eu nunca tenha matado uma mulher. Mulheres são inteligentes, sabem aonde ir e quem manipular, não são burras e impulsivas com a maioria dos homens com quem sangraram em minhas mãos. E Olívia, se não morrer em minhas mãos, vai morrer nas suas próprias mãos. Seus remédios são fortes e sua dosagem ultrapassa o que os médicos recomendam. Ela sabe o que tem e acha que pode curar.

Hoje eu irei fazer uma visita para a Sr. Ane, mãe de Olívia, no centro psiquiátrico.

🥀

O sol brilhava diferente dos outros dias chuvosos. A entrada do hospital podia ostentar a riqueza que era cuidar de pacientes milionários. Uma identidade falsa para uma pessoa falsa, entrego o documento à mulher toda de branco que cuidava da portaria. Sigo a mesma mulher que parece fazer um tuor pelo hospital. Inclusive, não tinha loucos escandalosos como vimos nos filmes, acho que até os loucos ricos têm classe.

Espio entre a fresta de cada porta por onde passávamos, alguns quartos maiores que os outros, outros mais brancos, alguns mais calmos, outros em que podíamos ouvir sussurros ou até pessoas curiosas nas frestas.

Quando a porta de número 233 se abre, revela a mulher que procurava. 49 anos, morena, e alta. Seu sorriso some quando seus olhos sobem a mim. "Sr. Ane. Esse é Marco, ele é amigo do seu marido." Essas palavras da médica a fizeram ficar menos tensa.

A porta se fecha atrás de mim e pude perceber que Ane não era tão louca assim, ou os medicamentos estavam no ápice do efeito para confiarem nela de porta fechada. Sua mão estende-se a uma cadeira à sua frente, uma mesa com um tabuleiro de xadrez nos separava.

Me sento, assumo, eu estava com medo. "Desculpe a visita repentina." Digo já sabendo sua resposta.

"Todas as segundas são os dias que vocês vêm, já memorizei."

VITMA 22Onde histórias criam vida. Descubra agora