A avenida estava movimentada. Os carros, motos e transportes públicos iam da direita para a esquerda, em um ciclo sem fim que parecia durar uma eternidade. Os minutos passavam com demora e a paisagem urbana ficava ainda mais poluída quando às quinze horas da tarde chegou, seja com pessoas, cartazes e propagandas de vendas.
E em meio a todo aquele furdunço, um jovem de não mais do que dezessete anos estava em uma das calçadas mais movimentadas da Coréia do Sul, sentindo o vento abafado pela temperatura quente abrigando o seu corpo e os olhares indiferentes das pessoas que passavam o fitando dos pés à cabeça.
O jovem era Kim Taehyung. Ele tinha madeixas tingidas em uma cor loira e trajava roupas confortáveis e largas por causa do verão: uma calça cor caramelo, uma regata branca, um casaco de tecido fino e frio, e uma boina marrom como chapéu. As suas feições eram calmas, mas as suas bochechas fofas e rosadas denunciavam que ele estava envergonhado por estar ali naquela hora.
Nas mãos do rapaz, uma grande placa anunciava algo. "Eu me assumi para os meus pais. Eu sou gay. Você pode me abraçar?", era o que dizia o cartaz em enormes letras coloridas. Era verdade que Taehyung era gay e era verdade que ele também tinha se assumido para a sua família, mas nada de ruim aconteceu consigo. Os seus pais ficaram surpresos, mas o apoiaram depois de uma longa conversa.
Sendo assim, o homem estava naquela situação apenas por causa de seus amigos. Infelizmente, ele tinha perdido uma aposta e, como não tinha dinheiro algum, precisou pagar um desafio. Um desafio do bem, como os seus amigos diziam. Isto é, ele apenas precisava ficar parado e aguardar por um abraço para poder ir embora.
Entretanto, parecia que ninguém queria abraçá-lo.
Taehyung sentia o suor escorrendo por sua testa e chegando em direção ao seu pescoço. O sol estava prestes a queimar os seus miolos e os seus braços pediam por arrego. Não fazia mais de uma hora e meia que estava no meio daquela multidão e no máximo recebia acenos com a cabeça ou olhares de desdém. O pobre rapaz desejava somente ir embora.
Erguendo o rosto e podendo avistar os seus amigos sentados em uma lanchonete não muito distante de onde estava, tomando sorvete e bebendo um gelado suco de laranja, a ideia de desistir e pagar o valor pedido para os amigos passou pela mente de Taehyung. E continuou ali até que ele a aceitasse.
Abaixando o cartaz e arrumando no ombro a tira de sua bolsa de couro, o homem suspirou fundo e agradeceu silenciosamente por todos estarem o ignorando. Ou melhor dizendo, ele pensou que todos estavam o ignorando.
Pronto para seguir caminho para a lanchonete, Taehyung franziu o cenho ao avistar um garoto desconhecido vindo em sua direção. Ele trajava roupas coloridas, com estampas infantis e com acessórios brilhantes. As suas mãos carregavam um celular e uma mochila não muito grande. E em sua faceta, um grande sorriso aberto indicava uma possível felicidade, com dentes grandes e brancos à mostra.
Taehyung tentou desviar do garoto, mas não conseguiu. Quando menos esperou, os braços finos dele circularam pelo seu pescoço e o apertaram em um abraço forte, aconchegante. Demorou alguns instantes até que retribuísse o ato, mas quando o fez, tudo pareceu mudar. Kim não estava morrendo mais pelo calor e muito menos pelo constrangimento, ele somente queria sentir aquele cheiro doce vindo do desconhecido e queria aproveitar o máximo que desse a sua demonstração de carinho.
Contudo, ela teve que acabar segundos depois.
— Oi, estranho — cumprimentou o desconhecido. — Parabéns pela sua coragem. Se os seus pais te apoiaram, eu fico muito feliz por você! Se eles não te apoiaram, eu também fico muito feliz por você, vai dar tudo certo!
— M-Muito o-obrigado — sussurrou Taehyung, o seu rosto quente. — Você é muito gentil. Obrigado. — Ele se afastou de outrem, curvando o corpo em respeito a ele. — Muito obrigado.
— Não há porquê agradecer — respondeu, ainda sorrindo. — Muito prazer, o meu nome é Jung Hoseok. — Ofereceu a mão para Kim, que não demorou para apertá-la. — Você está bem, certo?
— E-Estou, sim. Obrigado — murmurou. — O prazer é meu, Kim Taehyung.
— Bem, até mais, Kim! Foi ótimo conversar com você.
Vendo que o nomeado como Hoseok estava se arrumando para sair, Taehyung segurou com gentileza o pulso dele, mantendo-o parado. Ao tempo em que gaguejava palavras desconexas, ele buscou por ar.
— V-Você quer ir tomar s-sorvete comigo?
— O quê? — Hoseok riu.
— É q-que você foi o único que me abraçou...
— Bom, eu estou meio que atrasado para um curso agora, mas... você pode me encontrar no Instagram. Pode ser?
— C-Claro! Claro, pode ser, sim!
Após pegar o usuário de Hoseok, Taehyung prometeu manter contato com ele, nem que fosse para mandar somente uma mensagem. Desviando a sua atenção da silhueta que aos poucos se afastava mais e mais, o homem não deve tempo para nada, já que logo avistou os amigos gritando para ele:
— Taehyung desencalhou! Taehyung desencalhou!
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Eu sou gay: ignora ou abraça?
FanfictionTaehyung estava em uma rua movimentada de Seoul com uma placa escrito: "Eu sou gay: ignora ou abraça?". Ele esperou por muito tempo que alguém o abraçasse, mas isso não aconteceu. Quando ele estava prestes a desistir, um garoto doce correu em sua di...