"Despedida de solteiro"

Treze

Capítulo Treze

A visão de Yibo cruzando a praia na direção de Xiao Zhan arruinou o que até então tinha sido um relaxante nascer do sol sobre o Pacífico. Listras azul-claras e laranja se estendiam pelo céu como se quisessem elevar o sol, quer ele quisesse nascer ou não.

Apesar do grande plano de Xiao Zhan de partir o mais rápido possível, o destino conspirou contra ele. O primeiro vôo disponível para fora da ilha não seria antes do meio-dia, o que significava que Xiao Zhan ficaria preso no resort com muito tempo disponível. Tempo para pensar. Para reviver velhos arrependimentos.
Lamentava que isso não mudaria absolutamente nada.

O plano alternativo era evitar a festa de casamento enquanto todos se preparavam para o grande evento desta noite. Infelizmente, parecia que Yibo estava decidido a ter outra conversa.

Xiao Zhan sentou-se na rede e contemplou o que fazer enquanto o observava se aproximar. Com as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans surrada e a camiseta para fora da calça, Yibo parecia relaxado, apesar da cerimônia que se aproximava. Aparentemente, nem a briga deles nem o fato de ele ter dormido com seu padrinho na noite anterior ao casamento foram suficientes para fazê-lo parecer abalado.

Xiao Zhan estava além de fingir que estava calmo.

Ele tentou se levantar – finalmente decidindo abandonar a tentativa de comportamento não afetado e ir embora – mas congelou quando Yibo se dirigiu a ele.

“Sabe, é quase irritante como você consegue me ler melhor do que qualquer outra pessoa”, disse Yibo franzindo a testa e balançando a cabeça lentamente.

Após um momento de hesitação de lutar ou fugir, Xiao Zhan afundou de volta na rede, um joelho dobrado para apoiar o calcanhar na borda, a outra perna esticada no chão. Manter uma expressão calma era difícil, então ele escondeu a necessidade de fugir balançando a rede, com o pé empurrando a areia fria.

O rangido e o movimento de balanço estavam longe de relaxar, mas eram melhores do que a única outra opção viável que ele conseguiu: bater a cabeça na palmeira mais próxima.
Yibo cruzou os braços e encostou-se no tronco da árvore que sustentava uma das pontas da rede. Xiao Zhan não disse nada; em vez disso, ele simplesmente ergueu uma sobrancelha interrogativa.

“E caramba” – Yibo lançou um olhar para Xiao Zhan – “Eu odeio quando você está certo.”

“A que horas você estaria se referindo?”

Yibo respirou fundo, examinando o horizonte enquanto o sol subia no céu.

“Tenho pensado muito desde que você saiu ontem à noite”, disse Yibo, com uma brisa salgada bagunçando seu cabelo. “Se minha mãe tivesse vivido, duvido que Jackson teria agido da mesma forma.”

“Você não sabe disso.”

“É verdade”, disse ele. “Mas ela sempre soube como lidar com ele. E eu... — Yibo deu de ombros, como se suas palavras lhe falhassem.

Yibo se afastou da árvore e foi até a rede para se sentar ao lado dele.

Xiao Zhan finalmente disse o que queria e disse a Yibo, em termos inequívocos, para seguir com o programa ou sair de sua vida. No entanto, aqui Xiao Zhan estava sentado, sentindo-se grato pelo simples contato da perna de Yibo contra a sua.

Cristo.

Eles passaram os minutos seguintes em um silêncio quebrado apenas pelas ondas ocasionais que quebravam na costa.

“É um inferno ficar constantemente questionando a si mesmo”, Yibo disse suavemente.

E foi doloroso ver seu amigo ter dúvidas. Ele estava preparado para gritar com Yibo novamente, para chamá-lo por ser um idiota tão abnegado, qualquer coisa para fazer o homem ver a razão. Xiao Zhan sabia o quão teimoso Yibo era, especialmente quando se tratava de Jackson. Os acontecimentos dos últimos doze anos destacaram o fato de que não havia nada que Yibo não fizesse por seu irmão. Ele rastejaria até o inferno e voltaria se achasse que isso manteria Jackson limpo.