Prólogo

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Ana

Algumas coisas acontecem quase tão repentinamente que nos deixam por muito tempo sem entender como ou por quê, isso se chama vida. Às vezes a vida é incrivelmente imprevisível e avassaladora, se anos atrás alguém, por algum acaso, tivesse me contado tudo o que aconteceu em dois anos como um sopro, eu com certeza não teria acreditado. Essa é a história do meu "romance adolescente" que, se ainda não aconteceu o mesmo com você, acontecerá em algum momento quando você menos esperar, exatamente como foi comigo. Tudo começou exatamente há cinco anos atrás, quando eu tinha meus recém dezessete anos e achava que a vida era um conto de fadas no qual eu era a personagem principal que seria amada incondicionalmente - só que não - e acabei quebrando a cara bem feio. Bom se você me perguntar como começou eu não tenho ideia do que responder, mas acho que foi mais ou menos assim...

cinco anos atrás

Terceiro ano do ensino médio é um dos anos escolares mais temidos, tantas cobranças, a pressão de crescer e os hormônios estão tão à flor da pele que sinto que vou explodir. Eu não sou nenhum pouco como uma adolescente comum atualmente, tenho dezessete anos e nunca sequer beijei ou tive um namorado como minhas amigas, não vou a nenhuma festa e tudo que tenho são minhas duas melhores amigas, Victoria e Evelyn. Nós somos inseparáveis apesar de serem totalmente diferentes em personalidade. Ao contrário de mim, que fico o mais quieta e calada que posso, não sou lá sociável e geralmente estou séria - não propositalmente - o que evita que alguém converse comigo, Evelyn é cheia de si, independente e confiante, já namorou mais do que posso contar e sempre chama atenção por onde passa. Victoria é popular, tem corpo esbelto e parece uma modelo, super social e querida por muitos Ambas possuem um melhor amigo em comum também, o Lian. Olha não me entenda mal, eu não tenho nada contra o menino, mas ele não tem realmente a melhor fama na escola, e além do mais é muito egocêntrico e arrogante e por mais que eu também seja um pouco, ele consegue ser ainda mais soberbo e insuportável e apesar de desde o primeiro dia ter sentido que bem no fundo há uma tensão entre nós, nem ele ou eu ousamos admitir tal idiotice. Por essa razão, evito o máximo que posso estar no mesmo ambiente que ele.

Agora, por exemplo, estou tendo que fazer um trabalho de física com o sujeito e sequer consigo explicar minhas ideias sem ser interrompida pelo gênio.

- Cacete Lian, tu é muito chato cara - Evelyn declarou já totalmente impaciente - Eu tô tentando faz meia hora explicar a porcaria da minha ideia, a Ana também tentou e você parece uma porta que ignora todo mundo e não quer escutar, caramba. Se é tão difícil escutar, então faz a droga do trabalho sozinho. - as palavras saíram tão rápido da boca da menina como um grande desabafo.

- Por mim, façam como preferirem - o moreno apenas deu de ombros sem o menor interesse.

- Gente qual é, é um trabalho em grupo, precisamos fazer juntos por mais que as ideias não batam totalmente - eu disse, na tentativa de acalmar os ânimos - Lian por favor, colabora, não vai funcionar se você não ceder.

- Tá, tá bom, o que vocês tem em mente? - o garoto parecia finalmente ter cedido aos pedidos, mas ainda visivelmente a contragosto.

Passamos tanto tempo em uma discussão enorme para conciliar as ideias que o tempo passou mais rápido do que pensei, o sinal apitou indicado o início do último horário de aula, matemática. Eu estava recolhendo meu material e me acomodando na minha carteira bem ao lado de Victoria que agora, passando a loucura da discussão, eu percebi que ela estava realmente muito quieta.

- Ei, tudo bem? Você tá muito quieta, aconteceu algo? - eu disse preocupada com o que poderia ter acontecido.

- hm? Não, nada. Só o de sempre, meu pai, mas não quero falar sobre isso, tá? - ela tentou parecer o mais indiferente possível, mas eu consegui perceber a tristeza na voz dela.

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