Cap 1. 𖤓 O sol sumiu.

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O som de um despertador ecoou pelo quarto escuro e mofado, apenas finos raios de luz vermelhos podiam ser vistos entrando pelas frestas de uma cortina velha e suja.

O despertador fazia a escrivaninha em que estava vibrar junto dos sons ensurdecedores de seus sinos iguais a campainhas de mesa, e junto de seus gritos ele lentamente ia deslizando em direção a borda da escrivaninha, se demorasse mais para desligar, iria definitivamente cair.

Um braço surgiu de baixo dos panos ao lado do despertador, ele vasculhava a escrivaninha tentando achar o objeto que atrapalhava seu descanso. Com dificuldade de achar podia ouvir-se os grunhidos de desconforto do dono daquele braço.

— Que inferno... Achei!

O braço pousou por cima do despertador, silenciando o som. Um homem saiu de baixo de algumas cobertas que estavam jogadas por cima de sua cama pouco visível, ele bocejou alto e levantou-se cambaleando em direção a janela, fazendo bastante esforço para erguer seus braços e abri-la, permitindo que o sol invadisse o local.

O sol entrou no quarto instantaneamente, o homem piscou várias vezes os olhos por causa de sua luminosidade, e pela vista de sua janela, estendia-se uma enorme cidade de casas com até três andares, e muito ao horizonte nascia a estrela desse mundo, ainda vermelha por estar recém dando as caras neste dia.

Girando o corpo rapidamente, o homem voltou ao lado de sua cama dando as costas à janela e ao sol sentindo certo conforto com o calor em suas costas. Ele pegou alguns cobertores que estavam caídos ao chão e jogou por cima da cama de qualquer jeito, pegou o travesseiro onde sua cabeça passou a maior parte da noite e bateu nele algumas vezes para sair o pó que havia se acumulado.

Olhando ao lado da sua cama ele encarou a velha escrivaninha de madeira que possuía apenas uma gaveta, ela estava aos pedaços, totalmente rachada graças aos cupins. Suas feições enrijeceram quando ele olhou para o despertador sobre a escrivaninha, próximo de cair, ele possuía cores pratas que brilhavam com os raios que entravam pela janela, no meio dele havia um relógio que fazia um leve som cada vez que o ponteiro dos segundos se movia.

— Sete e vinte e três da manhã... Essa coisa tá quebrada por acaso? Por que me acordou nesse horário? — O homem bocejou novamente enquanto olhava seu rosto em um espelho pendurado na parede.

— Que cara mais feia...

Independentemente de ter acordado mais cedo que o de costume, já estava de pé, não iria mais voltar a dormir, então ele colocou seu corpo a andar e saiu do quarto empoeirado chegando em uma cozinha para preparar um café que seria sua principal refeição e daria a energia para continuar vivendo por mais um dia.

O homem colocou o café no coador e largou água fervendo por cima e deixou o café sendo preparado, abriu a geladeira ao lado fazendo uma careta, haviam poucas opções, então pegou uma fatia de queijo e um pedaço de manteiga que estava dura como pedra, mas seria o suficiente para comer junto com um pedaço de pão que ele já havia colocado sobre a mesa.

Ele levou o pão com manteiga e queijo junto do café para sua varanda. Ele morava em um apartamento pequeno e apertado que fazia parte de vários conjuntos de apartamentos. Todos possuíam dois andares, onde aqueles que viviam no segundo como ele, precisavam passar por dentro do apartamento do seu vizinho de baixo para poder sair para a rua, não era a coisa mais segura do mundo, mas todos que viviam naquela área de apartamentos não possuíam boas condições financeiras, por isso se forçavam a viver naquele tipo de situação.

O vento gelado da manhã passou por seu rosto causando um arrepio, isso o fez lembrar que o inverno havia começado a mais ou menos uma semana atrás, ele olhou para o horizonte e respirou fundo, o ar cortava seu nariz, mas era algo agradável, diferente da visão que ele tinha que não era das mais belas, centenas, milhares de casas, havia pouca vegetação naquela região.

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⏰ Última atualização: Oct 03 ⏰

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