Capítulo 3: No fim, é você quem é a sombra aqui.

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- O que foi, Bang Chan? Está com essa cara por quê? - Aproximou-se do mesmo, cruzando os braços. - Você trata o Seungmin como se fosse um nada, mas esqueceu que você estava na mesma situação a dez anos atrás? - San riu baixinho. - Todo mundo da época do colégio sabe que você era apenas um capacho qualquer nas mãos do Jihoon. Depois que ele ralou, inventou de ser igual a ele. Escuta aqui, você deveria tomar vergonha nessa sua cara, sabe por quê? Porquê por trás de você, todos aqui dizem que você é a sombra do Jihoon e que está tentando brilhar sendo ele. Mas você não passa de um qualquer, inútil, frágil, que sempre, sempre vai ser conhecido como o empregadinho de merda do Choi. No fim, é você quem é a sombra aqui. - Deu as costas para ele, recebendo as palmas de todos, menos dos amigos de Bang Chan, é claro, mas também de Seungmin.

E o mais humilhante de tudo, era que tudo o que San disse era a mais pura verdade.

Quando Christopher estava com quartoze para quinze anos, se viu em um labirinto infinito comandado por Choi Jihoon, irmão mais velho de San. Da mesma maneira que Chan é terrível com Seungmin, ele passou a mesma coisa com Jihoon. Ele era a sombra do mais velho, todos os dias ele tinha a mesma rotina; limpava a sujeira que Choi fazia, seja por arrumar confusão com alguém e ele tinha que assumir a culpa, ou quando Jihoon jogava sua bandeija de comida no chão de propósito só para ver Chris espanar como seu servo. Sem contar as piadas sobre sua aparência, debochando da fragilidade e vulnerabilidade do mais novo e, o mais escroto de todos, os comentários idiotas sobre sua sexualidade.

Assim que Choi se formou e foi para faculdade, sentiu o peso de seus ombros sumir e a paz estar da palma de suas mãos. Contudo, durante todo esse tempo, o ódio foi se acumulando, seja em lágrimas engolidas ou em comportamento bruto.

Bang Chan se tornou o que é não por mal, ele acabou por descontar sua frustração sendo quem ele mais temeu por anos sem perceber. O pior de tudo, é que sua família não sabe nem da metade do que aconteceu com o rapaz, e talvez nunca saiba.

Christopher sentiu as lágrimas se formarem como uma piscina rasa em seus olhos, mas respirou fundo, negando com a cabeça, um sorriso sem vida em seus lábios, carregado de toda a dor que sofreu, porque ele sabia que a dor física não era nada comparada a dor psicológica e ele nunca teve ninguém para ajudá-lo a sair desse ciclo torturante na época.

Mesmo que pareça que ele lida bem com isso, só parece mesmo, porque os pesadelos da madrugada o atormentam até hoje e ele sente medo todos os dias de Jihoon voltar, voltar a mandar nele e ceder aos seus caprichos. Embora Bang Chan aparentasse ser forte e resistente, ele não é, ele continua sendo o mesmo Bang Chan frágil e sensível de antes, com inseguranças, dores, machucados, medos e cicatrizes.

Seungmin observou aquela cena incrédulo com as palavras ditas por San. Chan pode fazer o mal que quisesse com ele, mas ainda sim, a bondade do Kim foi maior do que tudo.

- Desculpa por ter que passar por esse tormento na sua primeira festa, Seung, mas é que eu não poderia...

- Cala a boca, San. - Seungmin riu indignado. - Você é doente por acaso? Como pode dizer tais palavras para o Chan? Não importa o que ele fez comigo, isso é um assunto entre a gente, é de família e você não tem nada que se meter nisso! Foi extremamente babaca sua atitude.

- Vai defender ele mesmo? É muita coragem sua, sabia? - Ele se aproximou, porém Seungmin se afastou. - Isso é muita ingratidão sua, Kim, esperava mais de você.

- A partir do momento que você humilha, tocando em uma ferida de alguém e acha que fez o certo, você não merece minha gratidão. E mais uma coisa, eu nunca pedi nada para você e nunca irei pedir. - Kim viu Bang ir para o lado de fora da festa e correu de imediato na sua direção.

Seungmin não sabia o motivo de estar defendendo ele e muito menos correndo atrás dele. Por um momento, ele esqueceu completamente do ódio que sentia pelo maior e quis dar o seu apoio, nem que fosse ficando somente em silêncio escutando ele chorar. E ele iria ficar, pois sabia que Chan estava precisando de um consolo, seja direto ou discreto. Seungmin estava disposto a ser o ombro amigo do mais velho, nem que fosse só por pequenos segundos.

𝘁𝗵𝗲 𝘀𝗲𝘂𝗻𝗴𝗺𝗶𝗻'𝘀 𝗽𝗹𝗮𝗻; chanminOnde histórias criam vida. Descubra agora