Madeleine Morgan
Não demorou para que Lucy voltasse ao quarto. Eu brincava com o controle da cama, sentindo ela subir e descer até achar uma posição confortável, depois de ter fracassado na minha busca por ele. Na verdade, nem sabia ao certo por quem estava procurando, já que nem lembrava da fisionomia de seu rosto.
Ela passou pela porta, orgulhosa de si mesma, com uma caixinha branca numa mão.
Lucy balançou a caixinha e eu ri, depois ocupou a cadeira que antes Amaya estava.
- Tem certeza que se sente bem? - pediu, com a mão direita no meu antebraço.
- Melhor impossível - afirmei, mesmo com tudo doendo.
Ela não estava convencida, eu sabia. A sensação de uma pergunta não feita pairava entre nós. Lucy não queria perguntar, esperava que eu contasse por livre e espontânea vontade.
Quando nos conhecemos, demorei a confiar nela porque sou naturalmente insegura e sei disso. Contudo, é impossível não gostar dela.
Lá em casa, sempre se mostrou muito condizente com as minhas reações em relação a ela e nunca me cobrou mais satisfações do que realmente precisava. Álcool também deixou de ser um tabu quando Lucy se tornou minha madrasta, mesmo assim, ela sempre me ensinou ser moderada em relação a tudo. Então, contrariando todo o bom ensinamento que Lucy me proporcionou, quase tive um coma alcoólico e quase matei um desconhecido.
Na mesma noite.
Sou uma catástrofe.
Assim como em May, confio nela, mas Lucy com certeza levaria isso a cabo, portanto jamais contaria.
Jamais contaria a ninguém.
- Quer me falar o que aconteceu? - Vencida pelo meu silêncio, perguntou com decepção na voz.
Fiz pouco caso do assunto - Bebi demais.
Lucy assentiu com a cabeça - E por que você bebeu demais?
Abaixei os olhos para um ponto que não estive em contato com os seus.
Não estava visualizando o rosto dela, mas o silêncio dizia muita coisa sobre sua expressão.
- Não precisamos falar disso se você não quiser. Só quero te lembrar que você é jovem, Maddy. Muito jovem - enfatizou - sua vida não vai acabar em uma demissão e você não vai ser menos do que era pra mim ou para Nicholas ou para Nichole por causa disso.
No entanto, tudo não funcionava com tanta fluidez assim na minha cabeça, mesmo que concordasse com o que ela tinha dito, por isso acrescentei:
- Eu não fui bem nas provas de admissão, Lucy. Não consegui focar em nada na semana que perdi o emprego e sequer faço ideia do que quero fazer do meu futuro - Pontuei - Meu salário era a minha garantia, era o que fazia com que eu me sentisse útil.
Fez um barulhinho que indicava sua incredulidade - Se você não passar nas provas de admissão esse ano, pode tentar de novo. E se não quiser tentar de novo, então fodam-se as provas de admissão - Estampou um sorriso no rosto - A vida é muito curta pra tentar ficar agradando o mundo inteiro, quando você ver já vai ter perdido muito tempo, acredite em mim.
Uma sábia anciã de trinta e dois anos, que tem mais conhecimento sobre vida do que muitos.
Lucy teve os gêmeos quando ainda tinha dezoito, muito, muito jovem. Sei dos perrengues que ela passou pra conseguir terminar a faculdade e ser bem sucedida como é hoje cuidando dos dois e estudando simultaneamente e não consigo imaginar como seria se ver tão nova com duas crianças na barriga. O pai dos gêmeos é um japonês chamado Ren, eles se conheceram lá, no Japão, quando ela foi fazer intercâmbio e acabou ficando grávida.
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Dezessete dias para amar você
RomanceAs coisas não começaram bem para Madeleine e Alex, quando ela o golpeou na cabeça com uma garrafa de vidro após achar que ele estava dando em cima da irmã mais nova dela. Com a vida regrada e cheia de responsabilidades, Madeleine Morgan jamais se pe...