Em Busca de Respostas

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O sol mal havia surgido quando Gabriel despertou em mais um dia monótono. Os raios de luz que penetravam pelas frestas da janela iluminavam o quarto, revelando a atmosfera tranquila da manhã que contrastava com a agitação interior de Gabriel. Os lençóis amassados testemunhavam uma noite de sono conturbado, onde os pensamentos tumultuados e os questionamentos sem resposta sobre o mendigo ausente ainda ecoavam em sua mente.

Com um suspiro pesado, Gabriel se levantou, deixando para trás os vestígios de seus sonhos inquietantes. O café da manhã foi uma mera formalidade, uma xícara de café amargo e uma fatia de pão engolidos sem sabor enquanto ele folheava distraído o jornal, os olhos fixos em um ponto além das palavras impressas.

A trajetória até o trabalho foi uma jornada mecânica, os passos automatizados seguindo o mesmo caminho de sempre. A cidade pulsava com vida ao seu redor, mas Gabriel estava distante, mergulhado em seus próprios pensamentos tumultuados. Ao passar pelo local onde o mendigo costumava estar, Gabriel percebeu que ele não estava mais lá. Uma sensação de desconforto o invadiu, como se uma peça importante do quebra-cabeça tivesse desaparecido.

Chegando à sua empresa, uma das maiores e mais reconhecidas da cidade, Gabriel respirou fundo, preparando-se para mais um dia de trabalho. Pegou uma xícara de café fumegante e se dirigiu à sua cadeira, mergulhando na rotina diária de códigos e algoritmos. Foi então que uma voz familiar interrompeu seus pensamentos.

"BUUUUUH"

Gabriel saltou de susto, sua concentração quebrada pela brincadeira inesperada.

"Merda! Você me assustou. Porra. O que você tem na cabeça, Cecilia?"

"Já combinamos de você me chamar de Selene."

"Essa história de nomes fictícios não é pra mim. Acho bizarro te chamar assim."

"Nomes são apenas nomes. Não são mais importantes que sua carne e alma."

"De novo com esses papos... Sai daqui sua bruxinha e me deixa trabalhar."

"Muito frio como sempre. Então... Já que hoje é sexta, os meninos estavam querendo sair para beber depois do expediente. Querem saber se você vai junto."

"Quem vai estar lá?"

"Muita gente... o Wendell do departamento de segurança..."

"Não gosto dele."

"O Ryan, o estagiário também."

"Ele fede. Pera aí, ele ao menos tem idade pra beber?"

Antes que Gabriel terminasse de falar, Cecilia continuou.

"O Santos também. Junto com o Ítalo e muito provavelmente as meninas também. Só falta você. O que diz?"

"Tá... Eu vou ver."

"Ótimo! Vamos estar na mesa 8, às 22:00 em ponto. Até mais, gatão."

Gabriel então foi deixado por "Selene". Cecilia era uma pessoa muito amigável, era considerada a psicóloga pessoal de muitos daquela empresa. A opinião de Gabriel sobre ela era... que era uma boa pessoa.

Com mais algumas horas de serviço, Gabriel bateu o ponto exatamente às 18:00 e partiu em direção ao ponto de ônibus para voltar para casa. Chegando em seu apartamento, Gabriel tomou um banho relaxante e trocou de roupa, aguardando a hora marcada para se encontrar com os colegas de trabalho.

Enquanto esperava, ele pegou seu notebook e o abriu, direcionando-se para o Google, ciente do que estava prestes a fazer. Sua mente ainda mergulhada na questão do sofrimento humano e da existência de Deus, Gabriel procurou respostas na vastidão da internet. Ele encontrou referências à teoria androide, que argumentava que a humanidade tinha o livre-arbítrio para escolher entre o amor e o caos, mas sua mente continuava a questionar.

"Precisamos de uma resposta", pensou Gabriel. "Por que Deus permitiria tanta miséria no mundo? Por que o sofrimento parece ser tão onipresente?"

As perguntas ressoaram em sua mente enquanto ele navegava pelas páginas virtuais, esperando encontrar alguma luz no túnel de incertezas que o cercava. A noite avançava lentamente, mas Gabriel estava determinado a continuar sua busca por respostas, mesmo que isso significasse confrontar verdades desconfortáveis sobre o universo e sua própria existência.

E foi nesse turbilhão de pensamentos que Gabriel, por fim, questionou a existência de Deus com uma frase que ecoou em sua mente: "Se for assim, é muito mais fácil acreditar que ele não existe. E se existe... nos abandonou há muito tempo."

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