Capitulo 1

4 1 0
                                    

<<<<<

-Leyla, está pronta para dormir, querida?

-Sim mãe! - Grito enquanto jogo a coberta na cama ao lado para me deitar.

Olho mais uma vez pelo quarto escuro com a mesma sensação de sempre, a sensação de ter alguém me observando. Pelo corredor consigo ver a silhueta de mamãe se aproximando para me dar boa noite, como sempre.

-Pronta para volta à escola amanhã?

-Estou sim.

Sinceramente não estava totalmente à vontade para voltar as aulas agora, mas não aguentava mais ficar em casa pensando nos pesadelos e nas insônias.

-Vai conseguir dormir agora, não vai?

-Acho que sim.

-Espero que você não fique acordada à noite toda de novo ok? -Ela fala com uma expressão aflita.

-Desculpe por aquilo.

-Espero que voltar para a escola não seja um erro. –Ela fala meio seria, sussurrando para si mesma. -É aquela sensação esquisita de novo?

-É sim.

-Filha você sempre tem pesadelos com isso, não quer mesmo falar de novo com uma psicóloga? Na verdade, acho que posso falar com a sua psiquiatra, o remédio novo que aquela cretina te passou parece que não ajuda em nada.

-E eles iram me colocar em uma maca para ser internada de novo?

-Eu só quero te ajudar, Leyla.

-Então por que não nos mudamos dessa casa esquisita logo. -Falo carregada.

-Você sabe que o problema não é a casa. Essa casa é herança de sua bisavó e não temos dinheiro para comprar uma outra casa sem necessidade.

Ela não me escutava. E eu sei muito bem que não temos dinheiro.

-Seu pai trabalha dia e noite para ajudar com as contas e compras em casa, Leyla, e não dá para perde tempo ou dinheiro com nenhuma bobagem, então valorize isso.

Ela parecia infeliz, mas suas palavras me irritavam muito.

-Por que defende ele se ele sempre chega morto de álcool no corpo e querendo espancar você?

-Já chega, Leyla! -Ela grita

Acho que falei demais. Não entendo a raiva que sinto por ele também. Eu sinto raiva por ele bater na mamãe, mas não é apenas por isso. Eu esqueci de muitas coisas da minha e, sinceramente, esqueci de muitas coisas recentemente, o que me preocupava, mas não contei para mamãe.

-O seu pai é bom, ok? O trabalho dele tem muita pressão e não precisamos de mais loucuras ou estouros suas, ouviu?

As vezes eu a odeio. E desejo que ela e papai sumam logo. Por que esse sentimento, Leyla?

-Ok. -Falo cansada.

Mamãe passa os dedos na testa bem pesada, parecia que segurava uma corda no pescoço que a sufocava.

-Se você não conseguir dormir, tome a Melatonina, entendeu?

-Tudo bem, mãe.

-Boa noite, querida.

-Boa noite.

Eu não queria entristecer a mamãe, mas ela não merecia viver perturbada pelo papai.

Ela fecha a porta aos poucos e logo desaparece com passos agitados e pesados pelo carpete do corredor. Eu sabia que não iria conseguir dormir, vai saber o que irá acontecer nessa noite, um pesadelo ou à insônia o que, sinceramente eu não ligo mais.

Nem sempre monstruoso.Onde histórias criam vida. Descubra agora