A Epifania

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O sol mal havia surgido quando o alarme estridente interrompeu os sonhos de Gabriel, arrancando-o da doce inconsciência do sono. Os olhos se abriram lentamente, lutando contra a luminosidade que invadia o quarto. Os lençóis amarrotados testemunhavam uma noite de sono agitado, interrompido por pesadelos vagos e inquietantes.

Com um suspiro pesado, Gabriel se levantou, sentindo a dor familiar da falta de descanso. O café da manhã foi uma mera formalidade, uma xícara de café amargo e uma fatia de pão engolida sem sabor enquanto ele folheava distraído o jornal, os olhos fixos em um ponto além das palavras impressas.

O trajeto até o trabalho foi uma jornada mecânica, os passos automatizados seguindo o mesmo caminho de sempre. A cidade pulsava com vida ao seu redor, mas Gabriel estava distante, mergulhado em seus próprios pensamentos tumultuados.

Foi quando ele viu o mendigo, um espectro solitário na paisagem urbana, encolhido em um canto sombrio como uma sombra esquecida. Uma onda de compaixão o inundou ao vê-lo, observando impotente enquanto as pessoas passavam apressadas, ignorando sua presença como se ele fosse invisível.

A pergunta ecoou em sua mente, uma semente de dúvida plantada em sua consciência: "Se Deus existe, por que permitiria tanto sofrimento?"

Essa questão o acompanhou durante todo o dia de trabalho, assombrando seus pensamentos enquanto ele tentava se concentrar em códigos e algoritmos. Mas sua mente estava longe, perdida em um labirinto de indagações existenciais.

Ao retornar para casa, Gabriel se sentiu aliviado por escapar da agitação da cidade, mas a pergunta persistia, mais premente do que nunca. Ele se jogou no sofá, observando as sombras dançarem nas paredes enquanto a noite avançava lentamente.

Foi então que ele mergulhou na escuridão da internet, em busca de respostas para suas perguntas sem resposta. Entre as páginas virtuais de fóruns e blogs obscuros, ele encontrou um conceito intrigante: a Filosofia Androide.

Essa teoria ousada sugeria que a humanidade era como um programa de computador, dotado de livre arbítrio para escolher entre o amor e a indiferença. Como desenvolvedor de software, Gabriel achou a analogia fascinante, mas também perturbadora. Se Deus nos deu o poder de escolha, por que permitiria que o mundo fosse um caos de miséria e dor?

A mente de Gabriel estava em chamas com novas ideias e questionamentos enquanto ele mergulhava cada vez mais fundo na teoria. Mas à medida que a noite avançava e as horas se arrastavam, uma sensação de inquietação se instalava em seu peito, como se ele estivesse prestes a descobrir algo que preferiria não saber.

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