saudade.

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Em meus sonhos ainda te encontro, te abraço, jogo conversa fora. E quando acordo desejo desesperadamente que sejam realidade, que se tornem reais.
Tamanha era a decepção quando constatava que você não estava comigo, ali com um ombro amigo do qual eu pudesse deitar e desabafar. Com mãos delicadas que iram andar em círculos nas minhas costas, uma tentativa de me acalmar, uma maneira de mostrar que se importa.

Tenho saudade de teus olhos expressivos, que com só um olhar conseguia colocar em palavras aquilo que você não conseguia dizer. Desse olhar doce e paciente, dessa linda cor que carregavam, dessa calma e simplicidade que guardavam.

Ah, seus lábios sempre tão rosinhas e sorridentes, lhe emolduravam a face, junto do seu sorriso caloroso e animado.
Da risada que o acompanhava de maneira quase automática, ouso dizer mágica. tudo era uma combinação perfeita para se beijar.

A linda maneira que seus lábios se moviam  sempre que ia dizer algo, seu jeito de falar, seu sotaque, sua dicção não muito boa que não era compensada pela velocidade que falava.

Da forma que escuta com atenção tudo oque falam para ti, mesmo que as vezes não façam isso por você.
Talvez seja por isso que faça questão de prestar atenção, para não repetir o mesmo erro.

Também tinha o seu estilo único de se vestir, se expressar. suas roupas eram brilhantes e coloridas oque contrastava com a cor de seus tênis pretos, que ganharam um grande pedaço de seu coração, talvez um pedaço maior do que eu jamais ganhei.

E apesar de o tempo passar parece que minha saudade só aumenta.
Geralmente as pessoas dizem que some com o tempo, porém pelo jeito isso não se aplica a você.
A saudade some quando deixamos de lembrar de alguém, some porque as lembranças boas se vão e no fim tudo oque resta é um borrão do que já foi, as vezes nem o borrão.

Provavelmente as lembranças ainda não se foram por conta dessa cidade, que insiste em me lembrar de tudo, seja bom ou ruim, me lembra você.

Lembro-me de caminhar junto a te nesta mesma praça, lembro-me perfeitamente de cada passo, de cada tropeço, de cada parada. Lembro de nos sentarmos em um banco, ele era azul meio desbotado e com a pintura descascada. Lembro do clima, das árvores, do vento, dos sons e dos animais.
Lembro de ver crianças brincando, de ver suas mães conversando, dos risos.
Porém não me lembro da nossa conversa, nem da sua roupa, só do sapato, eram aqueles tênis pretos surrados.

Sinto falta de quando nos nós encontravamos somente para escutar música, sem conversar, apenas escutar música.
Tinha momentos que dividiamos um fone, tinha momentos que cada um levava o seu.
Eu Achava o seu headphone lindo, era todo decorado e tinha lindas estrelas nele, era quase como se ganhassem vida e saltassem para fora, quase como se  representasem noite estrelada bem na minha frente.
Naqueles momentos só a sua presença era suficiente.

E mesmo com toda essa distância nos separando quando olho para o céu noturno te encontro na lua, te encontro me chamando. procuro ficar quieta para escutar oque você tem a me dizer, para escutar oque o silêncio tem a me dizer.
Pelo menos assim me sinto menos só.

Com a brisa vejo uma borboleta que era tão bela quanto a luz do luar, suas asas eram de um azul bem vivido havia preto em alguns pontos.
De alguma forma aquela borboleta me lembrava você já que, mesmo sendo tão belas as borboletas não conseguem ver o quão bonitas são.

Olhando agora enquanto estou relembrando desses momentos é quase como se minha memória fosse uma câmera, uma daquelas bem antigas que tem o filtro de cor bem saturado e da qual algumas partes do filme já se perderam mas que as partes importantes permaneceram.
Isso mostra que acho você importante, já que, entre tantas pessoas que não lembro mais você foi tão impactante ao ponto de eu te guardar na minha memória tal qual uma câmera.

A sua presença era igual a brisa da manhã, especificamente a brisa das seis, era tão agradável quanto, era tão suave e principalmente era tão desejável quanto.

Mas como tudo tem fim, com você não foi diferente, não foi de imediato e sim gradativo, e para alguém que não aceita finais foi bastante dolorido, muito dolorido. porém nada é para sempre, nada dura o suficiente para chegar no para sempre, tudo acaba.
pessoas entram e saem de nossas vidas e tudo oque possamos fazer é escolher como lidamos com esses finais.

Ainda sinto saudade, todos temos direito de sentir saudade, mas chega uma hora que precisamos seguir em frente, chega um momento que precisamos parar de encarar o passado como um fardo e entender que para vivermos o futuro precisamos superar o passado, não esquecer e sim entender a parte que erramos para não repetir o mesmo erro e também ver a parte que as pessoas erraram para evitar futuramente.

mas por enquanto tudo oque sinto é saudade.

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