Side Story 01 - O fim

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Aviso, contém gatilhos, e não é uma história feliz. Boa leitura....

Izuku Midoriya, 31/12/2023.
Olá, hoje é o último dia do ano, e sobre esse ano? Bem... Foi meio conturbado... Acho que não tenho como descrever esse período sem contar os acontecidos... Você deve estar se perguntando por que eu estou escrevendo essa dissertação certo? Pra isso precisamos voltar um pouco no passado, para ser mais claro, vamos voltar no meu primeiro dia de trabalho no café do All Might...
Naquela época eu tinha pavor de alfas, e por obra do destino posso dizer, acabei conhecendo o Katsuki Bakugou no meu primeiro dia de trabalho, ele era um jovem intrigante, cativante, lindo e um pouco esquentado, e me tratava de forma diferente de tudo que eu já havia passado ou presenciado... Senti-me feliz... Eu o chamava de Kacchan, era uma forma carinhosa de chama-lo... Rapidamente nós nos entendemos, viramos amigos e muitas coisas aconteceram, nós trabalhávamos juntos todos os dias, após o trabalho eu ia para faculdade e ele ficava me esperando para me acompanhar para casa, como eu morava muito longe, após um tempo trabalhando me mudei para uma esquina depois do trabalho, que também ficava próximo ao campus, Kacchan passava muito tempo na minha casa.
Fazia apenas 4 meses que nós estávamos em um relacionamento sério quando ele me pediu em casamento, da forma mais linda e romântica possível, eu sempre gostei de ver o sol nascer em frente ao mar, e nesta noite, ele fez todas as minhas vontades, mesmo que as vezes quisesse implicar comigo como sempre fazia, ele se segurou, e ao alvorecer do sol ele se ajoelhou, com uma caixinha vermelha lindamente trabalhada com dourados ele disse:  "Deku, eu não sei se você vai me aceitar, mas que se foda... seja meu pra sempre"... Eu ri muito, pois aquilo era muito a cara dele, me senti a pessoa mais amada do mundo e claro que aceitei seu pedido meio engraçado... Nós tivemos muitos dias e noites felizes juntos, conhecemos os pais um do outro, fomos amados pelos nossos familiares e amigos também, nos casamos da mesma forma do pedido, em frente ao mar, com todos nossos amigos e familiares reunidos, estávamos felizes.
Com 6 meses de casados veio a melhor notícia de nossas vidas, estávamos à espera de um bebe, acredito que nunca vi o Kacchan mais feliz, ele chorava e sorria ao mesmo tempo que me abraçava forte, me senti o ômega mais feliz do mundo, ficava imaginando nosso filho loiro como o pai e com os olhos verdes iguais aos meus, sempre que eu me sentia enjoado ou desconfortável ele me acalmava com seus feromonios, éramos felizes como nunca... Em uma noite de trabalho, estávamos comemorando meu primeiro ano no café, todos estavam alegres e agitados quando Kacchan sentiu um mal estar... Eu senti que ele não estava bem, ele estava do outro lado da sala, mas como nossa conexão era muito forte, eu sentia seu desconforto, nesse momento me levantei e fui a sua direção, quando minha mente ficou em branco e eu travei... Eu estava ali imóvel enquanto meu amor caia no chão, todos tentavam acordá-lo, mas nada fazia efeito, senti minhas pernas cederem, lembro muito bem daquela sensação, meu interior gritava que algo não estava certo, rapidamente a ambulância chegou e o levou ao hospital mais próximo, eu acompanhei meu amor que estava apagado, eu o chamava desesperadamente, mas ele não acordava, esse foi o primeiro dia dos piores dias da minha vida...
Chegamos ao hospital, mas os médicos não deixaram eu o acompanhar, minha mente continuava em branco, eu apenas chorava de medo e ansiedade, logo em seguida All might chegou e ficou ao meu lado tentando me acalmar, em vão, preciso dizer... Após um longo período nos chamaram, um enfermeiro alto e muito atencioso veio falar que Kacchan havia acordado, um alivio tomou conta de mim e eu apenas caio de joelhos chorando muito, quando finalmente parei de chorar segui o enfermeiro ate onde meu querido se encontrava, sua pele estava pálida, ele me olhava com aqueles olhos vermelhos lacrimejando, sua feição era séria, e eu sabia que não havia parado por ai, em suas mãos estavam resultados de exames, e ele apenas abaixou a cabeça e me entregou aquele papel branco, com nosso destino traçado nele, e lá estava  "Tumor estagio 4 metastático".  Após eu ler aquilo meu chão sumiu debaixo de meus pés, eu o abracei e ele chorou, nunca o vi chorar como aquele dia nos choramos junto, choramos por muito tempo ali juntos, como isso poderia ter acontecido? Há poucas horas nossas vidas eram incríveis, estávamos felizes como nunca, e agora estávamos desabando.
Foram muitos dias chorando e tentando entender o que estava acontecendo, nossa nova realidade bateu como uma tempestade, carregando tudo que estava em sua frente, nossa felicidade, nossos sonhos, nossa vida... E eu que estava carregando nossa criança, mas não conseguia nem pensar nela naqueles dias, foram muitas idas e vindas do hospital, eu via como ele estava sofrendo, em apenas 30 dias ele havia perdido mais de 15 kg, suas dores eram indescritíveis, e eu apenas podia ficar ao seu lado, vi seus cabelos caírem inteiros da raiz, sua tristeza, a cada quimioterapia, cada nova cirurgia, exame, seus órgãos se definhando, e tudo o que ele fazia era perguntar como eu estava, sonhar como nosso filho, imaginar como ele seria, e algumas vezes ele se fechava em seu mundo, fugindo de sua realidade, eu segurava sua mão enquanto ele dormia e chorava baixinho, implorava para que ele melhorasse, mas esse dia não chegou... Como da primeira vez, ele apenas desmaiou e não reagiu a mais nada, eu sai pelos corredores vazios daquela ala hospitalar gritando por ajuda, mas já era tarde, ele apenas havia cansado de lutar.
Novamente senti meu chão desabar sobre meus pés, não consegui aceitar que agora meu amor não respirava mais, apenas 30 dias após a descoberta de sua doença, apenas 30 dias para mim, eu sei que para ele deve ter sido uma eternidade, 30 dias sem pode se levantar de sua cama, sem poder tomar seu banho sozinho, sentindo dores indescritíveis, sentindo cada parte do seu corpo desfalecendo aos poucos, eu fiquei sem chão, chorei desesperadamente pedindo para ser mentira, minha gestação estava apenas no 4º e eu estava sozinho, agora enterrando a única pessoa que eu já amei em toda minha vida, meu peito estava dilacerado, minha sogra não conseguiu ver seu filho sendo enterrado, minha mãe chorava quieta, eu sentia sua preocupação comigo, mas eu não conseguia vê-la, apenas conseguia sofrer e chorar, achei que eu não conseguiria mais viver, apenas o que me manteve firma era meu filho.
Depois de 60 dias eu descobri que esperava uma menina, e agora faltavam apenas 3 meses para o parto, minha casa ainda estava do jeito que ele deixou na ultima noite em que estávamos felizes, eu não consegui ir trabalhar por muito tempo, minha mãe apenas se mudou para minha casa, na tentativa de me consolar e cuidar de mim, me senti afundado em depressão, saudade, tristeza, e culpa, culpa por todas as coisas que não consegui dizer para ele, culpa por não conseguir ficar alegre com minha gestação, culpa por continuar vivo.
Hoje é o último dia do ano,  minha filha nasceu a pouco minutos, ela é muito mais perfeita do que nós imaginamos, seus cabelos loiros e olhos vermelhos me lembram do meu amor, agora eu falo o motivo de estar escrevendo essa dissertação, precisava expressar meus sentimentos guardados, pois agora preciso cuidar do meu bem mais precioso, nossa pequena Eri. Eu te amo Kacchan...





Olá queridos, tudo bem com vocês? Espero que sim, acredito que alguns não irão gostar dessa side story, porem eu usei essa historia como uma forma de me expressar, isso aconteceu comigo, os acontecimentos acerca da doença aconteceram com minha irmã de apenas 15 anos, que era meu maior amor, ela e meus filhos, os quais ela amava demais, eu a considerava minha filha mais velha, e eu passei todo o período com ela, desde a descoberta ate seu ultimo dia, e por muito tempo eu não consegui escrever mais nada... estou tentando me manter saudável e mentalmente estável pelos sobrinhos que ela tanto amava. Mas a saudade é indescritível.
Em memória de Erica 👼

Obrigada pela leitura.

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