Era uma noite tempestuosa, o vento castigava o mar verde-escuro que cercava o suntuoso castelo, construído, de maneira cautelosa, na borda de um penhasco. A construção, da época conhecida como "Vampiricid" , mostrava o quão brutal este período histórico havia sido. A negritude das pedras que formavam as solidas paredes do monumento, era quebrada casualmente pelo verde do musgo que crescia ali, pelo amarelo desgastado de ossos velhos ou pelo vermelho de sangue fresco.
A população da vila de Avelon haviam apelidado o castelo de "Le Château du Diable", um nome genérico para uma construção genérica construída sobre séculos de escravidão e genocidio genéricos de uma monarquia absolutista ainda mais genérica que seria esquecida como todo o resto.
Com os boatos que rodavam o monumento somado ao nome e o sangue que nunca parava de escorrer da Tour du Sacrifice, a torre mais alta da imponente e morbida construção, já era de se esperar que várias pessoas apareceriam nas redondezas para investigar o local e, Cristine não era diferente.
Jornalista e escritora obcecada pela a história do Vampiricid e por vampiros em si, se animou diante de perspectiva de poder passar dois messes no castelo para investiga-lo, pois recentemente ele havia sido leiloado para um historiador excêntrico , que dera a oportunidade de Cristine escrever um livro sobre este monumento da sombria história do mundo.
Quando chegou ao local, a exata meia-noite, entendeu o porquê de tal nome. O local deveria ter um ar de abandonado, sujo e quebrado, mas sobre a luz da lua da cheia ele parecia novo e bem-cuidado quase intocado,mas cheio de sangue e com cheiro de morte, como se estivesse sendo cuidado pelo Diabo. Nem mesmo o musgo ou ossos amarelados pelo o tempo deixavam o lugar mais parecido com um castelo antigo, na verdade eles pareciam ter sido propositalmente ajeitados para tentar dar um aparência envelhecida.
- Le Château du Diable, aqui vou eu. - Anunciou em voz alta para o vento, que uivou em resposta.
Parou a frente da porta de entrada e só agora, onde o calor do momento havia se dissipado, que havia percebido que não tinha recebido do dono nenhuma chave ou nada do tipo. E, analisando mais cuidadosamente percebeu que não haviam maçanetas ou qualquer coisa que pudesse ao menos se assemelhar a isso.
- Como eu vou entrar? - Se perguntou.
Assim que a última palavra foi dita, a pesadíssima porta de carvalho escuro abriu-se ruidosamente, como se convidasse Cristine a entrar.
Com cautela, a mulher adentrou o espaço. A mobilia do local era bem disposta e rica em detalhes, quem quer que já tivesse morado ali, vampiro ou não, havia sido extremamente rico. Ouro, bronze e latão ornamentavam as bordas de todos os móveis, pinturas, vasos e qualquer outra decoração.
As pinturas eram todas parecidas, como outros castelos deveria ter sido passado de geração em geração, provavelmente por um patriarcado, e os quadros mostravam uma familia bem uniforme. Cabelos negros, olhos azuis e maxilar definido, todos homens.
O pé direito alto do Palácio o deixava com um ar ainda mais macabro. Por ser uma construção do século XIX era de se esperar que houvesse teias de aranha e sinais de podridão, mas estava limpa como se tivessem acabado de fazer um limpeza.
Trouxe suas malas para dentro e ligou a lanterna do celular para poder explorar melhor, não havia um mísero grão de poeira nos candelabros, e as velas postas neles eram novas, avermelhadas e aviam sido recentemente apagadas, pois o pavio de uma delas ainda soltava fumaça.
Cristine explorou lentamente o primeiro andar, tomando cuidado para deixar todos os ornamentos no lugar. Vários quadros chamaram a sua atenção, mas um em especifico lhe parecia, quase, vivo.
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Le Château du Diable
Vampire" - Essa casa é sua? - A escritora se surpreendeu. - Eu ouvi dizer que só os vampiros homens que governavam, tipo o Drácula A pálida mulher estalou a lingua em descontentamento, como se debochasse da outra. -Vocês humanos e sua ideia retrógrada de...