001| Alvorada

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Boa noite! Faz muito tempo que não publico algo por aqui, quase dois anos, e eu realmente sinto muito pelo sumiço. Apareceram muitas pessoas novas no perfil e eu realmente estou muito feliz em reunir essa galera por aqui, de coração <3

Não sei se a one vai chegar em vocês, mas só em poder trazer isso aqui para vocês já me faz feliz. Talvez notem uma diferença em relação à escrita, ainda estou tentando voltar aos trilhos. 

Boa leitura! ❤️

...

Sinto seus dedos deslizando suavemente sobre a minha face. A respiração de Shisui ecoa sob o manto do silêncio que paira no ambiente, posso senti-la pela proximidade que impomos aos nossos corpos.

Apesar do cansaço evidente e das minhas pálpebras, que parecem pesar toneladas, sinto-me incapaz de desviar meu olhar; desejo do fundo do meu âmago poder aproveitar o pouco tempo que nos resta antes do despertar do sol, antes mesmo que Shisui cogite a ideia retornar à galeria.

Aproximo um pouco mais seu corpo do meu, pressiono sua pele contra a minha até que eu possa descansar a cabeça em seu peitoral, ouvindo, então, seu coração bater depressa. Mesmo com o costume, é inegável a ânsia de tê-lo próximo a mim.

Conheço-o há muito mais tempo do que sou capaz de contar, nossas famílias eram unidas quando éramos adolescentes. O sentimento que nutrimos um pelo outro sempre foi notável, ouso dizer que apenas quem nunca conheceu de fato o que é amar alguém não percebeu que nosso elo sempre foi forte. Ainda que o passar dos anos comprometesse a proximidade que tínhamos, o amor nunca destoou, suas cores permanecem as mesmas, as borboletas ainda fazem morada em meu estômago; passei a amá-lo antes mesmo de alcançar uma ideia concreta sobre o que é ter alguém como prioridade, quase como uma preciosidade para si.

Seu corpo emite calor o suficiente para que o clima glacial que o inverno traz para o ambiente não nos atinja. Quando mais jovem, antes mesmo de compreender os meus próprios sentimentos em relação a Shisui, almejava fazer morada em seus braços, dormir e acordar sob o mesmo teto que o moreno, sentia-me estranho quando os pensamentos atravessavam a minha mente, mas hoje não posso sentir mais do que realização. Acredito que essa seja a palavra certa.

— Esse silêncio está me matando — diz antes de dar uma risada gostosa, suas bochechas pressionam seus olhos até que eu possa, por uma estreita brecha, observar seus negrumes. — Está pensando em quê? — indaga curioso, tenta trazer-me para o presente novamente.

Nego com a cabeça, por pouco não consigo formular a bendita resposta.

— Nada muito importante, apenas aproveitando a sua companhia antes do trabalho — rebato. Ele se acomoda melhor na cama, puxando-me até que a minha perna estivesse sobre seu corpo.

— Isso é bom. — Seus olhos se fecham completamente, alguns minutos se passam até que Shisui se rende ao cansaço.

Adormeço logo após ele, todavia, quando desperto, já não posso mais senti-lo ao meu lado. O incômodo que a luz da alvorada traz ao ir de encontro com meu rosto me faz querer levantar, não tardo em sentar-me sobre a cama e checar as novas mensagens no celular. Na barra de notificação, leio a mensagem que Shisui costuma enviar quando a rotina pesada não o impede.

"Até logo. Eu amo você, meu bem".

Um pouco mais tarde, sigo o meu caminho em direção ao escritório em que estagio. Talvez essa realmente tenha sido uma das minhas maiores realizações: ter ciência de que, apesar da chegada da alvorada, da distância e de tantas outras barreiras, o nosso amor nunca destoou e hoje compreendo o que é de fato amar alguém e priorizar esse sentimento. 

Alvorada - ShiItaOnde histórias criam vida. Descubra agora