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-Leyla, está pronta para dormir, querida?
-Sim mãe! - Grito enquanto jogo a coberta na cama ao lado para me deitar.
Olho mais uma vez pelo quarto escuro com a mesma sensação de sempre, a sensação de ter alguém me observando. Pelo corredor consigo ver a silhueta de mamãe se aproximando para me dar boa noite, como sempre.
-Pronta para volta à escola amanhã?
-Estou sim.
Sinceramente não estava totalmente à vontade para voltar as aulas agora, mas não aguentava mais ficar em casa pensando nos pesadelos e nas insônias.
-Vai conseguir dormir agora, não vai?
-Acho que sim.
-Espero que você não fique acordada à noite toda de novo ok? -Ela fala com uma expressão aflita.
-Desculpe por aquilo.
-Espero que voltar para a escola não seja um erro. –Ela fala meio seria, sussurrando para si mesma. -É aquela sensação esquisita de novo?
-É sim.
-Filha você sempre tem pesadelos com isso, não quer mesmo falar de novo com uma psicóloga? Na verdade, acho que posso falar com a sua psiquiatra, o remédio novo que aquela cretina te passou parece que não ajuda em nada.
-E eles iram me colocar em uma maca para ser internada de novo?
-Eu só quero te ajudar, Leyla.
-Então por que não nos mudamos dessa casa esquisita logo. -Falo carregada.
-Você sabe que o problema não é a casa. Essa casa é herança de sua bisavó e não temos dinheiro para comprar uma outra casa sem necessidade.
Ela não me escutava. E eu sei muito bem que não temos dinheiro.
-Seu pai trabalha dia e noite para ajudar com as contas e compras em casa, Leyla, e não dá para perde tempo ou dinheiro com nenhuma bobagem, então valorize isso.
Ela parecia infeliz, mas suas palavras me irritavam muito.
-Por que defende ele se ele sempre chega morto de álcool no corpo e querendo espancar você?
-Já chega, Leyla! -Ela grita
Acho que falei demais. Não entendo a raiva que sinto por ele também. Eu sinto raiva por ele bater na mamãe, mas não é apenas por isso. Eu esqueci de muitas coisas da minha e, sinceramente, esqueci de muitas coisas recentemente, o que me preocupava, mas não contei para mamãe.
-O seu pai é bom, ok? O trabalho dele tem muita pressão e não precisamos de mais loucuras ou estouros suas, ouviu?
As vezes eu a odeio. E desejo que ela e papai sumam logo. Por que esse sentimento, Leyla?
-Ok. -Falo cansada.
Mamãe passa os dedos na testa bem pesada, parecia que segurava uma corda no pescoço que a sufocava.
-Se você não conseguir dormir, tome a Melatonina, entendeu?
-Tudo bem, mãe.
-Boa noite, querida.
-Boa noite.
Eu não queria entristecer a mamãe, mas ela não merecia viver perturbada pelo papai.
Ela fecha a porta aos poucos e logo desaparece com passos agitados e pesados pelo carpete do corredor. Eu sabia que não iria conseguir dormir, vai saber o que irá acontecer nessa noite, um pesadelo ou à insônia o que, sinceramente eu não ligo mais.
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Nem sempre monstruoso.
ParanormalCom problemas no sono e em casa, Leyla descobre que alguma coisa anormal a observa a noite enquanto ela dorme. Sua insônia a incomoda e um certo medo extremo a persegue, e ela não faz ideia do por quê tanto medo. Com transtornos em sua casa e, prin...