Good boy

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Fleamont fazia um enorme esforço para levantar o peso. Era demais para o seu corpinho pequeno aguentar, o tirava do  chão e deixava cair algumas vezes. Olhou para o lado e seu irmão mais novo a segurava sem dificuldades. Mordeu o lábio, tentando se esforçar mais. Orion era mais novo e se ele com seus quatro anos podia, Fleamont com os seus sete anos conseguia também.

— Você é patético — ouviu a voz de Patel, se encolheu e deixou o peso cair de novo, ouvindo o grande barulho que fez. Provavelmente seria punido por aquilo.

— Mamãe — correu em direção a Ruth, que vinha logo atrás de Patel, abraçando sua perna direita, Orion abraçava a outra. A mulher de cabelos ruivos se abaixou, pegando a criança loira que tinha um sorriso doce no rosto.

Fleamont puxou sua calça, a observando com o irmão. Amava Orion mas as vezes queria acabar com ele, por que ele sempre ficava com as melhores coisas desde que nasceu? Sabia que não era mais uma criança, Fleamont já se considerava um adulto, mas as vezes queria aquele afeto.

— Oh, Orion, você é um bom garoto, querido — a mulher acariciou os cabelos de Orion. Fleamont observava, seus olhos pequenos implorando pela atenção da mãe. Porém, apenas foi empurrado para longe por Patel, como se fosse um cachorro que estava incomodando a família perfeita. Teve os olhos de Ruth direcionado a si pela primeira vez aquele dia no entanto.

A viu colocar Orion no chão, mandando ele se comportar com Patel e estender a mão grande para o pequeno garoto no chão. Fleamont a segurou, tinha um sorriso grande nos lábios. Se iluminava sempre que Ruth lhe dava algum tipo de atenção, sempre que ela ao menos olhava para ele. Fleamont era como a lua e sua mãe era o seu sol. A acompanhou, para onde quer que estivessem indo.

— Eu estava quase conseguindo mamãe! Quase! Faltava isso aqui ó! — demonstrou os dedos — vai ver mamãe! Um dia vou ter a força do Winter e...

— Pare de falar 504 — Ruth se abaixou a sua frente. Fleamont estava com os olhos arregalados. Ruth era a única que o chamava pelo nome, então não sabia porque ela estava o chamando pelo seu número agora, tinha feito algo errado? Claro que tinha.

— Oh...me desculpe.

— Como eu posso ter criado algo tão ruim como você? Eu tenho muitos arrependimentos, mas nenhum se compara com o dia em que fiz você...não estrague Orion, está bem? Todo dia que olho pra você, me arrependo... Você é um experimento falho, tem sorte de ser inteligente, se for obediente pode viver por mais alguns anos.

Fleamont tinha sete anos. Sete anos e escutava que sua mãe não o queria.

— Mamãe...e-eu posso melhorar, se eu treinar bastante posso ter a mesma força que ele! — Fleamont tentou se defender, lagrimas molhavam seu rosto. Era um pouco mais atrasado que Orion em muitas coisas, mas conseguia supera-las sempre, como quando aprendeu a falar, talvez fosse ser assim com sua super força também.

— Não me chame mais de mãe, eu não sou sua mãe 504...Não terei essa vergonha. Agora que já nos entendemos, venha comigo. A HYDRA precisa de você para alguns experimentos. Pense pelo lado bom, ainda serve para HYDRA as vezes.

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Tudo estava escuro. Fleamont precisou de alguns minutos para notar que não estava na base e sim na enfermaria da torre. Tudo havia sido um pesadelo, estava tudo bem. Sentiu uma mão afagar suas costas e se encolheu instintivamente, pronto para pegar o que estivesse ao seu lado para acertar seu alvo, mas a voz que ouvia era calma e não demonstrava nenhuma agressividade.

— Você está bem...foi só um pesadelo, está tudo bem — Fleamont suspirou. Não era algo que estava acostumado. Olhou para o homem a sua frente e engoliu seco, de alguma forma, se sentia mal por demonstrar fraqueza na frente de Steve Rogers, por que logo ele tinha que estar ali? Por que logo o toque dele e o cheiro dele o estava acalmando? Não tinha memória alguma com ele para associar ele a seu pai, talvez devesse ser algo que Ruth fez.

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