A ESTRADA DE TIJOLOS AMARELOS DE HÉRMIA AUBREY

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O sino dava seu sétimo badalar na escola católica quincentenária de Santa Ofélia do Canto Piedoso, sinalizando o final do período letivo. Em meio ao som de conversas entrelaçadas e de uma multidão de passos, uma garota, cuja presença é ao mesmo tempo cativante e humilde, se despede de suas colegas de classe, sempre entusiasmadas em estar ao seu lado. O nome dela, sussurrado com reverência nos corredores, era Hérmia. Hérmia Aubrey. Seus cabelos dourados, como a luz do sol caindo em cascata pelo dossel da floresta, emolduravam um rosto que parecia conter os segredos mais antigos do mundo. Seu olhar, um tom de azul profundo e introspectivo, continha um mistério sedutor que convidava à curiosidade, mas que nunca revelava muito. Ela circulava pela escola com uma elegância tranquila que chamava a atenção e conquistava admiração, mas permanecia despretensiosa e humilde, como se não percebesse a aura que a rodeava. Seus passos eram gentis, quase como se estivesse pisando levemente na terra; não deixando pegadas, mas ao mesmo tempo marcando o coração daqueles que a presenciavam.

A humildade de Hérmia era tão radiante quanto seu intelecto, pois estava sempre disposta a ajudar os outros, oferecendo orientação e apoio sem qualquer sinal de condescendência. A sua bondade se estendeu para além da sala de aula, à medida que se envolvia em vários projetos de serviço comunitário, com o seu altruísmo inspirando outros a fazer o mesmo. Tamanha humildade, sabedoria e graça fizeram dela uma presença magnética, atraindo pessoas a ela como mariposas a uma suave e atraente chama. Sua existência era uma ode a tudo que há de ser belo, e não havia dúvidas que era merecedora do epíteto que acompanhava seu nome: "Hérmia, a Graciosa".

Inegavelmente, era tão natural amá-la como um objetivo a ser alcançado quanto odiá-la por tal feito parecer impossível. Era algo paradoxal, capaz de transformar suas bênçãos em um fardo e criar uma barreira que a isolaria do resto da escola. Mas sua presença parecia estar além de qualquer sentimento impuro: não os negando de existir, mas criando obstáculos para serem demonstrados. A escola, por sua vez, entendia que Hérmia não era só um caso de uma aluna exemplar, mas um tipo de fenômeno, e que deveria ser encarado como único. Não existiria alguém antes ou depois de Hérmia Aubrey.

No abraço tranquilo do final da tarde, enquanto o sol lançava sombras longas e lânguidas sobre o pátio vazio, Hérmia seguia um rumo fixo, um compromisso que não poderia ser adiado. A antiga capela da escola, presente desde sua formação, era seu destino. O caminho até lá era chamativo, se destacando com uma trilha de tijolos dourados, como se houvesse algo divino a ser alcançado em seu final. Na verdade, era exatamente o que Hérmia sentia. Não sabia explicar, mas era consumida por um sentimento libertador ao se ver sozinha naquela capela, tomada pela atmosfera de reverência silenciosa.

Uma construção antiga de pedra, a capela era uma testemunha da passagem de épocas, demonstrando cicatrizes das estações, de chuvas e ventos que a açoitaram, exalando uma grandeza silenciosa. Suas janelas, com imagens eclesiásticas em vitrais, filtravam a luz do sol em um caleidoscópio de cores, pintando o chão de pedra com padrões etéreos que dançavam em reverência ao divino. O ar, pesado com o cheiro de madeira polida dos bancos e incenso antigo, inspiravam uma conexão com o atemporal.

Neste acolhimento sacro, Hérmia sentia que não era mais aquela que todos conheciam e que, de alguma maneira, também não existiria além daquele momento. Ao se curvar no altar e começar suas orações, seu corpo e mente se tornavam duas coisas distintas, numa cisão de mortal e divino. Parecia sentir que não havia outra forma correta além daquela de existir.

Nas suas preces, desejava o bem de todos da escola, de seus pais e daqueles que necessitavam de qualquer ajuda para seguir em frente. Nunca antes havia pedido algo para si. Pois, se tivesse que descrever seus dias em Santa Ofélia, não teria como defini-los além de alegres e satisfatórios. Era como uma eterna primavera, repleta de pessoas que amava ao seu redor e atividades que enriqueciam seu coração.

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⏰ Última atualização: Mar 08 ⏰

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