Março de 2024 - reflexões de um colégio novo

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Oi, como vai?

Esses dias eu percebi muitas coisas, sei que não vou conseguir escrever metade delas, mas esse pequeno esforço não vai me matar.

Fiz uma atividade de projeto de vida e agora toda a minha vida se baseia nisso: sou má, todos somos, todos já desejamos o fracasso de alguém que odiávamos (na maioria das vezes, sem motivo algum), já mandamos alguém para a casa do ... apenas porque a existência dela não nos agradava, já mentimos sobre nós e sobre os outros para mudar perspectivas; de qualquer forma, acho que isso tudo quase equivale a um crime. Então eu cometi vários crimes.

Mas, apesar de tantas maldades, há uma forma de fazê-las o seu castelo do orgulho, algo que não te incomode toda vez que você faz, algo que não te deixe com um enorme sentimento de culpa plantado no meio do seu peito, é, eu sei, eu também me sinto assim.

É pessoal, mas vou falar mesmo assim, não ligo de falar sobre isso para vocês:

Meu pior traço é a agressividade.

E ela parece forte e subitamente agarrada a mim.

Não consigo me livrar dela.

Todavia, ai vem o baque: eu realmente preciso eliminar tudo isso de mim?

Minha breve e sucinta resposta veio num rompante: não.

Todos os nossos traços são brilhantemente únicos e não consigo me enxergar sem algum deles, mesmo que isso signifique nunca abrir mão de me tornar alguém melhor e excluir algumas coisas negativas que pratico em meu dia a dia. Na minha incrível e não-tão-interessante opinião, se eu realmente fosse livre dessa pequena bolha de negatividade, eu nem seria mais alguém único, estaria me livrando de uma qualidade ou defeito que realmente me conceberia toda a forma única de ser e de existir, eu seria como uma outra pessoa na Terra, que talvez more na África do Sul, talvez na Rússia ou até mesmo no Havaí. O que quero dizer é o seguinte: somos o que somos por causa da combinação de diversos aspectos que vivemos, convivemos e praticamos todos os dias, se você se livrar de algo, deixa de ser você e passa a atuar como se estivesse num grande e idiota filme sem trilhas sonoras e piadas ruins.

Como eu estou acostumada a pensar esses dias, viva com quem você é, seja quem tem que ser. E daí que você tem inveja de alguém? E daí que você é obsessiva? E daí que você é agressiva? Se for mudar apenas para se encaixar numa construção social que diz que o jeito normal de ser não é assim, então não mude, seja assim, anormal, estranha e honesta demais para esse mundo podre e sujo em que pisamos todo os dias para seguir regras e padrões.

Somos aglomerados de poeira que um dia já foi um enorme aglomerado que formou a Terra, a via Láctea e vários outros corpos interestelares que existem por ai. Somos a terra, o ar, o sol, a lua, aquela constelação que vemos todas as noites, a água que bebemos e as coisas que compramos, a natureza que contemplamos e todo o vasto céu que nos abarca aqui. Somos tudo isso, e por isso somos maus e infelizes.

Tá tudo bem, ok? Respira, seja você mesmo e depois sofra as consequências. Sinta esse incômodo no seu peito por algum tempo, até se acostumar com a ideia de que tá tudo bem, muito bem em ser assim, faça mesmo não querendo fazer e, depois, chore no banheiro ou no quarto, ouça músicas tristes e absorva o sentimento, erga a cabeça e afirme: tá tudo bem.

Não precisamos mudar nós mesmos, precisamos mudar a concepção que temos sobre o que achamos ruim na gente, se eu sou agressiva, invés de mudar, vou apenas aceitar que sou assim, e depois de magoar alguém com minha agressividade elevada, peço desculpas. Pode parecer tóxico, mas eu me sinto assim, acho que cada um deve compreender que é a primeira vez de todos vivendo aqui na Terra, precisamos saber que estamos confusos e indecisos, que não sabemos o que fazer, somos todos novatos aqui, é um jogo entre novatos, calouros. Sem veteranos, ninguém nunca viveu duas vezes.

Além da aula de projeto de vida e minha intrínseca vontade de autoaceitação, reitero que esse é um diário sobre o colégio novo, como está no título.

Tenho novos amigos.

Somos: A, L, MJ e ML.

Minhas melhores conquistas e as melhores fofocas e os melhores momentos até agora foram:

1. Tenho um grupinho de 4 melhores amigos, e uma sou eu.

2. Descobri que o coordenador é bissexual e que ele gosta de desenhos animados e tem um relacionamento aberto com um namoradO.

3. Meu professor de projeto de vida que é um total branco com nariz igual ao da Lana Del Rey e que é super rico é bissexual e assume que ficaria com caras numa boa.

4. V (que ainda não sei se é do terceiro ou segundo ano) virou meu amigo.

5. Tirei notas legais, tô feliz.

6. Todo mundo elogia minha letra.

7. A adora mexer no meu cabelo e pentear ele.

8. Abraço ML, A e L todos os dias de manhã e a tarde, é legal porque faz a gente parecer mais próximo.

9. Faço educação física de boa, sou incluída nos grupos e me sinto lindérrima com o shorts.

10. Tiraram uma foto minha para uma trend, no quadro de "mais inteligentes".

11. Gostei de uns 3 caras, só 1 deles fala comigo, mas eu não tô nem ai.


Vi um cara bonito cujo rosto me remeteu um ator de uma série que eu amo, foi na rua, eu estava com um vestido preto de alcinha horroroso, sem peito porque estava com um sutiã velho todo amarrado pra não mostrar a alça e sandália, SANDÁLIA!!! Ele estava lindo, cachos abertos despencavam de seu couro cabeludo e sua blusa cor-que-não-me-lembro era polo, também não lembro que calça usava. Eu tava indo pro banco, ele, eu não sei.

Me apaixonei.

Existem os outros 3 garotos da escola. Um é da minha sala, cabelo cacheado, pequeno, moreno, sempre chega atrasado. Muito burro e também descarado. Ele gosta da minha melhor amiga. Também gosta de dizer que sou estranha.

O segundo é um menino da outra turma, cabelo liso e rosto perfeitamente simétrico e esculpido, ele é um deus, socorro! Lábios que me fazem perguntar quem é Afrodite perto dele. Mais bonito que o Conan Gray, de fato. Ele é branco e nos primeiros dias de aula ficamos na mesma sala. Seu nome é Antony ou Anthony ou sei lá, não sei como escreve. Ele é bom em matemática. Ele tem um grupo nerd de amigos que também são bons em matemática. Ele é horrorosamente lindo. Nunca falei com ele.

O terceiro é o que é muito lindo, porém, nunca vamos nos comunicar e nunca vamos sequer nos olhar por mais de 3 segundos. Tem cabelo ondulado e bate no ombro, rosto bonito, esculpido também, é branco. Seus cabelos são um tom entre castanho claro e escuro, combina com ele. Já nos olhamos algumas vezes, mas nunca falei com ele. Me lembra um personagem de Pessoas Normais, por isso, nunca vamos nos falar, jamais, isso é proibido. Está fora de questão, mas é lindo, muito lindo.


Tem mais, mas não me sinto confortável para falar sobre agora. Minhas mãos estão doendo.

Até algum dia desses.


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