O duende de Curitiba

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O DUENDE DE CURITIBA
Era verão em Curitiba, um dia atipicamente seco e ensolarado, com um céu azul belo demais, e, no meio do agito que sempre acontecia nas manhãs de domingo, se você fosse um bom observador, veria em meio ao vai e vem de gente na feira do Largo da Ordem, uma menina e uma mulher (já adianto mãe e filha), ambas com um pastel na mão, estavam andando meio perdidas, com o olhar curioso e um trejeito também curioso, porém com um desconforto que só se vê em quem é de fora em qualquer cidade.

A mãe se chamava Marta e a menina Júlia, vieram do Norte do país. Já que parte da família já morava no Paraná, a mãe decidiu aventurar-se na mudança, com pouca bagagem e muitas expectativas, vieram abertas a aproveitar essa nova fase, depois de uma viagem longa e cansativa descansaram por dois dias, no hotel em que estavam, até chegar o dia de entrarem no apartamento já alugado, o que seria em quatro dias, e após o merecido descanso era domingo e foram conhecer um pouco a cidade.

As duas passavam atentas por todas as barracas de comida, artesanatos, presentes e tudo mais, e assim foram andando pela rua. Até chegar ao Museu Paranaense, entraram e foram olhando com calma cada canto, até que a menina, que tinha por volta de 12 anos, viu de relance uma criatura passar pelo corredor a frente delas, uma criatura, não uma pessoa, deduziu, pois com um corpo curto, bem pequeno mesmo, orelhas pontudas e compridas e uma velocidade considerável, aquela criatura a confundiu, assim ela soltou a mão de sua mãe e no corredor correu na direção que acreditou ter visto tal criatura indo.

Júlia não queria ser precipitada, mas considerou ser um duende, correu bastante, mas não obteve sucesso; ainda levou uma bronca da mãe por correr daquela forma, sendo encontrada sentada no chão embaixo de um quadro.

Tentou explicar o ocorrido, sem sucesso algum, já que a mãe não acreditou, elas passearam mais um pouco e foram saindo do museu, enquanto a menina ainda na esperança tentava convencer a mãe do que havia visto, uma senhora bem idosa passou por elas, e chamou-lhes a atenção.

— Com licença — disse a senhora — menininha, o que você dizia para sua mãe agora mesmo?
— É que vi uma criatura, não sei não, acho que pode ser um duende, minha mãe não acredita, mas eu vi, aí eu saí corren… — O olhar da mãe pra ela foi de uma pessoa incrédula e com a voz um pouco envergonhada, ela interrompeu dizendo — Sabe como é, né? Acabamos de nos mudar, e ela está encantada com a novidade. Criança é assim mesmo.

A senhora com uma expressão serena olhou para Júlia e disse calma — Sabe, na verdade, eu acredito em você, há quem diga que nessa cidade existe magia, desde os tempos antigos, seres mágicos que ficam pulando por aí, mas menina, sua mãe não vai ver, apenas aqueles com uma mente aberta podem ver as criaturas, tu deu foi sorte, acredito em você, quase ninguém bota fé em mim, mas eu vejo, sim, vejo até hoje pequenas criaturas, mas não corra atrás deles, um dia desses pode se perder e nunca mais ser encontrada, aí sua mãe vai ficar triste.

Dona Marta certamente não acreditou no que ouviu. Deu um sorriso sem graça para a velha e cutucou a menina, dizendo: — ‘Viu, não saia correndo assim.’ — E saiu dali pensando que foi o jeito dela aconselhar a menina, mas precisava dar asas a essas fantasias?

Júlia seguia intrigada com o que havia visto no museu. Diferente de sua mãe, uma pessoa muito focada na realidade que não gostava nem um pouco da mente imaginativa da filha, ela acreditava que as coisas não eram tão simples e que existia um mundo que ia muito além daquele visto pelos olhos das pessoas comuns.

O passeio seguiu, a menina apenas acompanhando a mãe, sem ousar abrir a boca novamente. Pararam outra vez nas barraquinhas de artesanato, dona Marta encantada com os panos de prato bordados e objetos simples que ficariam muito bem na decoração da nova casa. No entanto, para a menina aquele momento deixou de ser interessante e o tédio fez com que seu olhar vagasse à volta, em meio as outras barraquinhas.

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⏰ Última atualização: Mar 10, 2024 ⏰

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