Suspiro rebolando para fora da minha cama e ando até à cozinha porque a minha barriga avisava que eu precisava de comer alguma coisa. Abro o frigorifico abaixando-me para olhar para dentro dele e suspirando quando vejo que apenas tenho um pacote de leite vazio. Fecho o frigorifico e preparo-me para sair de casa. Isto acontece umas duas vezes por mês, eu preciso de sair por causa de comida e recursos. Quando o faço, trago sempre um monte de coisas, por isso consigo ficar muito tempo sem sair. Agarro no meu casaco e visto-o sem me incomodar em mudar de camisola ou das minhas calças de fato de treino.
Levanto a jarra com flores mortas e negras retirando cerca de 220 dólares* para encher o meu apartamento novamente. Suspiro quando vejo que estou quase sem dinheiro novamente, preciso de ir ao meu banco ou ligar aos meus pais.
Saio do meu apartamento com o meu humor a cair mal vejo a parte de fora do meu apartamento. Estava mal iluminado, como sempre.
Desço as escadas até chegar ao rés do chão e empurrar a porta de vidro que dava acesso à parte de fora. Respiro o ar puro fundo começando a ganhar um formigueiro nas minhas pernas por causa de todo o ruído, o movimento, as pessoas.
Tento desligar-me andando para a minha direita em direção ao supermercado local, que não fica muito longe da minha casa.
Entro no mesmo acabando por chocar com uma rapariga da minha idade que reclama mas eu apenas ignoro indo em direção ao leite. Agarro num cesto e vou colocando duas vezes mais do o que eu preciso e quando acabo vou até à caixa revirando os olhos quando reparo na fila. Esta é a pior parte de sair de casa para ir ao supermercado.
Sinto alguém a cutucar-me o braço e viro-me para encontrar o meu vizinho de ontem com um grande sorriso.
"Hey Luke, o que fazes aqui? Pensava que nunca saias de casa, bem eu também vim fazer umas compras, mas agora estou aqui a olhar e não sei se levo a torta de maçã ou de morango, porque na última vez eu levei a de morango e o doce estava mau mas então eu pensei em-" Ele começa a falar rapidamente apontando para as tortas e eu reviro os olhos esfregando os meus olhos com a minha mão livre.
"Eu não quero mesmo saber." Murmuro virando-me para a frente da fila de novo.
"Hm, bem okay então. Qual foi o teu pequeno almoço." Ele dá de ombros e eu solto um longo suspiro para tentar manter a calma.
"Eu ainda não tomei o pequeno almoço." Respondo virando-me para ele e ele assente com um sorriso.
"Queres ir tomar a minha casa? Eu vou fazer torradas. Mas também posso fazer panquecas se quiseres, apenas que hoje estou num dia de torradas, também tens desses dias? Dias em que-" Ele explica animadamente.
"Ouve, eu não quero saber das tuas torradas ou das tuas panquecas, okay? Eu quero apenas comprar estas porras e ir para a merda da minha casa." Atiro virando-me para a frente e pousando o cesto em cima do tapete rolante porque estava a vir a minha vez.
"Eu estou apenas a tentar ser simpático." Ele sussurra encarando o chão e eu reviro os olhos, "Eu posso ajudar-te a carregar os sacos." Ele sorri fracamente.
"Eu não preciso de ajuda." Murmuro agarrando nos sacos e ignorando o rapaz que estava a andar atrás de me dirigindo-me à saída.
"Parecem pesados, eu posso ajudar-te!" Ele grita correndo até mim.
"Pronto, queres levar os meus sacos? Leva a porra dos meus sacos mas deixa-me estar sozinho." Dou-lhe dois dos meus sacos abanando a cabeça irritado com o rapaz extremamente feliz.
"Bom, acho que é um progresso. E ei, tu ainda não me disseste com quem falas." Ele levanta uma sobrancelha sorrindo de lado e eu nego com a cabeça rindo ironicamente.
"Eu não te vou dizer." Suspiro ignorando-o olhando sempre em frente.
"Então tu apenas tens um fetiche de falar sozinho? Eu também nunca te vi a sair do apartamento, és um pouco solitário, não és?" Ele pergunta quando chegamos ao nosso apartamento. Páro de andar olhando para o chão e ele fica à espera da minha resposta."Eu posso fazer waffles se tu preferires. Não são muito bons os meus, mas eu posso tentar." Ele ri e morde o lábio inferior nervosamente.
"Não, eu estou bem." Abano a cabeça passando por ele e subindo as escadas até chegar ao meu andar.
"Oh, anda lá!" Ele insiste e eu suspiro pousando as minhas coisas para tirar a chave do apartamento do meu bolso de trás. Eu lembro-me do Ashton, lembro-me de como ele se deve sentir ao saber que eu estou mesmo ao lado, a ter pequeno almoço com um rapaz qualquer. Isso iria magoá-lo. Eu sei disso. O pensamento do Ashton com o coração partido faz-me lacrimejar, mas eu apenas fungo tentando impedir as lágrimas. As habituais lágrimas.
"Ei, estás a chorar? É por causa de mim? Desculpa se é mas apenas diz-me o que se passa." Ele pousa os sacos abaixando-se ao meu nível.
"Eu estou bem." Afirmo negando com a minha cabeça e enfiando a chave na fechadura.
"Tu estás a chorar, eu tenho a certeza que isso não significa que estás bem." Ele ri nervosamente esfregando as minhas costas. Esfrego os meus olhos cansados olhando para cima para encontrar o rapaz pálido com um pequeno sorriso amigável nos seus lábios. Fecho os olhos assentindo e fungando levantando-me.
"Boa! Podes deixar as tuas coisas no meu apartamento e depois levamos." Ele diz excitadamente e eu dou de ombros seguindo-o para o seu apartamento com as minhas compras.
*eles vivem na Austrália, em Sydney, e lá são dólares Australianos (pelo que eu vi). 220 dólares Australianos é o mesmo que 150 euros.
(nota: okay então espero que não esteja a ficar muito cliché nem nada! olá, antes de mais aha :) pronto, se estiverem a gostar seriam muuuittoo bom que mostrassem a votar e comentar porque isso me deixa feliz :D)
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connecting + muke a.u
Fanfictionem que luke é um rapaz problemático e depressivo devido ao suicídio do seu namorado por isso contacta-o espiritualmente muito regularmente, e o michael apenas quer saber porque é que o vizinho do lado está sempre a falar sozinho. [rudemuke; 2015]