0.1 Tempestade

7 1 1
                                    

Guarulhos: 2024
17:45 PM

As ruas nunca pareciam tão vazias quanto hoje, dia dois de março.
Estava em Garulhos SP, para uma viagem de negócios, afinal, a empresa possuía várias filiais por todo o Brasil.
Mas não pude ignorar o fato de que havia um conhecido que precisava visitar.
Caminhava sobre as ruas vazias de SP, embaixo de uma leve brisa de outono com rosas vermelhas, delicadas, sob um belo buque.
Chego em frente ao portão, e suspiro. Era tão difícil fazer isto, afinal, tia Jô fazia falta. Mas lá em cima ela está melhor.

Certamente o luto é uma das emoções mais difíceis de superar. Não é raiva, ou amor, mas machuca como se fosse a junção destes dois sentimentos, e o pior. Nunca acaba. É uma profunda junção, sem fim.

Caminho até o túmulo de minha familiar e deixo as flores sobre um vaso de cerâmica.
As últimas flores estavam secas e sem vida. Troco a água e enfim, ponho as novas em seu lugar. Mesmo ainda triste pelo ida de minha tia, sabia que tinha vivido o suficiente, ela havia aproveitado bastante. Casou, teve filhos, netos, e morreu bem velhinha. O que me faz feliz. Existem pessoas não tiveram essa oportunidade.

Me viro de costas colocando meu blazer sob meu ombros e indo em direção à saída. Aquele lugar era enorme, me perco quase sempre quando visito Tia Jô.
Olhando os túmulos, percebo o quão triste esses lugares eram, a energia sobrecarregada sobre pessoas que não gostariam de ter ido, as vezes por ego, ou talvez por apego a vida.

Meus olhos fixam em um túmulo especifico. Meus olhos fixam nas fotos dos cinco túmulos logo ao lado de uma capela cheia de flores, com cores vibrante e cheias de vida.
Me aproximo um pouco mais e leio lentamente.

__ Alecsander Alves, 1971 a 1996...

Era o túmulo dos famosos cantores da banda Mamonas assassinas. Um rock Clássico.

__ No auge da carreira, é uma pena... tão jovens. - Sussurrei para mim mesma. Meu peito apertou, esse lugares realmente não me fazem bem.
__ Se eu tivesse o poder de voltar ao passado, certamente não deixaria que nada acontecesse. A vida é tão... cruel...

Ponho minha mão sob o túmulo de Dinho, como era chamado.
Um vento forte bate contra meu rosto, e todo o céu escurece em questão de segundos.
Me pergunto qual é a desse tempo de São Paulo, estava sol até agora.
A água desaba sobre minha cabeça e não tenho opção além de me refugiar embaixo da capela dos famosos cantores.
De um crepúsculo brilhante, virou uma noite fria e sombria. Precisava esperar a chuva passar, mas estava cansada. Me sentei em um banco de pedra e me encostei na parede tentando acessar meu telefone.
Meu olhos pesavam, e eu tentava me manter acordada. Com mais de 12 horas de trabalho tentando finalizar um possível projeto que mudaria minha vida, era impossível não se sentir desmontada.
Meu olhos de fecham e questão de 2 minutos, adormeci.

~~●~~

~~●~~

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Mar 16 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Até 2 de março.. Onde histórias criam vida. Descubra agora