A Épica Saga de Afrodite

O Encontro

1º de Julho de 2038 – Acampamento Meio-Sangue

Certas histórias de amor, por mais clichê que sejam, nunca vão cansar os ouvidos de meus espectadores. Aliás, me deixe reformular! Para mim, deusa do amor, não existe clichê ruim. O que existem são pessoas que escrevem mal e propagam por aí histórias supérfluas daquilo que eu faço. Amor não acontece do dia para a noite, e eu deveria merecer um crédito maior por todo esforço que faço aqui. Desejo, luxúria, atração, essas coisas sim podem ser instantâneas. E, claro, eu também sou responsável por isso, mas é meu trabalho inicial. Como, colocar levedura para o pão crescer. Sem a levedura o calor de nada serve, mas sem o calor o pão não cresce. São ingredientes, passo a passo de uma receita magnífica. Sabe quem entende isso muito bem? Essa pequenina prole de Deméter. Não me surpreende, minha tia cultiva o tipo de amor que é o primeiro que toda criatura que veem a esse mundo presencia: O amor maternal, ela faz as rosas que representam o amor desabrocharem. Harry Styles apenas entende como ninguém a minha total importância. Talvez... até demais. Ele vive em uma eterna busca para achar aquele que irá preencher seus dias com a felicidade que apenas a devoção de duas pessoas pode proporcionar. Só que o neném tinha apenas doze anos, doze aninhos procurando por esse tipo de amor eterno. Gracinha. Me faz querer dar a ele exatamente isso. Foi quando eu tive uma ideia. Harry tinha o maravilhoso poder de ser adorável, certo? Quem melhor do que ele, para convencer a pessoa que mais me odeia, de que eu não sou um monstro? Exatamente!

Que gênia que sou! Um presente para ambos, e uma eterna servitude por ser tão... Qual a palavra? Generosa. Esse era o primeiro ano de Harry no Acampamento Meio-Sangue, e – depois de uma maravilhosa oferenda que ele me deu antes de pegar o ônibus escolar de Moira (a cidade dos semideuses) até o Acampamento – a viagem se encerrava por aqui. "Graças aos deuses." O pequenino pensou, assim que saltou do ônibus e respirou o ar fresco da floresta ao redor do Acampamento. Por medidas de segurança, o ônibus estava infestado de um odor desagradável: Uma mistura de chulé e cerveja, algo que parecia incomodar bem menos seu irmão gêmeo saindo logo atrás com a mesma expressão serena. Sinceramente, esse menino para mim tem sempre a mesma expressão, então por dentro vai saber, ele pode estar chorando de desespero e nunca saberemos. Prole de Atenas, né.

A única parte ruim disso tudo era ter que dormir separado de Edward. Harry estava ansioso para começar seu treinamento e conhecer mais semideuses, mas definitivamente não estava acostumado a ficar longe do gêmeo. Essa falta ele sentiria na hora de dormir, agora os olhares estavam observando os arredores. O Acampamento Meio-Sangue era mais bonito do que sua imaginação havia projetado, gostava imensamente de estar no meio da floresta também. Nada mais agradável para um filho de Deméter do que estar ao redor de tanto verde, sua mente já brincava com as mil ideias que brotavam ao ver espaços vazios sem flores e plantas exóticas. Ele viria a descobrir que esses eram espaços de treinamento e deveriam ser assim, mas nada o impediria de torná-los mais bonitos.

Quando despertou dos devaneios, Edward já havia pego sua mala e a dele do porta malas do ônibus. Ele esticou o braço para pegar a mesma, mas o irmão não deixou. Harry sabia melhor do que argumentar. 

– Será que alguém vai nos mostrar o acampamento? Não quero me perder, ele é enorme! – A animação em sua vozinha de menino era tão cativante. Como não adorar esse rostinho de querubim com os cachinhos no rosto? Estranhamente Edward era igual e não me causava a mesma reação. 

– Imagino que alguém dentro do seu chalé vai ajudar com isso, mas não se preocupe se você se perder. É só aprender onde fica a fronteira e não passar... Harry? Você 'tá me ouvindo? – Tudo bem, querido, eu também não prestaria atenção. Com certeza a arquitetura dos chalés é muito mais interessante do que essa listinha de regras.