O Último Ano

Capítulo 01 - O Primeiro Dia

  POV'S OLÍVIA 

Era dia 2 de fevereiro de 2015, segunda-feira. Para a maioria das pessoas significava apenas mais um dia comum de trabalho ou estudo. Para mim, era o início do meu castigo. Primeiro dia de aulas naquela escola que eu odiava estudar desde a sétima série.

O motivo?

Eu poderia citar todos eles em ordem alfabética se fosse necessário, mas o que mais se destaca é a imbecilidade que só adolescentes metidos podem ter. 

-- Olívia, acorda! Tá na hora da escola! - Ouço minha mãe gritar na porta do meu quarto e conseguindo mandar o restinho do meu sono pro espaço. 

-- Já vou, mãe! 

Gritei de volta, me obrigando a levantar e seguir pro banheiro sem a menor vontade. 

Pouco tempo depois eu já estava pronta pra sair quando meu irmão chegou, me apressei em ir logo para aquela maldita escola antes que eu me atrasasse.

 Atravessei o bairro todo a pé, debaixo do auge do sol das 12h30 até chegar na escola, que já estava super movimentada. Reconheci de longe alguns rostos antigos e alguns rostos novos. Respirando fundo, reuni a pouco coragem que tinha e segui até minha sala.

A sala já tava com praticamente todo mundo sentado quando entrei, seguindo para encontrar um lugar no fundo da sala, como sempre quando o sinal tocou, e a professora entrou logo em seguida.

-- Boa tarde, pessoal! - Saudou a professora Thaís, com um sorriso no rosto que não enganava ninguém. 

-- Estou muito feliz de ver vocês todos aqui, dando início ao último ano de vocês nessa escola, ouso dizer que é o ano mais importante da vida de vocês. 

Ela disse causando um burburinho na sala, dando -lhe um trabalhinho para conseguir a atenção de todo mundo .

-- SILÊNCIO! - Ela gritou, ficando com o rosto vermelho. Quase senti vontade de rir, mas me controlei a tempo. - As coisas vão ser diferentes esse ano... E pra começar,  eu vou dividir vocês em duplas... - o burburinho apareceu de novo, mais alto e mais forte.

Tão forte que só acabou depois da professora Thaís sacar um apito do bolso e soprá-lo com força até que o barulho parasse, e conseguiu. Pois tenho certeza que ninguém esperava que esse tipo de coisa viesse de uma professora. 

- É por causa de atitudes como essa de vocês que certas coisas vão acontecer nessa turma. - Disse a professora num tom severo. - Como eu ia falando... esse ano vocês vão ser divididos em duplas, que serão mutuamente responsáveis um pelo outro até o fim do ano. Farão tudo juntos desde uma simples pesquisa até as provas finais.

Cada deslize ou falta de colaboração de ambas as partes farão a DUPLA perder pontos, que eu  garanto que serão muito importantes pra vocês. 

Pensem nisso como uma oportunidade de outro a aprenderem a trabalhar em equipe, terem empatia e mais respeito ao próximo. Situações como a do ano passado não podem mais acontecer , mas isso só dependem de vocês. 

A cada palavra dela eu ficava mais chocada, cheia de revolta por ter que me atrelar a um sem noção qualquer daquela turma. Cada situação que me vinha a mente só confirmava que não teria mesmo jeito.

Logo a professora dava início a divisão de duplas, que parecia ser em ordem aleatória e resultava em duplas um tanto  improváveis, inusitadas ou até perigosa.

A exemplo da junção da Camilla com a Mirelle, que se odiavam desde a 6• série e não era segredo para ninguém, ou do Daniel com a Laís, que todo mundo também sabia que ele é mais que apaixonado pela garota que não está nem aí para ele.

Conforme ela formava as duplas, as pessoas passavam a sentar lado a lado durante as aulas, a sala pegava fogo silenciosamente e eu só estava esperando a hora em que ela diria meu nome é o de minha dupla, e quando e esse momento chegou eu aparentemente fui a única que ficou sem  dupla na sala.

-- Olívia... parece que eu vou ter que escolher sua dupla a partir das pessoas que faltaram mesmo... deixa eu ver..

Ela disse folheando a caderneta de chamada, parecendo em uma  dúvida acirrada  de quem escolheria quando foi interrompida por alguém que entrava na sala.

-- Desculpa o atraso, professora.

Era Gabriel quem acabara de entrar na sala, com cara de cachorro abandonado, sorrindo fraco para a professora  acreditar naquela mentira deslavada.

-- Perfeito, acabamos de achar sua dupla, Olívia. Pode ir sentar do lado dela, Gabriel.

Disse ela o indicando a cadeira vaga ao meu lado.