Kissin' in my car again

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4 de julho

Sob o céu noturno tingido de tons de azul escuro e salpicado de estrelas, as pessoas se reuniam em parques, praias e quintais, ansiosas pelo espetáculo que estava por vir.

À medida que a noite avança, os primeiros fogos de artifício irrompem no céu. Explosões de cores vibrantes cortam a escuridão, iluminando os rostos extasiados e, em grande maioria, pintados com tinta em vermelho, azul e branco.

Em meio a esse espetáculo magnífico, seus olhares se prendem, capturados pela beleza dos fogos de artifício refletida nos olhos um do outro. O brilho das explosões coloridas dança em seus rostos,

E em um momento de puro êxtase, os lábios se encontram suavemente, em um beijo tão doce e intenso quanto os fogos de artifício que os rodeiam. Eles se perdem um no outro, ignorando o mundo ao seu redor enquanto se entregam à paixão do momento.

Os fogos de artifício continuam a iluminar o céu, era como uma cascata de luzes, como estrelas a cair ao som de um hino nacional, ondas de luzes cortavam a escuridão, era uma noite maravilhosa, e lá estava ele, a beijando.

- James, os fogos! Betty afastava o beijo tornando sua atenção ao céu. Mas James, manteve seus olhos firmes nela.

Ninguém o culparia por perder a vista do festival pela vista do rosto de Betty. Betty era uma garota de cabelos castanhos ondulados, sempre usados soltos em ondas suaves, e seus olhos, castanhos profundos, às vezes, Betty gostava de realçá-los com maquiagem sutil, o que destacava ainda mais seu olhar expressivo. James costumava dizer que Betty lembrava um gato, por conta de seus olhos. Não costumava usar tanta maquiagem além de brilho labial e rímel, mas sempre que usava, refletia sua personalidade criativa em suas maquiagens, que geralmente eram coloridas ou brilhosas.

Betty era muito expressiva. Praticava teatro desde muito cedo, gostava de verbalizar extravagante e exageradamente tudo que sentia e pensava, ela tinha essa habilidade para se expressar de forma clara, persuasiva e articulada, mesmo que fosse falando ou escrevendo, e quando não enunciava, recorria às suas expressões faciais, que apesar de variadas e exóticas, jamais deixaram Betty menos bonita, pelo contrário, Betty costumava ouvir que atraía, nem sempre romanticamente, as pessoas ao redor principalmente pelo seu jeito eloquente, as pessoas eram cativadas por Betty por sua capacidade de transmitir suas ideias de maneira convincente e envolvente, utilizando uma linguagem rica e persuasiva, além da beleza mais que incomparável, a habilidade natural para se comunicar de forma impactante era a mais cativante característica de Betty.

- Gatinha, que tal lá de cima? James, ainda com seus olhos em Betty, disse enquanto apontava o topo da roda gigante.

Betty arregalou seus olhos e acenou positivamente com a cabeça enquanto puxava milkshake pelo canudo fazendo um biquinho.

Com o decorrer da noite, Betty e James foram em todos os brinquedos que puderam, compraram em todos os quiosques e todas as tendas de vendedores ambulantes. Àquela altura do campeonato, James já deveria estar com dois ou três bichinhos de pelúcia nas mãos enquanto Betty varria o local na esperança de mais alguma tenda de tiro ao alvo que ainda não haviam passado.

Já passara da meia-noite quando Betty mostrou sentir frio. James a conduziu até o carro, ligou o aquecedor e foi vasculhar o porta malassada. Não demorou muito para que retornasse ao carro com um cardigã em mãos, era um cardigã de cor creme, de tricô grosso e texturizado, haviam algumas estrelinhas bordadas. Betty agasalhava-se quando foi surpreendida com um beijo longo. Depois, James carinhosamente afastou os cabelos de Betty de seu rosto, usando as orelhas de apoio, e encheu as bochechas de Betty com beijos estalados que ecoavam dentro do carro.

- Agora, a mocinha tem um banho longuíssimo e uma noite de sono bem dormida à sua espera. Brincou enquanto deixava o local da festa. Conversaram o caminho inteiro até a casa de James. Betty dormiria lá aquela noite, pelo horário.

Não demorou muito para que James estivesse em casa, não era uma cidade grande, na verdade, bem pequena. Betty tomou seu banho e agasalhou-se com seu cardigã novamente, e uma calça cinza de James que não coube direito. Limpa, deitou na cama de James ainda eufórica com o dia que havia se passado. O dia quatro de julho era um dos feriados mais amados por ambos. Antes que James se deitasse, Betty já dormia profundamente.

Assim que amanheceu, tomaram café numa cafeteria e James deixou Betty em casa.

James era extremamente cuidadoso com Betty, a própria costumava dizer que em um mundo de moleques, James é um cavalheiro. Betty não exagerava quando o dizia, James mostrava ser um cavalheiro desde gestos simples como abrir a porta do carro até mandar entregar um buquê colossal cada vez que Betty se apresentava no teatro.

James era um garoto de olhos e cabelos cor-de-mel, era alto e bonito. Não gostava de vestir roupas muito despojadas, então era normal vê-lo em sandálias, roupas sociais e camisas polo. Diferente de Betty, não era nada extrovertido nem expressivo, mas adquiriu o hábito de usar melhor a fala por Betty, que adorava palavras de afirmação e exigia mais que tudo num relacionamento.

Não se sabe muito sobre James antes de Betty, mas os conhecidos de James sempre dizem que antes de Betty, James era tímido demais e era visto como um "esquisito" pela incapacidade de se enturmar com as pessoas. Depois de Betty, James foi praticamente inventado, passou a ter mais amigos e a frequentar as mesas em que Betty sentava no refeitório. Além de se comportar, James começou a se vestir e pensar melhor.

Betty possuía essa "mania de conserto", achava que com o jeitinho certo, conseguiria ajudar qualquer pessoa a se tornar a melhor versão possível. E fez isso com James. Percebeu que James era reservado demais até mesmo pra verbalizar seus sentimentos, então começou a presentear James com livros e dicas disfarçadas. James evoluiu em muito pouco tempo, até mesmo seus pais agradeceram Betty por "arrumá-lo" por eles.

Eles tinham uma vida ótima, se encaixavam perfeitamente e eram o casal que a maioria dos adolescentes daquela escola almejavam. James e Betty não poderiam imaginar algo melhor para se viver.

Peter Losing WendyOnde histórias criam vida. Descubra agora