Comentem e favoritem..O dedinho não cai.
Acordei com uma leve dor de cabeça, sem saber muito bem em que momento vim parar na cama e parece que até banho tomei. Menos mal...
Quantas garrafas de whisky a gente tomou??
MEU DEUS!
A CLARA !
ELA TAVA AQUI!
Será que foi ela que me trouxe?
Deitei mais um pouco na cama e tentei puxar na minha cabeça o que rolou. Olhei por banheiro e fui fazer minha higiene matinal.
Assim que entrei desbloqueei a memória e lembrei de eu me enxerido pra ela.
Ai Deus, porque eu tenho que passar tanta vergonha assim?
Resolvi me vestir logo e levantar de uma vez, estava morrendo de fome. Quando desci as escadas, pude ouvir risos e uma gargalhada bem conhecida e gostosa ecoou nos meus ouvidos.
Era a Clara e ela não tinha ido embora. Querendo ou não isso me aliviou um pouco, quer dizer, ela estar aqui agora significa que ela não ta tão puta da vida assim, certo? Ou será porque essa é a casa dela e por isso ela ta aqui?
Resolvi não pensar mais e desci logo, tentar divagar no meio de uma ressaca não é nada confiável ou prazeroso.
Todos estavam sentados a mesa. Camilla, João, Ben e Clara .
- Bom dia minha dançarina do tchan! Pensei que não ia levantar hoje! – Camilla falou tomando café.
- Bom dia, to com uma ressaca dos cãos.
- Não é pra menos né? Clara teve que te carregar até o quarto, de tanto que tu tinha bebido – João comentou.
- Obrigada – falei baixinho pra Clara que assentiu com a cabeça.
- Mas uma coisa eu quero saber... Clara só saiu agora de manha do quarto, as duas tão com cara de acabadas... e ai? Rolou o sexo de reconciliação?
Na mesma hora eu engasguei com o café que estava tomando e todo mundo deu uma risadinha. Só Clara que ficou balançando a cabeça em negação, mas soltando um risinho.
- Confesso que não lembro de muita coisa, mas o pouco que eu lembro, eu só tomei banho e dormi.
- Não teve nada – Clara respondeu e se levantou – Bom tenho que ir, tenho que resolver umas coisas.
Ela se levantou e foi para a sala.
- Vou falar com ela rapidinho, ninguém nos atrapalha pelamor! – Falei para os três que me olhavam maliciosamente.
Clara estava terminando de pegar suas coisas e me aproximei dela com meu copo de café.
- Clara ... obrigada por cuidar de mim, de verdade, você não precisava fazer aquilo. – falei com a voz mais mansa da vida.
- Não tem problema Helena , ta tudo bem. – Vi que ela tinha algumas roupas na bolsa.
- Você não vai voltar pra casa? – ela olhou para mim – Olha, essa é sua casa, mais sua do que minha, então não tem motivo para você não voltar. Eu saio do seu quarto, volto pro meu antigo. Mas por favor, volta pra casa – levei minha mão em seu braço direito e comecei a fazer carinho pela região.
- Não me sinto bem em ficar aqui e você não, caso você queira eu posso voltar por meu apartamento, suspirei e a imensidão dos olhos verdes estavam sobre os meus – Mas sendo sincera, não queria voltar pra lá, eu queria que você voltasse pra casa, não quero ficar longe de você.
Clara não falou nada e eu suspirei derrotada, ela poderia ter falado qualquer coisa, qualquer coisa era melhor que o silencio dela. Ela continuou arrumando suas coisas dentro da bolsa e falou.
- Preciso ir agora – olhou no relógio de pulso – estou atrasada, depois a gente conversa melhor. Fiz um suco verde pra você tomar, pra melhorar da ressaca, tá na geladeira.
E assim ela saiu.
Mais uma vez.
Eu não entendo, ela tem atitudes que me retratam que ela ta se preocupando comigo, mas ao mesmo tempo ela me trata meio gélida. Eu to pra enlouquecer com essa mulher.
Não sabia se ela queria que eu fosse embora, não sabia se era pra eu voltar por meu quarto antigo. Não sabia se ela iria voltar. Não saber de como as coisas vão ser é torturante pra mim.
POV CLARA
Saí de casa ainda com as palavras de Helena na minha cabeça, eu ia voltar pra casa, mas preferi não falar, ou estender uma conversa, até porque e estava atrasada. Iria me encontrar com Lumiar , pra conversar, passar o tempo e ela pediu para eu ver algumas coisas com ela. Ela queria decorar a casa dela, algo assim.
Fui mais pela companhia, nunca mais conversei com ela, sempre bom ouvir os conselhos da Lumiar , que nesse exato momento deve estar querendo me matar por eu estar atrasada.
A bixinha só é baixinha, mas parece um pinscher raivoso.
A encontrei em uma galeria olhando novos móveis e decorações. Enquanto a gente via tudo, eu contava do que tinha acontecido, pra ela ficar a par de tudo.
Contei como eu e a Helena estávamos antes de tudo acontecer, como foi nossa briga, e como estávamos hoje. Não deixei nenhuma virgula de fora. Eu precisava de uma opinião de verdade, então eu resolvi falar tudo como aconteceu, tudo o que Helena tinha falado pra mim, sem tender ao meu lado, sendo imparcial, tentando na verdade.
- Agora eu quero saber como você está se sentindo. Lumiar perguntou.
- Amiga, estou dividida, não vou mentir. Eu a quero, sabe? Mas a confiança não tá lá essas coisas – ela assentiu enquanto olhávamos algumas cortinas – Não quero que ela fique se arrastando para mim, mas eu queria que ela corresse um pouco para me ter de volta, sabe?
- Não a julgo, eu faria a mesma coisa. Quando eu estou machucada, preciso de um tempo pra mim, mas depois de refletir, o mínimo que eu espero é a pessoa tentar se redimir, isso claro se eu quiser de volta. – Assenti e pedi pra ela continuar a falar.
- Bem, ao meu ver foi só um beijo, pelo menos o que ela falou, sei que vocês já tiveram um passado péssimo, mas ela já te perdoou várias vezes. Só leva em consideração isso também. Da mesma forma que ela se machucou e você teve que correr um pouco atrás, deixa ela correr um pouco também. Mas não seja malvada.
- Se quiser ela de volta, o fato de você deixar ela entrar no seu espaço de novo, vai fazer vocês se reaproximarem logo, mas se tu continuar se sentindo mal, aconselho a largar de vez. Mas uma coisa é fundamental que vocês não têm, dialogo. Conversem.
- Obrigada Lumiar , eu estava pensando nisso mesmo, precisava de uma opinião que não fosse do Ben, por ele eu já tava em cima dela de novo. – Nós duas riamos até que eu olhei por fundo da loja.
E avistei Lauren.
- Lumiar , vou aqui e já volto, não demoro – Ela assentiu com a cabeça e continuou olhando as decorações.
- Lauren! – Ela se virou e arregalou os olhos ao me ver.
- Clara .
-Queria perguntar se você usa sempre a sua pintura barata pra seduzir as mulheres comprometidas dos outros – Lauren começou a sorrir, maldita.
- Na verdade, nunca usei minha arte para isso. Mas tem uma mulher particular que eu adoraria pintar, pena que nunca aceitou, mas certeza que um dia muda de opinião.
- Pintar, nunca pintou, mas sentir o gosto, já sentiu, não é? Se eu ver você perto de Helena mais uma vez, pode se considerar uma mulher morta! Entendeu?
- O que é isso, Clara ? Você não se garante? Pensei que a toda poderosa Clara Albuquerque saberia satisfazer os desejos de uma mulher. Mas pelo visto eu acho que é tudo falação. Até porque eu já tive uma prova disso, não é mesmo?
- Olha aqui sua vagabunda – fui pra perto dela e falei baixo, mas em um tom nada amigável – Eu estou lhe avisando, não me importa a merda que vocês fizeram, ela não quer você. Não é por você que ela estava chorando a uns dias atrás, não é por você que ela disse que vai lutar pra ter a confiança de volta. Você só teve o corpo dela uma vez – joguei verde agora – e não vai ter nunca mais! Caso o contrário, não vai gostar do que vai acontecer.
- O que você fez com ela? Pra ela ter me bloqueado? Você ameaçou ela também? Olha Clara , eu não sei que merda você fez, mas se você encostar um dedo errado nela eu vou caçar você!
- Eu nunca tive o corpo de Helena , apesar de eu ter tentado muito, ela nunca cedeu pra mim, pelo contrário. Eu a beijei uma vez, fui eu quem a beijei, não ela. Toda hora ela lembrava desse seu noivado de merda e não me dava abertura.
- Que? – eu não tava entendendo mais era nada.
- Tu é lesada demais, Clara . Fui eu quem forcei ela pra um beijo, ela não fez nada, na verdade ela foi embora e disse que aquilo nunca mais iria acontecer, que foi errado. Eu sempre provoquei ela e a mensagem que eu mandei foi pra isso também. Mas ela nunca me deu corda. A gente conversava mesmo por conta de arte, e não putaria, sua tapada de merda.
- Mas eu juro por Picasso, se você maltratar essa mulher eu faço um inferno na sua vida!
- Eu nunca maltratei uma mulher na minha vida, sua imbecil! Vocês não transaram?
- Não! Você não conversou com ela?
- Não! Só li sua mensagem na hora que chegou, falei um monte de coisa pra ela, ela falou que vocês tinham se beijado e eu não falei mais com ela, só me afastei...
Que mulher de merda você é, hein!? Pois ela não fez nada, quem fez fui eu. Sinceramente, Helena merece uma mulher muito melhor.
POV NARRADOR
Lauren sabia muito bem que não tinha sido assim, mas não quis complicar Helena com a Clara , ela sabia muito bem o que a morena sentia pela outra e não queria atrapalhar mais do que já tinha atrapalhado.
Agora ela sabia o porquê que tinha sido bloqueada pela morena. Lauren tinha ferrado tudo, e o mínimo que poderia fazer era jogar a culpa toda em si e tentar fazer esse agrado a paraibana.
- Cala essa boca, Lauren! Você não tem o direito de falar assim comigo, olha a merda que tu fez! Sinceramente, espero que você fique longe dela e de mim, já fez estrago demais – Clara estava mais calma, mas um pouco perplexa com tudo que tinha ouvido.
- Clara , é a verdade, fui eu quem forcei, estávamos meio alcoolizadas e eu perdi o controle e foi isso, nada a mais. Logo em seguida ela foi embora. Eu só estou lhe falando isso porque Helena é um ser iluminado, apenas por ela.
Lauren sabia que Helena a beijou, mais de uma vez até, mas a parte de que ela tinha dito que não ocorreria mais era verdade, a parte que ela tinha ido embora depois, também era verdade. E também era verdade de que ela estava falando isso pela Helena , ela sabia que a morena gostava da noiva e que ela não merecia nada de ruim. Lauren realmente achava Helena uma pessoa iluminada.
POV CLARA
- Eu não vou mais cruzar o caminho de vocês duas, pode ficar tranquila.
- Acho bom -Falei ainda confusa com tudo, será que eu fui dura demais com Helena ? – Até nunca mais!
Saí de perto de Lauren e pedi pra Lumiar pra irmos em outra loja.
Já no final da tarde, eu estava na casa de Lumiar , já tinha contado tudo o que tinha acontecido no meu encontro com Lauren.
Lumiar me deu uns conselhos, me xingou e tudo a mais. Não vou mentir que eu estou com uma sensação de que peguei pesado demais por conta de um beijo.
Eu já tinha pegado minhas coisas do hotel, estava apenas jantando com Lumiar .
Agora eu estava pensando em como iria chegar em casa, na verdade em como iria ser voltar, depois do que aconteceu nessas semanas, depois do que ocorreu ontem e hoje com a conversa inesperada com a Angelina Jolie pirata.
Resolvi não pensar mais em nada. Só me despedi de Lumiar , que me desejou boa sorte. Já eram 23hrs, já estava tarde, ainda mais que hoje era um domingo.
Cheguei em casa, deixei minhas coisas em cima do sofá e fui em direção ao meu quarto. Abri a porta devagar e ela estava deitada de costas olhando pra tv, não fiz barulho para ela não me ouvir.
Não vou negar que eu sorri ao vê-la no meu quarto, quem eu quero enganar, eu sou completamente boiola por essa mulher, já tava propensa a voltar pra casa antes, imagina agora depois da conversa com a pintora de araque.
Me deitei de leve na cama e ela deu um pulo.
- Que susto, Clara ! – colocou a mão no peito, estava ofegante, enquanto eu ria da reação dela.
- Me desculpe, não queria te assustar – mentira.
- Sei – ela semicerrou os olhos e eu deitei ao seu lado – você quer que eu saia?
- Não, pode ficar aqui – ela ficou me olhando e voltou para sua posição de antes, de costas para mim.
Eu fiquei a observando e pensando em tudo, ela parecia nervosa, não parava de bater os dedos na cama. Mas eu também não falaria nada.
- Que bom que você voltou pra casa – ela falou baixinho olhando para sua mão inquieta.
- Concordo... deveria ter voltado antes – falei e ela se virou.
- Clara ... – Eu coloquei uma mão em seu rosto – me perdoa.
- Eu não deveria ter sido muito dura com você, ter duvidado dos seus sentimentos por mim... deixei minha raiva falar mais alto, tenho que te pedir desculpas por isso.
Você teve seus motivos, eu não deveria ter feito nada do que fiz. Eu quero me retratar com você, quero que você volte a confiar em mim, me dê essa chance, por favor.
Eu assenti sem falar nada e a puxei para um abraço. Ficamos ali, nos sentindo por um bom tempo. Era bom a ter em meus braços de novo, as noites sem ela eram ruins demais.
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O que acharam do capítulo ?
A paz vai reinar em fim ?
