Pov: Levi
Domingo a tarde é ideal para tomar umas geladas, resolvi então ir na conveniência mais próxima para buscar as brejas e também algum tira gosto.
Confuso por não conhecer muito bem o bairro onde moro a poucos dias, a esperança de refrescar a goela cai por terra. Estaciono a moto e observo bem antes de virar a esquina e ser surpreendido, meus olhos bateram a vidraçaria de uma loja de roupas e meu deus, como estou mal vestido e ainda com a barba por fazer, fala sério! Estilo deve ser constante na vida de um ser humano.
Entrou na loja e escolho as peças que mais me atraiu e visto. Agora sim, estilo.
— Obrigado pelo atendimento. — Bati na sineta e sai da loja deixando para trás meus trajes velhos. A rua ainda continua vazia e quieta, somente eu e a minha Suzuki cafe racer 125 que peguei emprestado dois dias atrás.
O homem estava a beira da morte jogado no meio fio, eu caminhava tranquilamente tentando não ser percebido pelas criaturas, quando o pobre homem foi atacado, a moto não haveria serventia para ele então a peguei.
Nunca que com meu antigo emprego usaria roupas estilosas como estas e pilotaria uma moto dessas. Era algo inimaginável para mim, eu agradeço a quem quer que seja que tornou isso possível.
Montei na cafe racer e acelerei umas cinco quadras quando avistei um deles perambulando, trombando a todo instante em postes e latas de lixo. É melhor eu passar direto e não lutar, não tenho interesse em enfrentar essas porcarias de carne pútrida com meia vida, grunhindo vorazmente por um pedaço de carne minha. Me dá arrepios.
— Aêhhh! Um depósito de bebidas! — gritei emocionado. — Que merda, um zumbi bem na porta.
Uma raiva incontrolável subiu pelo meu corpo me fazendo descer da moto feito doido e esbofetear o morto vivo até mata-lo de vez. Eu li em seu crachá que ele era um trabalhador do estabelecimento.
— Paulo Henrique, não é? Muito obrigado por seu atendimento. — Segurei seu pescoço e empurrei contra a parede em frente a loja, depois apanhei um pedaço de pau no chão e o golpeei fortemente na cabeça matando-o.
Foi o terceiro zumbi que matei até o momento. O primeiro eu matei foi com muita dificuldade, já que tentei de tudo, chute no saco, rasteira, socos na costela e o miserável não apresentava estar abalado, então não tive escolha se não esmagar seu crânio com uma caixa de som da JBL que achei na rua. Acho que a JBL pertencia ao zumbi que matei. O segundo zumbi foi ontem, eu o atropelei com a moto, quase que cai e fui de base junto.
— Minha sorte é que a eletricidade ainda funciona! — Busquei no freezer a cerveja mais gelada, tirei a tampa e bebi várias, uma seguida da outra.
Na quinta de garrafa de 600 ml eu já apresentei tontura e felicidade estupidamente exagerada. Queria que meus amigos estivessem aqui comigo, mas não faço ideia onde eles estejam.
Há algumas semanas eu vivia num bairro caótico demais para se viver, ainda mais para mim que arrumei intriga com uma família de traficantes da área depois que vesti uma camiseta branca com vermelho, nada demais, mas para eles eram as cores da facção inimiga. Eles ameaçaram me matar e jogar meu corpo na vala, por sorte um deles só me expulsou. Pois ele me devia um favor antigo que certa vez escrevi cartas da namorada dele para ele que estava preso. A namorada dele não sabia escrever e quando o cara foi solto disse que me faria um favor. Ainda bem que ele não descobriu que a mulher dele me pagava pelo serviço com saliências.
Ela não se atreveu de dizer para o namorado e nem eu seria trouxa em contar que não precisava do favor quando ele foi liberto. No fim eu comi bem e ainda fui tratado como amigo pelo traficante. Lembrar disso me fez rir muito deitado no chão do depósito de bebidas.
Tudo parecia estar tranquilamente perfeito, nenhum zumbi me apareceu embora eu tenha feito barulho. Então do nada surgiu ela, loira de pele clara, olhos verdes, e boca carnuda, seu corpo parece ter sido desenhado a mão pelos artesãos celestiais. No entanto o mal humor era visível e estampado na sua face.
— Minha nossa senhora, de zumbis a bêbados não sei qual fede mais. Bom, desculpa atrapalhar, só quero pegar um suco bem gelado e água. — ela abriu a geladeira e pegou duas garrafas, uma de água mineral da indaiá e um suco Del vale de laranja.
— Vai uma gelada aí? — Ofereci a garota, porém recebi desprezo.
Não querendo um não como resposta levantei e pensei em oferecer novamente, mas seu olhar gélido me fez recuar. Que garota fria e sem emoção, deve daquelas patricinhas que ignoram qualquer macho escroto como eu.
— Não tenho interesse em me aliar a qualquer um, tenho uma base e também tenho amigos esperando por mim, se for tentar alguma coisa saiba que eu não sou fraca. — Ela ajeitou os cabelos — Uma forma de viver como a sua não é o ideal.
Ela deu as costas e antes que pudesse sair, disse:
— Quem sabe se você virar um zumbi eu acabe matando você. Tchau.
A loira saiu caminhando lentamente de uma forma sensual e provocante, meu coração bateu ainda mais rápido, essa garro é tudo que um primata dos tempos modernos deseja ter. Ainda mais agora que o mundo não é mais o mesmo, sem flertes, sem encontros e sem sexo.
Quem é que vai se preocupar em foder fugindo dos zumbis? Embora a vontade venha, tem-se outras preocupações com selo de importância timbrado.
— Ah, outra coisa — ela disse parada sem se virar. — Vou roubar sua moto.
E foi o que aconteceu, ela levou meu coração e minha moto. Quando a ficha caiu ela já tinha virado a esquina e desaparecido sem ao menos dar pistas de retorno.
— Minha cafe racer 125, não!!!!
Pov: Alice
Preferia roubar uma bicicleta ou um skate que uma motocicleta, essa daqui rápida demais e não estou acostumada com a embreagem, e por conta disso a todo instante estanco o motor. Até aí tudo bem, se não fosse pelos zumbis me cercando toda vez que tento liga-la novamente.
— Que vida complicada viu! Eu preferia me trancar na base e nunca mais sair, mas quem vai se aventurar por aí se não for eu? — Depois que discuto comigo mesma, eu consigo ligar a moto e partir.
Os zumbis estão ficando agitados hoje, talvez seja o calor de 36 graus, percebi que em dias de frio eles não estão muito ativos. Se não estiver enganada no inferno será mais simples andar por aí.
No dia Z, eu voltava do colégio com o coração na mão temendo que meus pais estivessem mortos. E para minha dor e sofrimento, minhas suspeitas estavam corretas. Merda de pesar que não deixa dormir a noite. A sensação de insegurança a todo momento é constante e me trás pesadelos horríveis.
Apesar do sistema está precário, o mundo não se tornou uma balbúrdia, a maioria das pessoas trancaram-sem em casa com estoque de alimento e água para meses e só pretendem sair quando o governo enviar ajuda.
Ter eletricidade é uma mão na roda, se fosse como nos filmes de apocalipse zumbi, nós estaríamos em mãos lençóis. Finalmente cheguei no esconderijo, e graças a Deus que Ruan veio atender o portão sem eu ter chamado. Entrei com a moto e depois tranquei o portão com todos os cadeados.
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Diário do Apocalipse Zumbi
Science FictionSobreviver num apocalipse zumbi não é fácil, as vezes temos vontade de fazer algo e não podemos por medo dos malditos mortos-vivos, mas quem tem a coragem para enfrenta-los e ter uma vida de conquistas além de sobreviver, alcançará novos horizontes.