Capítulo 11

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Acordou com os primeiros raios de sol brilhando atravez da janela, fazia um tempo que Laila não tinha pesadelos ou que conseguisse dormir uma noite inteira.

Agora só no ano que vem.

Ficou deitada por um tempo e criando coragem para se levantar, quando Melody entra em seu quarto e se surpreende por ver a princesa já acordada.

–Ah que bom, você já acordou! – ela foi até Laila e deixou uma muda de roupa na cama e um par de botas ao lado – Vista isso, estaremos te esperando lá em baixo para o café da manhã.

– Que roupas são essas? – Laila deu uma boa olhada nas roupas, pareciam ser feitas de couros, mas o que lhe chamou atenção foi o fato de ao invés de ser um vestido o conjunto consistia em uma camisa, um colete de couro e uma calça.

– Digamos que são algumas das roupas que você vai ter que usar daqui pra frente, acredite em mim você vai precisar – Melody saiu do quarto para que Laila pudesse se arrumar e a deixando com algumas dúvidas.

As roupas ficaram um pouco largas em Laila, mas diferente dos vestidos que usava não dava para ajustá-los. Essas roupas eram estranhas para a princesa, talvez fosse o fato de estar usando calças pela primeira vez, sempre vira todos os homens usando e se perguntava como seria, não podia negar que achou uma experiência interessante.
Foi até o banheiro para lavar o rosto e aproveitou para se olhar no espelho. Apesar de estarem largas as roupas lhe cairam bem e tinha que admitir, estava gostando delas a única coisa de que não gostou foi da imagem deplorável de seu rosto, uma noite bem durmida não foi o suficiente para sumir com suas olheiras e a cada dia que se passava ela se parecia mais com um cadáver do que com um ser humano.
Por isso Laila odiava se olhar no espelho, eles sempre revelavam quem ela era de verdade e não quem queria ser.

Desceu as escadas e encontrou Calidora, Rosemary e Melody na sala de jantar, todas estavam comendo e voltaram seu olhar para Laila que se sentou a mesa com elas.

– Bom dia, pequena – disse Rosemary – Dormiu bem?

– Sim – Laila olhou para algumas frutas na mesa e uma jarra de suco também tinha um bolo que parecia ser de morango, sua barriga doia só de olhar para a comida, de fome ou aversão, ela não sabia dizer.

– Coma alguma coisa, hoje o dia vai ser longo e você vai precisar de toda a força possível – Calidora bebeu de sua taça um liquído vermelho quase tão escuro quanto seu cabelo.

Até onde Laila sabia só havia uma coisa que os vampiros comiam, se espantou quando compreendeu o que devia ser o liquído que Calidora estava bebendo.

– Não me olhe assim – Calidora voltou seu olhar para Laila – É sangue de animal, então relaxe.

Não era bem uma resposta reconfortante, mas de certa forma, essa informação a deixou uma pouco mais calma.

– É sempre estranho no começo, mas logo você se acostuma – Rosemary devorava um grande pedaço de bolo enquanto Melody deu a volta na mesa e foi até Laila.

Olhou para o prato vazio da princesa e pegou algumas frutas e encheu seu copo com um pouco de suco, colocou tudo na frente de Laila e voltou para o seu lugar ao lado de Rosemary

– Calidora tem razão – Melody tomou um gole de seu próprio copo – hoje o dia vai ser longo e você tem que comer.

Seu sorriso era tão doce que Laila se sentiu na obrigação de comer, talvez estivesse com um pouco de fome e não queria parecer mimada ou mal educada na frente delas, então decidiu comer o quanto conseguisse. O suco era bom e como era liquído descia fácil por sua garganta o problema eram as frutas, elas pareciam pedras em sua boca, comeu pelo menos uma pera e algumas uvas e tentou ignorar o olhar que as três mulheres tinham sobre si.
Parecia que estavam avaliando Laila.

– Se já estiver satisfeita, hoje começam os seus estudos – Melody foi se levantando.

– Sim, estou satisfeita – Laila também se levantou.

– Ótimo, vamos para a biblioteca – se virou para Calidora – Você vem ou ainda vai demorar?

– Podem ir na frente, eu preciso conversar com a Ro.

Rosemary olhou para Calidora com as sombrancelhas arqueadas. Laila não ficou para ver o que elas iriam conversar, mas pelo olhar que lançaram a ela antes de sair, com certesa o assunto era ela.
Seguiu Melody até a biblioteca uma pequena mesa e uma cadeira haviam sido colodas ali a sereia pediu para Laila se sentar enquando foi pegar um livro das prateleiras, ela o entregou para a princesa que ficou um pouco receosa com o título: A História dos Bruxos e da Mágia.

– Pensei em começarmos por esse livro para que você posso entender um pouco sobre a sua história e daqueles como você. – Melody a olhava com expectativa como se quisesse saber se havia feito a escolha certa.

– Acho... Uma boa ideia – Laila tentou não deixar tranparecer seu disconforto, pela cara de Melody tinha funcionado.

– Ótimo, sei que tipos de aula você tinha e vou dar continuidade de onde elas pararam desde matemática avançada até línguas estrangeiras.

– Você fala outras línguas?

– Algumas, mas essa parte Calidora será mais responsável do que eu, ela é fluente em várias línguas e vai te ensinar todas que conseguir.

Se já não tivesse entendido o estilo de vida delas, Laila ficaria surpresa por saber que a Duquesa Silven iria pessoalmente lhe dar aulas, mas depois de tudo o que aconteceu a princesa nem ousou perguntar ou questionar o assunto.
Iniciaram a aula e o livro era interessante, para dizer o minímo, ele continha histórias que Laila nunca nem sonharia que fossem verdade, mas ainda sentia um certo disconforto ao ler isso e ter que se dar conta de que de certa forma aquela era sua história também.

De acordo com o livro, os bruxos eram como os humanos, mas os deuses escolheram algumas pessoas para receberam uma parte de seus poderes, como um presente, para que assim eles pudessem se sentir mais perto deles e os ajudassem a manter o equilíbrio e a preservar a vida no mundo. Pensar que os bruxos uma vez foram humanos deixou Laila curiosa e ao mesmo tempo um pouco assustada. Mas se era para eles ajudarem a praticamente manter a paz, em que momento eles passaram a ser vistos como demônios que só estavam aqui para destruír a vida e amaldiçoar as pessoas?
Mas essa também parecia ser a versão deles da história, na versão que ouvira, eles eram criaturas que aprenderam magia sem a permissão dos deuses e assim desafiaram a autoridade deles, e por isso deviam todos ser mortos.

Laila passou a vida inteira aprendendo a odiar os bruxos e a culpá-los pela maioria dos seus problemas, principalmente em relação a sua cicatriz e a sua aparência que sempre acreditou ter sido fruto de uma maldição e agora da noite para o dia descobriu que era parte dos mesmo monstros que sempre odiou, era muita coisa para assimilar em tão pouco tempo, já nem sabia mais quem ou que era e em que deveria acreditar.

Depois do que praticamente foi uma aula de história Melody passou para filosofia e depois geografia. Ela era uma boa professora e Laila tinha que admitir que Melody tinha mais conhecimento do que muitos de seus professores, nas aulas de geografia pela maneira como ela falava parecia que já tinha estado em cada canto desse continente, o que para ser bem sincera, Laila não dúvidava que fosse verdade.

– Acho que podemos encerrar por aqui – Melody enrolava o mapa do continente que estava usando na aula – Deve estar perto da hora do almoço e nós precisamos começar a preparar tudo.

Laila quase caiu da cadeira ao ouvir o que Melody disse, olhou espantada para a sereia, esperando ser algum tipo de piada.

– Como assim, nós precisamos? – talvez a princesa tivesse ouvido errado.

– Eu, você e a Rosemary temos que preparar a nossa refeição e como a Calidora só bebe sangue ela não costuma cozinhar com a gente, só separamos um pouco de sangue dos animais para ela – se aproximou da mesa e recolheu os livros que Laila estava usando, ignorando completamente a cara de espanto da menina.

– Ma-Mas eu não sei cozinhar – admitiu com a voz baixa e um tanto medrosa, Melody apenas sorriu colocou a mão no ombro de Laila.

– Então vai ter que aprender.

Melody ignorou os protestos da princesa e a levou até a cozinha, Laila encarou o fogão e sentiu um arrepio só de pensar em ter que tentar usar aquele negócio enorme.

– Comece colocando lenha no fogão e depois acenda, como eu sei que você não sabe cozinhar vai ficar com as tarefas mais simples por enquanto – Melody pegou uma faixa para amarrar o seu cabelo e entregou outra para Laila – Não quero ver um único fio branco na minha comida.

amarrou o seu cabelo e colocou lenha no forno assim como Melody pediu, mas não fazia ideia de como fazer fogo para acender o fogão, então deixou essa tarefa para Melody e fora para pegar alguns legumes na horta e um pouco de água do poço a pedido da sereia, quando foi buscar a água viu Rosemary ir até o galinheiro e pegar uma das galinhas.

– O que você está fazendo?

– Hoje nós vamos comer frango – respondeu com tranquilidade colocando a galinha em cima de um toco de madeira e pegando uma faca grande.

– Você vai matar essa galinha! – Laila quase deixou o balde de água cair.

– Bom é daqui que vem o frango, não sei se você sabe – Rosemary disse com deboche, mas logo suavizou o rosto – Não se preocupe ela não vai sentir dor – garantiu, não que isso fizesse Laila se acalmar.

Por sorte Melody apareceu e pediu para Laila se apressar e a menina voltou rapidamente para a casa. A sereia pediu que ela ajudasse a preparar a salada, foi um desafio conseguir cortar direito os legumes principalmente porque Laila vivia com medo de se cortar no processo, no final Melody fez a maior parte do trabalho e quando Rosemary levou o frango já depenado e limpo a princesa tentou não vomitar ao pensar no animal morto e continuou ajudando no que pode.
Quando terminaram as três colocaram tudo na mesa e Laila ficou um pouco orgulhosa de si mesma por ter conseguido fazer alguma coisa, só estranhou que até o momento não havia nenhum sinal de Calidora.

– A duquesa não vai almoçar com a gente?

– Calidora teve que sair logo depois do café da manhã, mas logo ela volta –Rosemary respondeu, Melody franziu o cenho para ela e a mesma moveu os lábios como se dissesse: o mesmo de sempre.

Isso não passou despercebido por Laila, mas preferiu não fazer perguntas. O almoço foi um pouco silêncioso, mas de um jeito confortável as vezes Rosemary e Melody começavam uma conversa e tentavam incluir Laila nela, foi uma experiência diferente tinha que admitir, durante o almoço, Laila não deixou de notar o quanto as duas sereias estavam perto uma da outra e nos risos e as trocas de olhares entre elas, se eram intencionais ou não Laila não saberia dizer.
A princesa não comeu muito e não era só porque ainda pensava na pobre galinha que, tinha que confessar, estava muito boa, mas simplesmente não sentia muita fome, achava que já tinha comido muito no café da manhã e estava satisfeita e mais uma vez tentou ignorar as caras estranhas que Rosemary e Melody fizeram quando disse que estava satisfeita.

– Tem certeza de que não quer comer mais nada? Você não comeu quase nada – Rosemary parecia preocupada, mas Laila não entendia o porque.

– Eu estou satisfeita – fez mensão de se levantar, mas Melody chamou sua atenção.

– Leve sua louça até a pia e lave elas.– ela disse apontando para a louça e depois para Laila.

– O que? – só podia ser brincadeira.

– Você ouviu, aqui todo mundo tem que lavar a louça e hoje vamos ser boazinhas e deixar você lavar só a sua, mas na proxíma será diferente.– dessa vez foi Rosemary quem respondeu.

Esperava que elas só estivessem brincando, mas Laila sabia que provavelmente não estavam. Ainda não acreditava em onde tinha se metido, talvez fosse conversar com a duquesa depois, pegou seu prato e seus talheres e os levou até a pia depois ficou os encarando por um tempo tentando entender o que fazer exatamente. Certo não podia ser tão difícil tinha um pano e uma barra de sabão ali, ela iria conseguir.

Laila molhou os talheres e o prato e passou a barra se sabão no pano e então tentou limpar a louça assim, com os talheres foi fácil e ficou um pouco orgulhosa de si mesma por ter conseguido limpá-los o problema foi quando tentou limpar o prato, sua mão estava um pouco escorregadia e acabou derrubando o prato que se estilhaçou na pia.

– Essa não – entrou em pânico o que deveria fazer agora?

– Laila, está tudo bem? – Melody entrou correndo na cozinha.

– Foi um acidente – abaixou a cabeça envergonhada, era uma tarefa que parecia simples, mas obviamente tinha que ter falhado.

Mas é claro que você falhou, você não passa de uma inútil. Uma aberração. Um monstro que devia morrer logo!

Ouvia as vozes na sua cabeça e sabia muito bem a que demônios pertenciam.

– Está tudo bem, você não se machucou né? – Melody procurou por algum ferimento em suas mãos, mas Laila afirmou que estava bem – Ótimo, pode ir eu limpo isso.

Concordou com a cabeça e saiu da cozinha, encontrou Rosemary na sala de jantar que perguntou a Laila se ela estava e a mesma afirmou que estava bem.

– Descansa um pouco, mais tarde vai começar o seu treinamento. – Rosemary voltou sua atenção para seu prato.

Laila arqueou a sombrancelha, sentiu seus braços formigarem e sabia muito bem o que significava e com medo de causar mais danos decidiu ir para fora da casa. Foi para o jardim da frente e respirou fundo um pouco do ar fresco, isso a ajudou a relaxar e a diminuir o formigamento nos braços, mas sabia que seria só questão de tempo até que as coisas piorassem, por algum motivo parecia que aquele lugar fazia essa coisa em seus braços ficar um pouco mais calma.

Viu um vulto vermelho se aproximando, era um pouco difícil ver quem era por causa do capuz que a pessoa usava, Laila pensou em correr para dentro de casa e chamar Rosemary e Melody, mas então a pessoa removeu o capuz da capa e ela viu Calidora se aproximando da cerca.
Laila ficou observando ela se aproximar tranquilamente, ela usava uma capa vermelha de um tom bem mais claro que o seu cabelo que era um vermelho escuro como o das rosas espalhadas pelo jardim, ela também parecia alheia com o mundo ao seu redor só reparando em Laila quando já estava perto da porta da casa.

– Achei que você estaria almoçando a essa hora – ela parecia surpresa de ver Laila ali.

– Eu já almocei – colocou as mãos atrás de si para esconder a tremedeira.

– Ah certo – um silêncio constrangedor preencheu o espaço entre elas – Então como foi?

Laila a olhou sem entender.

– Como foram as aulas? – ela parecia ligeiramente interessada e Laila agradeceu pela duquesa ter tomado a iniciativa da conversa.

– Foram boas a Melody é uma ótima professora e ela realmente tem conhecimento sobre muita coisa, acho que até mais do que alguns professores meus– respondeu com entusiasmo.

– Ela realmente tem muitos anos de experiência em vários assuntos – Calidora sorriu como se estivesse revivendo algumas memórias – Estou surpresa que você não esteja falando sobre Rosemary, pelo visto ela é capaz de ficar longe de Melody por algumas horas – riu de leve.

– Por que ela não ficaria longe de Melody? Elas são tão apegadas assim uma a outra?

– Com o tempo você vai perceber que essas duas quase não se desgrudam – revirou os olhos.

E mais uma vez o silêncio, Laila queria continuar conversando pelo menos isso a distraia um pouco de seus pensamentos, olhou mais uma vez para Calidora para tentar puxar e por fim tomou a iniciativa dessa vez.

– Achei que vampiros não pudessem sair durante o dia – olhou para o céu claro e sem nuvens e o Sol brilante lá em cima, mas de alguma forma ainda estava um frio intensso. O inverno realmente havia chegado.

– Ah isso – Calidora sorriu também olhando para o céu e depois para Laila – é só uma mentira contada pelos vampiros para que outras espécies, como os humanos e bruxos, pensem que tem alguma vantagem sobre a gente.

– Espera, isso é sério? – então o que já leu a respeito dos vampiros era tudo uma mentira.

– Claro – disse com um sorriso convencido–, nós meio que já estamos mortos não faz sentido uma coisa tão banal quanto a luz do dia nos matar.

– E o negócio com alho?

– Em primeiro lugar, vampiros nem comem comida só bebemos sangue em segundo lugar, isso foi só mais uma brincadeira para tirar sarro da cara das pessoas – ela começou a rir.

– E a estaca no coração?

– Se eu enfiar uma no seu coração, você vai morrer? – Calidora arqueou a sombrancelha como se achasse aquela pergunta ridícula.

– Bom ponto. – ambas riram e Laila podia se sentir mais leve, por mais incrível que pareça estava achando bom conversar com a duquesa.

– Agora se me der licença, vou comer um pouco e você devia aproveitar esse tempo para descansar, mais tarde Rosemary vai começar o seu treinamento.

– Ela vai me ensinar a controlar, bom... meus poderes – as palavras pareciam estranhas saindo de sua boca.

– Por Gaia, se Rosemary tentasse lhe ensinar a controlar seus poderes tenho certeza de que daria um jeito de destruir a floresta inteira.

– Então que tipo de treinamento vai ser? – sera que Calidora iria ensiná-la então.

– O treinamento que ela vai lhe oferecer, vai cuidar mais da sua parte física – apontou para o corpo de Laila –, quanto aos seus poderes, um amigo nosso vai te ajudar com essa questão.

Sem deixar que Laila fizesse mais perguntas Calidora entra em casa e deixa a menina sozinha com seus pensamentos. Se a duquesa havia chamado alguém para ajudar a princesa significava que mais uma pessoa sabia de seu segredo, isso não era muito reconfortante.
Uma hora e meia após o almoço Rosemary encontrou Laila lendo na biblioteca e disse para a menina acompanhá-la pois, estava na hora de seu treinamento. Engolindo o seco Laila seguiu Rosemary até a floresta perto da casa, logo avistou uma clareira onde havia algumas estruturas que Laila já viu alguns soldados usando para treinar e perto uma pequena cabana.
Calidora também estava ali sentada no tronco de uma árvore e jogava uma adaga para o alto e a pegava com tamanha facilidade.

– Que lugar é esse? – Laila foi se aproximando de Calidora que sorriu ao vê-las.

– É o meu pequeno espaço de treinamento – Rosemary parecia orgulhosa ao mostrar tudo para Laila – É aqui que você vai treinar comigo todos os dias a partir de hoje.

Quase que seus olhos saltaram da cara, todos os dias? Elas realmente achavam que Laila tinha a capacidade de fazer exercícios todos os dias?

– Não fique tão assustada – Calidora se aproxima –, depois que você se acostumar não vai ser um problema.

– Então tá – respirou fundo já sentindo um mal pressentimento, mas sabia que não teria como fugir.

– Certo, sem mais enrolação – Rosemary falava com entusiasmo – vamos começar.

Aquilo era tortura, não tinha outra palavra que Laila pudesse usar para o que tinha que fazer. Passou horas fazendo exercícios com Rosemary e Calidora, seu corpo já não a obedecia mais e tudo doía e suor escorria por todo o seu corpo, suas roupas já estavam grudadas nela.

– Aqui, bebe – Rosemary ofereceu um cantil com água para Laila que aceitou na hora.

– Acredito que seja a primeira vez que faz algum tipo de exercício assim – Calidora se sentou ao lado de Laila.

Tanto Calidora quanto Rosemary nem pareciam ofegantes e quase nem suavam. Era como se já estivessem acostumadas a fazer isso todo dia.

– E olha que a gente pegou leve por você só estar começando. – Rosemary também se sentou ao lado de Laila.

– Vocês chamam isso de pegar leve?– Laila fazia uma pausa para tomar fôlego a cada palavra.

– Não se preocupe, logo você se acostuma – Rosemary colocou a mão no ombro de Laila e sorriu docemente.

Tudo o que a menina queria era voltar para a casa, tomar um banho bem quente e se jogar na cama até pegar no sono, mas do jeito que seu corpo estava dolorido e cansado talvez ela acabasse durmindo ali mesmo.
Ouviram um barulho próximo delas e Laila e Rosemary se assustaram, mas Calidora continuou calma e sem demonstrar qualque emoção.

Um homem surgiu em meio as árvores e se aproximou das três e sorriu para elas.

– Miladies – o homem faz uma reverência, mas parecia mais uma brincadeira do que uma cordialidade – Finalmente encontrei vocês, tem ideia de como essa floresta é enorme.

– Eu te dei um mapa era só segui-lo – Rosemary rebateu, pela forma como ela ficou mais calma Laila imaginou que elas conheciam esse homem.

– Mesmo assim foi difícil encontrar esse lugar.– o homem fez uma cara de frustração.

– Pare de reclamar, Noah– Calidora entrou na conversa – Não temos culpa se você é péssimo com mapas.

Noah, como Calidora o chamara, revirou os olhos e só depois pareceu ter visto Laila ali também, ele sorriu cortês para a princesa.

– Você é a Laila – ele estendeu a mão para ela – É um prazer finalmente poder me apresentar formalmente a você, mas tecnicamente eu já te conheço.

Laila ergueu uma sombrancelha, mas apertou a mão de Noah. Ele tinha uma pele negra , cabelo cacheado curto e seus olhos eram de um amarelo semelhante ao das flores, isso deixou Laila um pouco espantada, mas intrigada.

– Perdão, mas não me lembro de já ter visto o senhor – não queria parecer mal educada, mas realmente não se lembrava desse homem.

– Você adormeceu antes de conseguir vê-lo – Calidora respondeu por Noah –, mas é graças a ele que ninguém mais sabe sobre o seu segredinho.

Laila olhou para Noah novamente, seus olhos agora mudaram para a cor vermelha enquanto ele tinha um sorriso convencido no rosto. Os olhos dele não eram amarelos?

– Eu só fiz o que precisava ser feito e aliás, você criou um belo furacão de destroços naquele quarto – ele disse com admiração e seus olhos mudaram para rosa, deixando Laila boqueaberta – Realmente você é bem poderosa, mas ainda precisa aprender a ter controle sobre seus poderes.

Viu os olhos dele mudarem de cor três vezes, tinha quase certeza de que não estava ficando louca.

– Laila – Calidora chamou a atenção dela – a partir de hoje, Noah vai te ajudar a treinar os seus poderes, assim como você ele também é um bruxo.

Os olhos dele voltaram para amarelo quando sorriu para Laila novamente. Não era possível, todos achavam que os bruxos tinham deixado o continente ou tinham sido mortos na guerra, no entanto Noah estava ali na sua frente e Laila também tinha que começar a admitir para si mesma que era uma bruxa, mas se Noah estava ali será que ainda existiam outros bruxos no continente?

– Seus olhos mudaram de cor? – esperou não ter parecido grosseira, mas estava curiosa quanto a isso.

Para seu alívio, Noah apenas riu.

– Sim, uma coisa sobre os bruxos que talvez você não saiba é que podemos parecer com os humanos, mas o que nos diferencia deles pode ser a cor anormal dos nossos cabelos – apontou para o cabelo branco de Laila – ou a cor dos nosso olhos – explicou – no meu caso a cor deles muda de acordo com as minha emoções.

Pelo sorriso dele, Laila acreditou que amarelo fosse a cor da alegria.
Após essa explicação a princesa se lembrou de uma coisa que seu avô disse muitos anos atrás.
Os bruxos são seres demoníacos, eles até podem se parecer conosco, mas pode diferenciá-los pela cor do cabelo e dos olhos, os demônios nunca conseguem esconder os horrores de sua aparência.

Então era verdade a questão dos olhos e dos cabelos, bom Laila admitia que estava um pouco impressionada.

– Bom – Noah bateu as mão e sorriu largamente – vamos começar com seu treinamento.


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Então eu sei que o capítulo de hoje não teve nada de tão interessante, mas eu precisava começar o treinamento da Laila e aí está.

Vou tentar trazer mais coisas no próximo capítulo, mas não prometo nada 😅

E agora eu acabei de começar a minha faculdade e não sei como vai ficar a postagem dos capítulos, mas prometo postar pelo menos uns dois por mês.

Sei que é pouco, mas eu ainda estou vendo meus horários.

Espero que conpreendam e até o próximo capítulo.

A Bruxa da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora