Capítulo vinte e quatro

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Alane Dias

A princípio, não tive reação alguma. Minhas mãos se ergueram até seu peito, hesitantes quanto a tocá-la; eu não sabia se a empurraria ou se a puxaria pra mais perto caso eu o fizesse. Meus olhos se mantiveram arregalados diante dos dela, fechados fortemente, tão próximos de mim. Seus lábios se mantiveram pressionados contra os meus, como se esperassem por alguma reação minha, que somente veio quando ela desistiu de esperar e invadiu minha boca com sua língua, fazendo com que a minha involuntariamente a correspondesse.

Meu corpo relaxou assim que ela aprofundou o beijo, e o calor estonteante que emanava dela começou a derreter o gelo que havia se formado dentro de mim numa velocidade impressionante. Deslizei minhas mãos antes indecisas até sua nuca, agora com determinação, e agarrei seus cabelos com força, soltando um gemido aliviado vindo do fundo de minha garganta. A sensação de estar quente novamente, mesmo após somente alguns segundos de frio, era incontrolavelmente reconfortante.

Fernanda não deixou que o beijo durasse muito, e logo afastou seus lábios dos meus, unindo sua testa à minha e mantendo os olhos firmemente fechados, como se estivesse com algum tipo de... Dor?

- Eu sei que isso pode soar ridículo... – sua voz rouca murmurou, fazendo com que seu hálito batesse diretamente em meu rosto. – Mas, por favor, não me mande embora. Acho que vou enlouquecer se você me recusar mais uma vez. Você não sabe o quanto eu preciso disso... O quanto eu preciso que você me queira.

Ela abriu lentamente os olhos, e assim que suas íris angustiadas devolveram meu olhar confuso, fui capaz de ver a sinceridade nítida nelas. Ela não estava mentindo. Eu não era apenas um brinquedo para ela. Eu era uma necessidade, um vício, uma dependência física. Sem que eu conseguisse controlar ou sequer pensar, vi nos olhos castanhos dela, meu olhar refletido. E ele me pareceu muito semelhante ao dela. Igualmente agonizante.

Minha outra metade, a que eu pensei ter perdido, estava implorando para que eu a aceitasse de volta. Ali estava a verdadeira Fernanda novamente, deixando que seu coração me dissesse o que seu orgulho a impedia de dizer. A ferida ainda aberta em meu peito por nosso recente desentendimento gritava sua resposta claramente, fazendo-a abafar todo e qualquer ruído ao meu redor, e tudo que fui capaz de fazer foi externar as palavras que quase me ensurdeciam.

- Eu quero você.

O rosto de Fernanda, antes contorcido de agonia, relaxou diante de meu sussurro. Seus olhos ganharam um brilho ofuscante, e um sorriso bobo preencheu seus lábios, dando vida à sua expressão. Me vi sorrindo de volta, diante de tamanha mudança, e novamente senti seus lábios grudados nos meus, com a mesma urgência de antes. Imediatamente deixei que nossas línguas se acariciassem outra vez, enquanto minhas unhas arranhavam sem piedade sua nuca e as mãos dela escorregavam por meu pescoço, ombros e colo. Eu me sentia absurdamente quente agora, irradiando calor, e um sorriso que não soube explicar surgiu enquanto eu a beijava avidamente, envolvendo seu pescoço com meus braços.

Longos minutos depois, ela se afastou um pouquinho de mim, sem desgrudar os olhos dos meus, e com um puxão habilidoso e rápido, arrancou a toalha de meu corpo, deixando-me completamente nua. Me encolhi na mesma hora, arregalando os olhos e sentindo toda a alegria me abandonar junto com a toalha, sendo rapidamente substituído pela vergonha. Ela já havia me visto nua algumas vezes, mas nunca daquele jeito tão desleal. Quer dizer, ela estava inteiramente vestida, enquanto eu não tinha um tecido sequer cobrindo meu corpo. Era bastante constrangedor.

- Não há motivos para se envergonhar. – ela adivinhou, avaliando-me dos pés à cabeça como se fosse a primeira vez que me visse, e o ardor em seus olhos faria qualquer mulher um pouco menos insegura que eu se sentir uma deusa. – Confie em mim... Você é ainda mais linda assim.

My Biology (Adaptação)Onde histórias criam vida. Descubra agora