Capítulo Único

14 1 0
                                    

— Nos vemos às duas, Max. E não ligue para o meu pai, ele vai adorar você depois de te conhecer melhor.

— Tomara, Roxanne — disse Max — Poxa, ele me dá medo.

— Deixa de ser bobo, vai ficar tudo bem. Tchau, Max - disse Roxanne, desligando em seguida.

Max colocou o telefone de volta no gancho, sentou na cama desarrumada e pôs a mão direita na cabeça, enquanto um largo sorriso se formava em seu rosto.

Sim, ele havia acabado de marcar seu primeiro encontro com a garota que ele mais amava no mundo, Roxanne! Como poderia ser capaz de conter sua felicidade?!

Em um piscar de olhos, Max subiu na cama e pulou alto, gritando "Uhu! Consegui! Eu consegui!", enquanto uma brisa acariciava seu rosto, vinda da janela aberta.

— Tomara que não chova — disse o garoto - Agora, vou falar com o papai. Mesmo que o carro esteja na pior, acho que ainda dá para o gasto... Se bem que seria mais seguro ir de patins para o encontro. Meu pai é um cara legal, mas é assustador pensar no que pode acontecer se...

— Max! Estou sabendo de tudo! — disse o senhor Pateta, entrando pelo quarto — Estou tão orgulhoso de você, meu filho.

— O quê? Mas como é que você sabe dis... Não acredito. Eu não acredito, pai! Você estava escutando a minha ligação?!

— Vamos fazer um acordo, está bem? — disse Pateta, sentando-se na cama do filho - Eu te dou carona para o seu encontro e você esquece essa coisa de "espionar sua ligação", ok? Ótimo. Agora vamos ao que interessa. O carro ainda está no concerto...

— É claro... - disse Max — Ele caiu de um penhasco!

— Na verdade foi de uma cachoeira — riu Pateta — O penhasco foi antes... Seja como for, decidi fazer um investimento nesse seu encontro, por isso, aluguei um veículo em melhor estado, com bons cavalos de potência.

Pateta explicou ao filho como seria o itinerário que fariam: primeiro, seguiriam até o parque, onde o casal poderia fazer um piquenique, a seguir, visitariam o parque de diversões e, já ao entardecer, Pateta levaria Max e Roxanne para um restaurante na cidade.

Max ficou satisfeito com o itinerário e agradeceu ao pai, que foi até a lavanderia buscar o smoking do filho.

Smoking não é um pouco demais? - Perguntou Max, porém, Pateta já havia saído.

Nem valia a pena se preocupar com coisas assim; Pateta estava gastando tanto com o concerto do carro (que ainda era mais barato do que comprar um novo), que ter condições de pagar a lavagem do smoking, ingressos para o parque de diversões, alugar um carro novo e ainda pagar o restaurante já era, com toda a certeza, um verdadeiro milagre!

Max entendia isso e era grato ao pai, no entanto, não era como se não tivesse preocupações quanto à situação financeira de Pateta.

Fosse como fosse, deixaria o pai orgulhoso naquele dia.

Max caminhou até a estante e pegou o retrato da mãe (falecida quando ele ainda era muito pequeno) e não pôde deixar de se perguntar como seria se ela ainda estivesse ali. Bobagens.

Não valia a pena perder tempo com aquilo, então o garoto pegou uma toalha azul e seguiu para o banho (para se encontrar com Roxanne, alguns sacrifícios eram necessários), onde reencontrou seus velhos amigos: os senhores sabonete, shampoo e esponja de banho.

Enquanto a água caia sobre seus cabelos, o coração de Max batia forte, cheio de preocupação:

— Cara... E se acontecer alguma tragédia? E se o pai dela não a deixar sair? Por favor, meu Deus, que tudo dê certo...

O ComeçoOnde histórias criam vida. Descubra agora