Capítulo II

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Quando acordei o Nanami já estava acordado, continuamos deitados, eu peguei a mão direita dele e comecei a fazer carinho e perguntei por que ele tinha ficado.

- Porque você pediu. Disse ele.

- Mas você poderia ter ignorado.

- Por que eu faria isso ? Ele indagou.

- E por que não ?

Ele segurou minha mão e disse:

- Você falou que estava com medo, eu não podia ignorar isso.

Fiquei emocionada com essas palavras, eu sempre fui ignorada pelos adultos a minha volta, como alguém poderia não me ignorar ? Eu não sou importante, não entendo, esses pensamentos me deixaram desconfortável e eu virei para o outro lado, ele perguntou o que tinha acontecido, mas eu não queria falar, não quero que ele saiba de mais nada, depois que ele for embora eu nunca mais vou vê-lo e esse momento vai desaparecer, o meu coração dói só de pensar nisso, eu acho que sou uma garota muito carente.

Sem falar nada eu levantei e comecei a fazer o café da manhã, é domingo então eu não vou trabalhar, poderei organizar minhas coisas e estudar, enquanto eu fazia o café o Nanami sentou e ficou olhando para mim, ele parecia confuso, colocou os ombros sobre a bancada da cozinha, perguntou de novo o que estava acontecendo, eu falei que não era nada e que a comida estava quase pronta, ficamos em silêncio até eu terminar e depois de comermos ele falou que ia embora, eu o acompanhei até a porta, mas antes de sair ele virou para mim dobrou um dos joelhos me olhou nos olhos e perguntou o que estava acontecendo e ficou ajoelhado me olhando, eu fiquei paralisada, queria fugir dali, "Por que ele fez isso logo agora ? Por que parece que ele se importa ?" eu pensei, não aguentei segurar aquele sentimento dentro de mim e novamente lágrimas escorreram pelo meu rosto, eu abracei o Nanami com força e enquanto eu chorava ele suspirou dizendo "está tudo bem", ele ficou abraçado comigo até eu parar de chorar, quando eu parei ele acariciou minha cabeça e perguntou se eu queria conversar sobre isso, eu balancei a cabeça dizendo que não.

- Quer que eu fique mais um pouco ? Ele perguntou.

- Quero ficar um pouco sozinha. Eu respondi.

Então ele pegou o paletó e falou que eu poderia ligar para ele se precisasse de algo, eu ainda não tinha o número dele, peguei meu celular e trocamos contato, antes dele sair eu agradeci por tudo, ele entrou no carro e foi embora, naquele momento eu soube que nunca mais o veria, pelo menos foi o que eu pensei. 

Eu não queria me apegar a ele, da última vez que eu me apeguei deu tudo errado, eu tinha um namorado na escola e nos amávamos muito, ficamos juntos por mais ou menos um ano, mas no final do ano passado ele terminou comigo, tivemos tantos momentos felizes juntos, quando estava com ele tudo parecia melhor, eu nunca contei para ele o que acontecia na minha casa, ele era uma parte boa da minha vida que eu não queria estragar, mas um dia fomos a um café e ele disse que queria terminar, eu perguntei se eu tinha feito algo de errado e ele disse que não, então eu levantei agradeci a ele por todos os momentos e saí, ele tentou vir atrás de mim, mas eu só queria fugir daquele lugar, eu não acreditava no que estava acontecendo, eu corri para casa e chorei feito uma criança enquanto o Toge tentava me acalmar, eu passei um mês inteiro muito triste, sentia tanta saudade, mas depois de um tempo eu acabei aceitando e  seguindo com minha vida, ele ainda é um bom amigo e nos falamos de vez em quando, o término foi em dezembro e já estamos em maio, então estou bem em relação a isso, eu só não quero que o mesmo aconteça com o Nanami, não quero me apegar a alguém de novo, essas coisas geralmente nunca acabam bem para mim.

Depois de uma semana morando sozinha eu estou muito satisfeita, posso comer na hora que quiser e ninguém vai se incomodar, posso ficar em qualquer lugar da casa e ninguém vai jogar vasos de flores em mim, apesar de alguns hematomas ainda não terem sumido completamente eu sei que isso nunca mais vai acontecer e isso não tem preço, hoje é sábado e eu trabalho pela manhã, trabalho como garçonete em uma cafeteria um pouco movimentada em Shibuya, como é apenas meio período e tem bastante movimento geralmente eu nem vejo o tempo passar. Já é quase hora de sair e me pediram para atender uma última mesa antes de sair, eu fui até a mesa e quando cheguei lá para minha surpresa o Nanami estava lá sentado, não pude conter minha cara de surpresa e pelo que vi ele estava surpreso também, perguntei o que ele iria querer, anotei o pedido e fui me trocar para sair, quando eu ia saindo olhei para ele e ele fez um sinal me chamando para sentar com ele, eu sabia que não era uma boa ideia, mas quando me dei conta já estava sentada na mesa, com ele falando que não sabia que eu trabalhava naquela cafeteria, eu falei que durante a semana trabalhava a tarde, mas nos sábados eu trabalhava pela manhã, talvez por isso ele ainda não tinha me visto por lá, conversamos mais um pouco e eu falei que precisava ir para casa, então nós dois saímos e ele me acompanhou até em casa.

Mina Nanami | Jujutsu KaisenOnde histórias criam vida. Descubra agora