Duas Faces

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Sendo de manhã, Rody pega seu "cavalo" e retira-se de seu apartamento indo em direção ao seu trabalho, em meio ao caminho pedalando despretensiosamente era possível ouvir os barulhos da vizinhança, congestionamento de veículos, pessoas conversando, crianças brincando e o som do vento que ecoava em seus ouvidos movendo seu cabelo. Seguindo em diante ele se depara com um gato, sua pelagem era totalmente branca que chegava a se destacar mais ainda quando estava no brilhar do sol, o animal não tinha um dos seu olhos, a ferida parecia já ter se cicatrizado há muito tempo. Rody cogitou parar um pouco para acariciar o pequeno felino, mas antes que ele tomasse qualquer tipo de decisão sentiu uma leve gota em sua bochecha, depois em sua cabeça e assim prosseguiu uma sequência em diante, antes que pudesse perceber era uma chuva tão colossal que parecia que metade do céu estava caindo.

Com muito cansaço após uma longa e rápida pedalada, Rody é recebido por seu chefe.

— "Desculpe pelo atraso-" — Totalmente encharcado e com um rosto de derrota, o ruivo ainda tenta se expressar com um leve sorriso.

— "Desculpe?" — com uma face de desagrado ele diz — "Desculpas não irão resolver nada, é apenas seu segundo dia e você já est-" — ele examina seu funcionário de cima abaixo vendo seu estado.
— "Por que você está assim?" — Com uma de suas sobrancelhas levemente arqueada ele questionou

— "Bem, uh... Pensei que se andasse de bicicleta mais rápido me molharia menos, mas pelo visto não foi muito eficaz."

— "É bem notório." — Ele sorriu sutilmente.
A figura pálida pega um pequeno pano e coloca delicadamente na cabeça do jovem ruivo, secando seus cabelos com movimentos leves e se certificando em não o machucar — "Você não pode ser visto por clientes com esta aparência".

— "Esta ciente de que os guarda-chuvas existem por uma razão, certo?" — O Chefe de cabelos escuro pontua.

— "Eu não tenho um."

— "...Irei te dar o meu para que isso não aconteça novamente e consiga voltar"

— "Uh bem, obrigado, só que..." — Sem jeito, Rody tenta perguntar — "Como você pretende voltar para casa sem um?"

Com a resposta já iminente o indivíduo com seus olhos de peixe morto diz — "Eu moro aqui."

— "Quis dizer no restaurante??¿"

— "Meu apartamento fica na parte de cima."

— "Ah, bem, isso faz mais sentido. Caramba"

Sem compreender, seu chefe o questiona - "Existe algum problema?"

—"Nah, é só que... não é meio preocupante? Se acontecesse algo com o prédio tudo iria desaparec-"

O pano é esfregado repentinamente até em seu rosto de maneira brusca, seu chefe já sem paciência o manda de volta ao trabalho. — "Se você já tem tempo suficiente para falar besteiras, então está pronto para voltar ao seu dever."

A sala principal é recebida por uma sensação de calmaria, tudo ocorreu bem sem nenhum imprevisto além do já esperado, os clientes estavam mais pacientes, a cozinha por algum motivo mais harmônica. Rody com seu procedimento padrão de atendimento é pego de surpresa ao notar que Vincent estava por si próprio recebendo os clientes na porta de entrada do bistrô, se comportando de maneira educada e calorosa, exalando o carisma. O ruivo nota a mudança drástica de comportamento, era como se fosse uma pessoa totalmentediferente.

— "É um prazer recebê-los, por favor, se acomodem." — Sua boca se curvou num sorriso e sua voz soou docemente.

O jovem ruivo se questionava qual seria sua verdadeira versão ou se ele realmente tinha uma real essência, se nas horas vagas o rapaz anêmico fingia ser algo que não era com seus amigos e entes queridos, bem, se caso ele tivesse essas coisas. Afinal, não seria vantajoso para si caso ele agisse da mesma forma que trata seus funcionários, sua reputação imaculável estaria acabada caso com contrário.

Looping - Dead plate Onde histórias criam vida. Descubra agora