Cap 6

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Thais Melchior

Em 05 anos juntos, nunca vi Alex tão furioso como nesse momento, seus olhos estão como chamas vivas, os punhos cerrados, e a testa franzida.
Sem saber o que fazer ou dizer, apenas amasso o bilhete atrás de mim e coloco no bolso de trás da calça de linho.

— Não vai responder a minha pergunta ? — Ele se aproxima um pouco mais

— Alex, por favor! Se acalme. Não é nada do que você está pensando… — Ele interrompe a minha fala

— Pensando Thais ? Eu não estou pensando, eu li esse bilhete no criado mudo, ao lado da cama onde dormíamos juntos… Você tem ideia de como estou me sentindo ? — Vocifera, visivelmente magoado

— Não fizemos nada Alex, foi só um beijo — Deixo as lágrimas caírem sobre meu rosto, baixo o olhar, sem condições de encará-lo

— Foi só um beijo… — Ele repete a frase com fúria nos olhos — Não acredito mais em você! A quanto tempo está me traindo ? — Segura minha face entre as mãos, com firmeza, fazendo-me levantar o rosto e encará-lo

— Você está me machucando — Seguro seu punho, a fim de afastá-lo, mas ele não se intimida e aperta um pouco mais

— Não vou sair daqui, até que diga a porra da verdade — Seu tom sai alterado, e suas palavras me assustam

— Me solta Alex ! — Falo com dificuldade, ao sentir os ossos da minha face doerem, mas ele parece não me dar ouvidos, então uso a única alternativa que me resta

Desfiro um golpe em suas partes íntimas, ele se agacha, a fim de tentar conter a dor, aproveito para sair de seu alcance, subo as escadas e me tranco no quarto.

— Você ficou louca ? — Consigo ouvir seus gritos, e depois os passos próximos a porta do quarto

Agacho ao pé da cama e me sentindo confusa, recomeço a chorar, um choro de desespero, medo, tensão, insegurança, mas não de mim e sim de uma pessoa que eu julgava conhecer suficientemente bem, um homem que eu acreditei ser capaz de me proteger, e agora está na minha casa, como uma ameaça de morte contra mim.

— Thais, abre essa porta e vamos conversar! — Ouço sua voz, agora mais calma, mesmo assim não me convenço de que está no seu estado normal

— Vai embora, por favor! — Peço, entre os soluços do choro

— Não vou sair, com você nesse estado, me perdoe, eu perdi a cabeça — Ele diz, parecendo realmente arrependido

— Eu não te traí, se é o que quer saber. Apenas me apaixonei por outra pessoa e não tive a coragem de te contar… — Digo, com toda sinceridade do meu ser

De repente, ouço um murro na porta, me assusto, porém não me movo do lugar. Sei que emocionalmente, ele está derrotado, mas nada justifica seu ato impensado de apertar minha face  daquela forma.

— Quem é ele ? Quando foi que deixou de me amar ? — As perguntas surgem, após alguns segundos em silêncio

— Isso não importa mais! Apenas peço que aceite o término do nosso relacionamento e viva sua vida da melhor forma possível! — Digo, na tentativa de encerrar o assunto

— Aceitar ? Parece muito fácil pra você… Fique sossegada, não vou mais incomodá-la ! — Sem que eu diga qualquer palavra, escuto seus passos se afastarem do local. Levanto e me aproximo da porta, encosto o ouvido ali e então deduzo que ele foi embora, ou pelo menos, desceu para o andar de baixo

Me dirijo até a porta de vidro do quarto, que dá acesso a varanda externa, e observo, até vê-lo sair com as chaves do carro em mãos, entra no veículo e bate a porta com força, ligando o motor e arrancando com tudo em seguida.

Quando tudo começou Onde histórias criam vida. Descubra agora