𝐭𝐰𝐨 𝐬𝐭𝐫𝐞𝐞𝐭𝐬 𝐚𝐰𝐚𝐲, 𝗃𝖺𝗏𝗈𝗇 𝗐𝖺𝗅𝗍𝗈𝗇.

001.

ALLISON JACOBS,
atlanta, GA.

Olho a rua da cidade que eu morei quase a minha vida toda e respiro fundo, encostando a minha cabeça no vidro do carro.

A dois anos atrás eu e minha família estávamos saindo de atlanta e indo passar um tempo no Canadá, onde eu morei por dois anos e um mês. Tudo isso para tentar curar o câncer da minha irmã mais velha.

Descobrimos a doença duas semanas antes e meus pais enlouqueceram. Os dois pesquisaram os melhores médicos e os melhores tratamentos e achamos, porém era bem longe de casa.

Megan faleceu a um mês e está sendo difícil para caralho. Tínhamos esperança. Ela tinha chances de vencer a doença, mas por causa de uma bactéria, fodeu tudo. É estranho pensar que ela não está mais aqui com a gente.

Depois de um mês, estamos voltando, mas sem ela. No carro eu consigo ver Dylan conversando com o meu pai; Aidan dormindo e Nate cantarolando a música que tocava em seus fones. Mamãe estava lendo uma revista de moda e papai conversava com Dylan sobre futebol.

Estavam normais por fora, mas por dentro estávamos destruídos. Nesses dois anos, eu perdi contato com todos os meus amigos, menos com Jaden. Ele foi o único que eu fiz questão de não me afastar e ele também não deixaria isso acontecer.

— Eu preciso mijar. — Aidan resmungou, abrindo os seus olhos.

— Cadê a educação, Aidan? — Mamãe disse, ainda com os olhos de sua revista.

— Eu preciso urinar, mãe. Da para parar em um posto? — O meu irmão gêmeo perguntou.

Eu e Aidan somos gêmeos, e ele é mais velho por quatro minutos. Eu não acho a gente idêntico, mas temos algumas semelhanças.

— A gente parou não faz nem uma hora! — Nate disse indignado.

— Eu não escolho a hora que eu preciso mijar, porra. — Aidan retrucou e eu revirei os meus olhos.

— A mamãe já falou para você não falar a palavra mijar, merda! — Eu falei com tédio e Aidan me encarou.

— A conversa chegou na desprovida de altura quando? — Ele disse com deboche e eu mostrei o meu dedo do meio para ele, enquanto escutava as risadas de Nate e Dylan.

— Chegamos! — O meu pai falou e nós paramos de falar na hora.

Olhei para a janela e vi a enorme casa que estávamos na frente. Abri a porta do carro e desci com um pulinho. Eu sabia que íamos mudar de casa, mas não sabia que seria tão grande e bonita.

— Eai? Gostaram? — Minha mãe perguntou, parando ao lado de papai.

— Eu amei, mãe. É muito bonita. — Eu falei e ela sorriu.

— Os quartos ficam no andar de cima e já foram separados um para cada. — Ela avisou.

Ajudei a levar as nossas malas para dentro e meu pai deixou minhas coisas no meu quarto. Eu entrei e me surpreendi com o quão lindo ele era. Era bem grande e claro, o que me chamou atenção.

Sentei na minha cama e peguei o meu celular. Havia mensagens de Jaden, perguntando se eu já tinha chegado. O respondei e deixei o celular de lado. Eu iria começar a arrumar tudo já agora, o meu toque não deixa com que eu espere até amanhã.

A minha vida virou de ponta cabeça muito rápido. Perder a minha única irmã foi um baque enorme e sendo sincera, eu não sei se irei me acostumar com isso.

Mas além de tudo, a minha família é um exemplo de amor e união. Estamos passando por tudo juntos e nós entendemos, já que estamos passando pela mesma dor.

Quando sai de Atlanta eu tinha 14 anos. Agora eu tenho 16 anos e posso dizer que muita coisa mudou em mim. Tirei o aparelho que eu usava desde os meus 11 anos; continuo muito magra, mas ganhei curvas e o meu corpo mudou. Os meus cabelos estão maiores e eu aprendi a me arrumar melhor.

Enfim, eu estou bem mudada. Minha mãe sempre fala o quanto eu mudei, mas eu não consigo me achar tão diferente quanto eu era antes.

talvez a antiga allison goste
da nova allison.