Todo dia

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Todo dia eu pegava um trem pra minha cidade. Sempre muito cheio, sem espaço pra me movimentar.


Quando eu chegava à minha estação sempre me sentava nas cadeiras pra descansar os meus pés doloridos. Não tem tênis confortável que resista há mais de uma hora em pé. Nesse dia, não foi diferente. Me sentei por cerca de 10 min pra descansar. A estação era aberta, você via a rua, os carros e as pessoas passando mas, apesar disso, ela era mal iluminada e a noite você fica com luzes fracas sobre você.


Quando eu estava me preparando pra partir, olhei pra minha esquerda e senti um medo profundo, há uma considerável distância de mim, eu vi algo sem forma, denso e parado. Não consigo te dizer o que era, não consigo te descrever meu medo e nem o porque de sentir aquilo. Era algo que me paralisou e ao mesmo tempo me deu vontade de gritar e sair correndo. Você já sentiu isso? Essa dualidade de emoções intensas?


Mas o medo de ficar ali me dominou bem mais que a paralisia e eu só queria sair correndo da estação. Olhei no sentido da saída, olhei de volta pra coisa e ela estava mais perto de mim. Corri. Corri como se minha dependesse daquilo e ela realmente dependia.


Com minha mochila pesada, trazendo meu notebook, eu corri demais e ignorei toda a dor dos meus pés. E foi assim que eu morri. Ao correr, eu bati na pilastra mais a frente e caí em frente ao trem que vinha cheio de trabalhadores.

Agora estou aqui nesse limbo. Me lembro de cada detalhe e isso só me faz questionar mais. Era a morte, aquela coisa? Ao correr da morte meu destino já estava traçado? Ou eu tracei meu destino a partir do momento que decidi correr?

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⏰ Last updated: Mar 17 ⏰

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Um conto de horror.Where stories live. Discover now