Capítulo 4

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Não era um dia como outro qualquer, o garoto sabia disso

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Não era um dia como outro qualquer, o garoto sabia disso. Tinha chovido a madrugada inteira e ele não conseguia dormir. Os raios iluminavam o quarto através das grades na janela e os trovões faziam menos barulho do que a angústia dos pensamentos que lhe gritavam. O dia de sua fuga chegara e ele se perguntava se daria certo ou não. "E se eu não conseguir?" "E se eles me matarem no processo?" "E se matarem ela, a única pessoa que está tentando me ajudar?" O garoto pensava.

As horas passaram, ele comeu, ele tentou dormir, ele leu o único livro que dispunha naquele quarto, até que a noite chegou, e assim como a mulher lhe dissera, os chacais vieram até ele com um remédio para que tomasse. Ele sempre fora obediente por isso não havia suspeita quando ele fingiu tomar, depois de um tempo ele fingiu dormir e logo em seguida ele fingiu que não estava com medo.

Seu corpo foi carregado até um veículo, o garoto podia sentir seu coração bater mais acelerado do que gostaria. Quando o carro já tinha se movido por um tempo longo, o jovem sentiu suas mãos atadas adormecerem. Demorou mais do que imaginara até que eles chegassem próximo a rodovia. Ele pode ouvir o barulho de trânsito ao longe, um som que ele não ouvia há muito tempo.

— Solta a mão dele um pouco, ele está numa posição horrível. — A mulher sentada no banco do carona disse aos dois homens que estavam escoltando o garoto. Enquanto um dirigia, o outro o segurava no banco de trás. O garoto estava acostumado a ficar parado por muito tempo, seu corpo tinha sido machucado muitas vezes dessa forma, ainda assim estava ficando difícil permanecer na mesma posição. Talvez a mulher tenha percebido o desconforto ou talvez realmente não tinha outro momento para por em prática o que eles combinaram.

— Anda, desamarra um pouco ele. Se vocês machucarem ele o mestre não vai gostar. — A mulher insistiu e foi ouvida.

Foi logo em seguida as suas mãos serem livres e o sangue preso conseguir circular que o sinal esperado veio. O carro parou em um sinal e ela gritou.

— Corre! Agora!— Seu corpo inerte entra em ação após o comando.

O garoto abre a porta e sai correndo na frente dos carros passando. Sem rumo certo ele apenas corre sem olhar para trás enquanto sons de tiro passam por si. Ele não vai voltar, nunca mais vai fazê-lo.

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