Capitulo 2

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Chego na sala e logo me deparo com todos parando de conversar e me encarando com as caras fechadas, o que eu já esperava, e não ligo. Caminho até uma mesa no canto do lado direito onde está vazio. Alguns saíram de perto quando viram que eu sentaria ali, mas se ninguém me incomodaria então estava tudo bem. Passando por fileiras de cadeiras, consigo ver o olhar de Ana com raiva nos olhos ao me encarar com o nariz fraturado e enfaixado, o que me fez rir admito.

-Alunos, como vocês sabem, entraram alunos novos na escola nesse semestre. -O professor fala caminhando pela sala. -E entrou uma aluna nova na classe então espero que vocês a tratem bem, certo? Tenho certeza que todos serão amigos no final das contas. -Ela fala sorrindo, caminhando até a porta da sala para abrir. Havia uma sombra de alguém do outro lado da porta que possuía uma janela transparente e embaçada, e acho que é a aluna nova.

Coitado, o professor acha mesmo que as coisas são tão simples assim? Talvez no 5 ano isso seria verdade, mas a partir do 9 ano, com 15 anos as coisas mudam bastante. Ele abre a porta e solta um enorme sorriso para a garota que se mostrava parada de frente para ele com a face fechada e, era a mesma garota do banheiro. Não conseguia acreditar! Ela era mesmo da minha sala.

-Seja muito bem vinda! -Diz ele sorrindo. -Vamos, pode entrar!

Ele a leva para frente da classe e a apresenta.

-Pessoal, essa é a Harumi, ela veio da Sul, de Seul. Harumi, gostaria de se apresentar para a turma?

Caramba! Pensei que ela fosse do Japão, me enganei completamente.

Um silêncio se abrange pela sala, o que deixa o pobre Sr. Nelson confuso, já que a garota demonstrava frieza e não abria a boca.

-O gato comeu a língua dela. -Ana fala.

Todos riem dessa piada ridícula de Ana, povo sem noção. Mas o melhor de tudo é o olhar fixo que Harumi deixa em Ana por um bom tempo em quanto o professor Nelson tentava controlar a sala para ficarem em silêncio. Essa garota é tão incrível que fez Ana se calar e ficar desconfortável com uma simples troca de olhar entre as duas.

-Ok, já chega pessoal! Harumi, pode se sentar ali na segunda mesa do funda na segunda fileira da direita.

Droga, ela sentaria do meu lado só que uma cadeira a frente. Ela me olha e acabo desviando o olhar, acho que a encarei demais.

O professor começa a explicar a matéria no quadro e percebo minha visão ficando um pouco turva e embaçada. Droga, o sono tinha que vir logo agora. Quase não escutando mais nada, fecho por completo os olhos e enfim durmo, mesmo se fosse me dar mal depois.

Que estranho, eu estava em casa? Olho por todo o canto e percebo que era meu quarto, mas estava um pouco escuro. Vejo que a porta de meu guarda-roupa se abre e consigo ver um espelho dentro, não tinha nada, apenas meu reflexo, mas logo consigo ver pelo reflexo a maçaneta de minha porta girando aos poucos para se abrir. Droga, esse é o mesmo pesadelo de sempre. Eu não sei o porque, mas sempre que aquela maçaneta gira para abrir a porta, eu entro em desespero e lágrimas caem de meu rosto. Eu nunca cheguei no final do sonho por que sempre acordava, e sempre irei me perguntar o que havia no corredor, do outro lado que me deixava com tanto medo assim.

-Leyla? -O professor fala

Abro os olhos com um pulo assustada, percebendo que havia acordado de vez e que o professor estava em minha frente. Estava preocupado.

-Você está bem? Esta chorando. -ele fala endurecendo as sobrancelhas.

Droga, que merda de pesadelo que sempre se repete. Eu só queria que isso acabasse. Passo a mão no rosto e sinto a enchente de lágrimas caindo de meu rosto frio. E sabia que todos estavam me olhando, inclusive Harumi. Ótimo agora ela tem motivos para não falar comigo.

Nem sempre monstruoso.Onde histórias criam vida. Descubra agora