Five

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Forget all we said that night

No, it doesn't even matter

'Cause we both got split in two

Então é isso? — lágrimas escorriam dos olhos da garota nesse exato momento, o que fazia com que ele sentisse um peso absurdo em seu coração. Como se alguém estivesse segurando o órgão com as mãos, e apertando.

— Não sei se consigo continuar com isso, Noah — Ela disse, entre soluços.

— Não nos defina como isso, por favor.

Ele tentou se aproximar, mas ela deu um passo para trás. Isso fez com que parasse, congelasse. Sentiu seu pulso acelerar, sua respiração ficar mais rápida. Estava começando a parecer real. Ele esperava que pudessem contornar essa situação, que pudessem continuar sendo os dois.

— Diarra... Nós conseguimos passar por isso.

A voz saiu embargada, a garganta parecia que ia fechar, seus olhos ardiam. 

Não era assim que ele pretendia passar essa noite.

— Não sei se conseguimos, Noah. Não aguento mais essa pressão, esse ódio gratuito, ameaças... Até você vem sofrendo ameaças! Isso tudo foi longe demais.

Ela não estava muito melhor. As lágrimas escorriam pelo seu rosto sem nenhum impedimento e molhavam sua blusa. Ver que o garoto a sua frente estava com os olhos vermelhos e o semblante derrotado, também não facilitava nada. Doía. 

Vê-lo sofrendo, doía.

— Já pedi para você não se referir a nós como "isso". — Ele disse, com a voz rouca — Nós somos mais fortes do que qualquer ataque, eu sei que somos.

— Noah, eu..

— Eu te amo, Diarra.

— Eu também te amo! — Disse exasperada — Você sabe, o mundo sabe, mas... — Respirou fundo — Mas não dá mais.

Ela não deu tempo para nenhuma reação da parte dele. Simplesmente virou as costas e saiu. 

Deixou naquela sala uma parte de si. Essa parte estava parada no meio do local, com o rosto molhado e sentindo uma dor que nunca havia sentido antes. O elevador parecia demorar mais naquela noite do que nos outros dias, enquanto ela soluçava tão alto no corredor, que alguns vizinhos abriram a porta para olhar o que estava acontecendo.

Mas ao vê-la, nenhum deles tinha coragem de dizer nada.

Dava para ver em seu rosto que algo havia sido quebrado. E eles sabiam bem o quê.

Essa cena voltou à mente da Diarra, enquanto ela estava indo para a casa da amiga. Não sabia o que havia motivado a lembrança. Por incrível que pareça, não estava nervosa como achou que estaria. Ou talvez estivesse se enganando apenas para o tempo passar mais rápido e não sentir os efeitos do nervosismo.

Seu celular vibrou avisando a chegada de uma mensagem. Um simples "ele já está aqui" foi suficiente para fazer com que toda a ansiedade que fingia não sentir, dominasse seu corpo. Até o carro pareceu mais quente e ela achou que estivesse completamente louca por isso.

Passou a fazer as respirações que aprendeu na Yoga, mas nem elas pareciam efetivas naquele momento.

Outra mensagem. "Se prepare para o impacto, ele está lindo". Joalin era uma pessoa que a Diarra gostava de graça, mas às vezes parecia que a amiga não filtrava muito o que deveria ou não dizer. No fim, não foi nenhuma surpresa saber que ele estava lindo. Nada mudou. O tempo foi bastante generoso com ele, era um fato que não podia ser negado.

O Uber parou na frente do prédio e ela respirou fundo antes de descer do carro. Passou pela portaria e cumprimentou o porteiro. Como de costume, passou uns cinco minutos falando com o funcionário e autografou uma foto sua para a filha dele. Entrou no elevador e se encarou no espelho. Ficou feliz ao realizar que, diferente do que estava sentindo por dentro, não estava transparecendo estar nervosa.

Ajeitou um pouco o vestido e conferiu se estava tudo certo com as botas e a meia calça preta. Esse tempo foi suficiente para que o elevador parasse no andar de Heyoon. Respirou fundo mais uma vez e seguiu em direção à porta do apartamento. Contou até dez antes de tocar a campainha, sendo interrompida pela porta abrindo inesperadamente.

Diarras's POV

— Ah, oi Dee!

Lamar me deu um baita susto abrindo a porta daquela forma. Sorri aliviada por ver que era ele e cumprimentei de volta, perguntando para onde estava lindo.

— Vou pegar as pizzas que acabaram de chegar.

— Quer ajuda?

Perguntei de forma sincera, tentando não pensar que isso era só mais uma forma de postergar o encontro por uns minutos.

— Não precisa, na real. Não são tantas. Boa parte já chegou. Ou pelo menos, eu acho.

Assenti devagar. Queria perguntar quem estava ali, sem parecer que só estava perguntando isso por conta dele.

— Quem está por aí? Alguém muito diferente de quem estava planejado?

Lamar sorriu de canto, entendendo que especifiquei a pergunta para não deixar dúvidas que não estava perguntando sobre uma pessoa específica.

Pelo menos ESSA surpresa não terei.

— Só nossa galera e o pessoal da companhia de dança. Mas dois caras trouxeram amigas que não estavam na lista. A Heyoon não ficou muito feliz, mas nada que não dê para controlar.

Esse homem sempre foi o poço da paciência e do otimismo, incrível como isso não mudou.

— Bom, vou deixar você sair, coitado do entregador — disse rindo e dando espaço para que ele passasse.

— Obrigado, linda.

Ele começou a andar pelo corredor, mas parou do nada. E chamou meu nome. Estava quase sumindo pela porta quando o ouvi. Girei e coloquei a cabeça para fora, olhando.

Be cool. A noite vai ser incrível, estou sentindo isso. — Disse, piscando.

Sorri e acenei positivamente, antes de voltar a fazer meu caminho.

Não disse? O otimismo em pessoa.

Entrei no apartamento e fui guardar minha jaqueta no armário. Ao fechar a porta, trombo com alguém. Por estar de costas, minha respiração cessou por uns segundos até ouvir a voz do Josh.

— Sou apenas eu, Di. Vou ajudar o Lamar que acho que ele não sabe quantas pizzas pediram.

Soltei o ar enquanto ele saiu pela porta que havia acabado de entrar. O corredor da Heyoon nunca pareceu tão longo. Sentia minha ansiedade aumentar a cada passo que dava em direção à sala de estar. Não consegui ser tão sorrateira quanto queria, pois ao me ver, Heyoon acenou exageradamente para mim.

Esse movimento não passou despercebido por ninguém que estava no recinto, inclusive pela pessoa que estava conversando com ela. Que por sinal, sabia bem quem era. Conheceria aquela nuca em qualquer lugar, menos depois de tanto tempo.

Enquanto acenava de volta, vi Noah virar na minha direção. Mesmo não estando em um filme, podia jurar que ele virou para mim em câmera lenta.

E lá estava ele. Acenando discretamente para mim, enquanto dava aquele meio sorriso tímido. Justo o que sempre amei mais.

Por um momento, pensei que minhas pernas fossem me deixar na mão. Mas consegui me manter em pé, até a Joalin pular na minha frente e cortar nosso contato visual.

Que comece essa noite.


XXXX

Como sempre, cuidem-se pimpolhos/as.

Até mais <3


Half a HeartOnde histórias criam vida. Descubra agora